O jornal o Estado de São Paulo não se conforma com a liderança do ex-presidente Lula na disputa pela presidência da República
Editorial do jornal Estado de S. Paulo desta segunda-feira,
27, mostra que o jornal da família Mesquita não se conforma com o fato
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecer na liderança de
intenções de voto, mesmo com a intensa campanha midiática e judicial
contra ele.
O jornal cita pesquisa Ipsos Brasil, que ponta Lula com 31%
de boa avaliação, à frente da ex-senadora Marina Silva, que tem 28%.
"Desconcertante mesmo é saber que, depois de toda a
devastação que o lulopetismo causou na economia nacional, depois do
desastre moral que a tigrada impôs ao País – e é isso que a Lava Jato
tenta consertar –, o irredimível populista Luiz Inácio Lula da Silva
segue lampeiro no mesmo papel de vendedor de ilusões que tão generosos
frutos lhe rendeu. E promete que vai salvar o Brasil de novo. Será que
os brasileiros não aprendem a lição?", questiona o jornal que apoiou o
golpe parlamentar que alçou Michel Temer ao poder. (Com o 247)
Leia na íntegra o artigo do Estado de S. Paulo desta segunda-feria, 27:
Retrato do Brasil
Pesquisa recente da Ipsos Brasil revela informações
desconcertantes no que se refere à maneira como os brasileiros percebem a
imagem dos dirigentes do País. A avaliação de 20 personalidades
demonstra até que ponto o brasileiro está justa e positivamente
impressionado com o combate à corrupção simbolizado pela Operação Lava
Jato. As três figuras mais bem avaliadas são todas do Judiciário: o juiz
Sergio Moro, com 65% de aprovação, seguido pelo ex-ministro Joaquim
Barbosa – que há cinco anos presidiu o julgamento do mensalão e pouco
depois se aposentou –, com 48%, e a presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, com 33%. Em seguida surgem os dois
primeiros políticos: Lula da Silva, com 31%, e a ex-ministra Marina
Silva, fundadora da Rede, com 28%.
No polo oposto do levantamento surgem o deputado cassado
Eduardo Cunha, com 89% de rejeição, o senador Renan Calheiros, com 82%,
e o presidente da República, Michel Temer, com a imagem reprovada por
78% dos consultados. Logo em seguida compartilham o índice de 74% de
rejeição os dois protagonistas da eleição presidencial de 2014: Dilma
Rousseff e Aécio Neves.
Em resumo: os brasileiros aplaudem o Poder Judiciário e
repudiam tanto o Executivo quanto o Legislativo, que são os responsáveis
diretos pela governabilidade do País. Quanto ao Congresso, é verdade
que senadores e deputados se têm esmerado por palavras e atos em
desmerecer a confiança daqueles que deveriam representar. Mas os dois
terços dos brasileiros ouvidos pela pesquisa, em média, que estão
insatisfeitos com seus representantes políticos, deveriam também tentar
se lembrar em quem votaram nas últimas eleições e tratar de fazer
escolhas mais criteriosas da próxima vez que forem convocados às urnas.
Eduardo Cunha não caiu de paraquedas no Congresso Nacional.
Por outro lado, não faltam motivos para a insatisfação
e, mais do que isso, o indignado repúdio dos brasileiros aos governantes
que jogaram o País na profunda crise pela qual pagam hoje,
principalmente, os mais necessitados. Esses governantes, no entanto –
pelo menos, os mais importantes, como Dilma Rousseff – já foram
democraticamente apeados do poder. Há 11 meses o vice-presidente eleito
com Dilma em 2014, Michel Temer, líder daquele que era o maior partido
aliado dos petistas no governo, assumiu constitucionalmente a chefia do
governo, escalou uma equipe econômica reconhecidamente competente e tem
empenhado toda sua experiência e habilidade política na correta
prioridade de garantir no Congresso a aprovação das reformas necessárias
para tirar o Brasil do buraco. Os primeiros resultados positivos já
despontam no horizonte.
Como era perfeitamente previsível, a oposição petista já
se comporta como se o desgoverno que destruiu a economia e agravou as
dificuldades dos mais pobres tenha começado no dia em que Michel Temer,
ainda como interino, sentou na cadeira presidencial, em 12 de maio do
ano passado. Ou seja: o PT não tem nada a ver com isso. Mas o índice de
rejeição ao atual ocupante do Planalto chega perto do daquele que
viabilizou politicamente o impeachment de Dilma. Isso demonstra que a
significativa parcela de brasileiros que se somaram aos tradicionais
adversários do lulopetismo para cassar Dilma alinha-se hoje aos que
agitam a bandeira do “Fora Temer”. Esse é o dado desconcertante das
pesquisas.
É inegável que Temer não descolou sua imagem das velhas
raposas políticas do PMDB e legendas aliadas que são percebidas pela
maioria da população como inimigos naturais da Lava Jato. É natural,
portanto, que essa desconfiança se estenda a Temer, cuja prioridade,
como já foi dito e nunca é demais repetir, é manter a tropa governista
no Congresso alinhada com as reformas que, acima de tudo, deveriam ser a
prioridade de todos os que querem que o Brasil progrida.
Desconcertante mesmo é saber que, depois de toda a
devastação que o lulopetismo causou na economia nacional, depois do
desastre moral que a tigrada impôs ao País – e é isso que a Lava Jato
tenta consertar –, o irredimível populista Luiz Inácio Lula da Silva
segue lampeiro no mesmo papel de vendedor de ilusões que tão generosos
frutos lhe rendeu. E promete que vai salvar o Brasil de novo. Será que
os brasileiros não aprendem a lição?
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