Mesmo Lula estando na liderança das intenções votos, o Estadão diz que o PT lançar o ex-presidente ao Planalto é um insulto
Em editorial publicado
nesta quinta-feira, o jornal Estado de S. Paulo, trata a candidatura do
ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto como um "insulto".
Detalhe: Lula lidera todas as pesquisas porque em seu governo houve mais crescimento e inclusão social.
Novo insulto aos brasileiros
No momento em que as
enormes dificuldades e incertezas da conjuntura política, econômica e
social do País não encorajam previsões auspiciosas de um Feliz Ano Novo,
soa como escárnio a desfaçatez com que o Partido dos Trabalhadores vem a
público para confirmar a intenção de lançar a pré-candidatura de Lula à
Presidência da República “com um programa de reconstrução da economia
nacional”.
No momento em que as
enormes dificuldades e incertezas da conjuntura política, econômica e
social do País não encorajam previsões auspiciosas de um Feliz Ano Novo,
soa como escárnio a desfaçatez com que o Partido dos Trabalhadores vem a
público para confirmar a intenção de lançar a pré-candidatura de Lula à
Presidência da República “com um programa de reconstrução da economia
nacional”. Porque assim, afirma o presidente nacional do partido, Rui
Falcão, “ficará muito claro para a população qual o objetivo dessa
perseguição”, de que seu líder é “vítima”.
É um desafio estimulante
imaginar qual possa ser o “programa de recuperação da economia” a que se
refere o alto comissário petista. O País tem um governo em exercício há
menos de oito meses, encabeçado por Michel Temer, cuja prioridade tem
sido criar condições exatamente para resgatar dos escombros o que sobrou
da economia nacional, varrida pela “nova matriz econômica” que Dilma
Rousseff tirou da manga do colete. Talvez os petistas tenham em mente
agora uma “novíssima matriz econômica”, já que nem mesmo um surto de
insanidade poderia justificar a repetição de um erro pelo qual pagam
hoje, de modo muito especial, mais de 12 milhões de brasileiros
desempregados.
Em resumo: qual a
credibilidade do PT para propor qualquer coisa na área econômica depois
de ter praticamente destruído o mercado brasileiro com sua obstinação
pela concentração de poderes nas mãos de um governo que prometia
“distribuir” a riqueza mas acabou dizimando o que compartilhar? Pior: um
governo que liberou os cofres públicos a políticos e empresários
corruptos, todos eles beneficiários de uma promiscuidade que, a partir
do Palácio do Planalto, alastrou-se como nunca antes na história deste
país por todos os desvãos da administração federal direta e indireta.
O lançamento da
pré-candidatura presidencial de Lula, na verdade, é o derradeiro recurso
do PT para garantir a sobrevivência política de ambos: o partido e seu
líder maior. Do ponto de vista eleitoral, até onde a vista alcança
deverá prevalecer o veredicto selado nas urnas municipais de outubro,
que transformou o PT exatamente naquilo que sempre usou para
desqualificar as legendas concorrentes: um partido sem votos. A
pré-candidatura presidencial de Lula – cuja imagem, como sempre,
sobrepaira à de seu partido – serviria, pelo menos, para lembrar à
militância que o PT ainda existe.
Ocorre que é no mínimo
improvável que Lula consiga sobreviver ileso à Lava Jato. Foi-se o tempo
em que os figurões da República estavam fora do alcance da Justiça.
Hoje as cadeias estão abarrotadas de vereadores, prefeitos, deputados,
senadores, governadores, juízes, executivos, donos de grandes
corporações privadas e criminosos do colarinho branco das mais variadas
extrações, a maior parte lá colocados a partir do advento da Operação
Lava Jato.
Mas, de acordo com o que
deixou claro Rui Falcão, é necessário fazer uma distinção entre os
petistas e os demais investigados e condenados pela Lava Jato. Os
episódios de corrupção que envolvem correligionários de Lula, segundo
Falcão, “nós vamos avaliá-los a nosso próprio juízo, dado o processo de
parcialidade que tem na Justiça brasileira”. Quer dizer, quanto à
condenação de um Eduardo Cunha ou de um Sergio Cabral, ambos do PMDB,
nada a opor. Mas, quando se trata de petistas acusados, “temos
mecanismos internos, comissão de ética, uma corregedoria, para avaliar
comportamentos de filiados dentro de nossas regras, com direito de
defesa, contraditório, no devido processo legal do PT”. Ou seja, a
Justiça que vale, para os petistas, é a do PT. O que não é novidade,
pois já no julgamento do mensalão os dirigentes petistas condenados
foram imediatamente glorificados, pela direção partidária, com a honrosa
condição de “guerreiros do povo brasileiro”.
Em resumo, Lula e o PT continuam exatamente os mesmos. Haverá quem caia de novo nessa esparrela?
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