Por Cíntia Alves, no GGN
Nesta terça (30), o Senado retoma o julgamento final do impeachment de Dilma
Rousseff com 1h30 para que defesa e acusação façam suas ponderações antes que os
senadores comecem a debater o mérito do afastamento da presidente. A advogado
Janaina Paschoal, uma das autoras do impeachment, abriu a sessão alegando que
foi "Deus quem fez com que várias pessoas percebessem o que estava acontecendo
no país e tivesse coragem para se levantar e fazer algo a respeito."
Ignorada pela maioria do plenário, que mantém conversas paralelas desde o
início do discurso, Janaina acusou a defesa de Dilma de editar a verdade sobre o
processo. Ela disse que quando a defesa tentou anexar aos autos conteúdo da
operação Lava Jato, ela foi a primeira a concordar, citando delações de Nestor
Cerveró e Delcídio do Amaral que atingem em cheio o PT e o governo Dilma.
Para Janaina, seria conveniente até mesmo aguardar a delação de Marcelo
Odebrecht, "porque será uma flecha no peito da presidente". Ela não citou,
contudo, a delação de Sergio Machado nem o grampo em que o senador Romero Jucá
(PMDB) aparece dizendo que seria necessário trocar o presidente para estancar a
sangria da Lava Jato, num grande "acordo nacional" que contaria até mesmo com a
anuência de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Em seguida, Janaina passou a dedicar seu tempo a falar de Lei de
Responsabilidade Fiscal e atacar o "modo PT de ser, de enganar o povo, não pedir
desculpas e negar a realidade". Para ela, "não basta ganhar [na votação do
impeachment], o povo tem que estar com o coração tranquilo porque isso era
necessário", afirmou, tentando derrubar a tese de que o processo de Dilma é um
golpe.
Janaina também usou a tribuna para dizer que Dilma maquiou as contas e que
isso foi feito de maneira dolosa, logo, a presidente não pode ser chamada de
"honesta". Ela também acusou Dilma de estelionato eleitoral, e negou que tenha
sido paga pelo PSDB para redigir o pedido de impeachment.
"Quero sair daqui e voltar para a tranquilidade do anonimato. Não quero
precisar tomar medida como esta novamente. Mas se for necessário, eu tomo. Conto
com vossas excelências para garantirmos um Brasil melhor e mais translúcido",
disse aos senadores.
Ao final, ela pediu desculpas à presidente Dilma pela "dor causada". "(...)
Mesmo estando certa, peço desculpas para a presidente, mas não pelo que tenho
feito, mas porque sei que o que ela está vivendo não é fácil. Sei que lhe causei
sofrimento. Espero que ela um dia entenda que eu fiz isso também pensando nos
netos dela", encerrou, aos prantos.
Ao longo do discurso, Janaina foi chamada de "golpista" pelo senador José
Guimarães (PT), contrário ao impeachment. Líder do governo Temer, Aloysio Nunes
(PSDB) assumiu a tribuna para dizer que "golpe foi o que fizeram na Petrobras" e
pedir que os senadores que continuarem a chamar o impeachment de golpe sejam
retirados do plenário pela polícia legislativa.
Janaina será seguida do advogado Miguel Reale Junior, outro autor do
impeachment. A defesa de Dilma também terá 1h30 para as alegações finais e será
exercida pelo advogado José Eduardo Cardozo.
A expectativa do presidente Ricardo Lewandowski é que a sessão atravessará a
madrugada com discursos dos senadores - cada um terá 10 minutos para isso, e
mais de 60 já se inscreveram - restando iniciar a votação final na manhã de
quarta (31).
Estão tentando a todo custo ocultar a delação de Machado, não autorizaram o uso dos áudios por Dilma, a advogada não citou, estão fingindo que o assunto morreu. A Lava jato não pode ser desqualificada e não pode parar! Queremos todos os ladrões na cadeia!!
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