O ministro das Relações Exteriores, José Serra, concedeu nesta quarta-feira (29)
dois passaportes diplomáticos ao pastor R. R. Soares e a sua mulher, Maria
Magdalena Ribeiro Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus.
De acordo com a portaria publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da
União, a solicitação foi feita em nome da igreja no dia 16 de junho deste ano.
Cada passaporte diplomático tem validade de três anos.
O documento é "concedido a diplomatas ou a cidadãos brasileiros que, de
alguma forma, desempenhem funções de representação do país", afirma o
governo.
Em janeiro de 2013, o Ministério das Relações Exteriores, sob o comando de
Antonio Patriota, já havia concedido os passaportes especiais para o casal “em
caráter de excepcionalidade”. Questionado pela reportagem sobre o motivo da nova
concessão, o ministério disse que "responderá com a maior brevidade
possível".
Suspeito
Com menos de uma semana no cargo em maio deste ano, Serra concedeu o mesmo
benefício para o pastor Samuel Ferreira e a mulher, Keila, também pastora, da
Assembleia de Deus. Ferreira é investigado na Lava Jato suspeito de lavar
dinheiro de propina para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por meio da igreja em
Campinas.
Apesar da repercussão negativa do caso, a Justiça de São Paulo negou o pedido
liminar para a suspensão dos passaportes diplomáticos de ambos. Foi a primeira
vez, desde o começo da Lava Jato, que um investigado sem prerrogativa de foro
recebe o benefício dado a autoridades.
Pastores
Não é a primeira vez que o governo federal concede o benefício a líderes
religiosos. Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, o líder da Igreja Mundial
do Poder de Deus, Valdemiro Santiago de Oliveira, e a mulher dele, Franciléia de
Castro Gomes de Oliveira também receberam o benefício.
Outros líderes de igrejas também já receberam o documento --que dá direito ao
uso de uma fila especial nos aeroportos, mas não dá imunidade diplomática.
Segundo o Itamaraty, a política de conceder os passaportes a líderes
evangélicos busca dar igualdade de tratamento às diferentes religiões, já que
líderes católicos recebem o documento também.
Tradicionalmente o ministério concede o passaporte a líderes religiosos. A
atual gestão, contudo, já informou que pretende reavaliar as políticas de
concessão de passaportes diplomáticos. (Com o Diário do Poder)
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