O publicitário Luiz Gonzalez, responsável por campanhas do PSDB, entre elas as presidenciais de 2006 e 2010, avalia que a baixa aprovação da petista criou o ambiente para que a oposição avançasse com o movimento pelo impeachment.
“Quem é que vai contra um presidente popular? Vamos colocar em perspectiva. O PSDB não foi para cima de Lula em 2005, no auge do mensalão. Por que não foi? Você não viu nenhum pedido de impeachment, nenhuma afronta do Parlamento”, disse Gonzalez, lembrando o pior momento do governo do ex-presidente, quando sua aprovação caiu para 35%.
Mesmo após a crise, o petista conseguiu se reeleger no ano seguinte e, com 83% de popularidade, em 2010 elegeu Dilma como sua sucessora no cargo.
Gonzalez diz acreditar que o impeachment deve ganhar corpo assim que a oposição e o PMDB, do vice Michel Temer, entrarem em acordo. Ele, porém, é contra a medida, que tem sido fomentada pelo PSDB, partido que ajudou a eleger por mais de duas décadas.
O marqueteiro classifica o impeachment como iniciativa “oportunista” e “papel feio”, e diz que alguns personagens do movimento não têm “estatura moral” para depor a presidente.
“Dilma pode estar muito mal, pode ter errado tudo e mais um pouco, não discuto isso. Mas ela foi eleita, está certo? Seu problema é que a economia está dando errado. E por culpa dela. Mas isso não autoriza tirar uma pessoa democraticamente eleita. Votem melhor da próxima vez”, opina Gonzalez.
Segundo o publicitário, Dilma chegou a esse piso de popularidade por causa, sobretudo, da economia. Ele conta que, nas eleições de 2006 e 2010, nas pesquisas qualitativas do PSDB, nenhuma acusação contra Lula e o PT surtia efeito nos eleitores.
“O pessoal dizia: todos os políticos são ladrões. Pelo menos o Lula está dividindo com a gente, comprei meu carro, minha geladeira, como carne três vezes por semana”, diz ele, apontando que ” mais que o aumento do PIB (Produto Interno Bruto), houve uma expansão do consumo”.
A situação de Dilma é inversa: “O consumo das famílias está caindo, o desemprego está aumentando. Portanto, já não se perdoam os erros que os governantes fazem. A má vontade está se espalhando”, diz Gonzalez.
Outro ponto destacado pelo marqueteiro foi a campanha eleitoral. Para Gonzalez, “a campanha da Dilma exagerou nas mentiras. Deram uns dribles dentro da área que não precisavam ter dado. Deram umas pedaladas no marketing”.
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