Pular para o conteúdo principal

Em evento do PC do B, a presidente Dilma afirma que seu governo tem agenda popular

Dias após o governo anunciar o maior corte de gastos orçamentários da história do País e liquidar a aprovação no Congresso de medidas do ajuste fiscal, Dilma Rousseff improvisou uma viagem a São Paulo na sexta­-feira 29 para participar da X Conferência Nacional do PCdoB, ocasião em que tentou dar alguns sinais de que nem tudo é ortodoxia em Brasília.
À plateia de militantes e dirigentes comunistas, a presidenta criticou a ofensiva conservadora em curso no País e o financiamento empresarial de campanhas, defendeu o ajuste fiscal de seu governo como sendo de um padrão diferente da era FHC, aplaudiu ataques à Lei da Terceirização desferidos ali na Conferência.
“Posso garantir que a agenda do meu governo é popular, inclusiva, e tenho discutido o ajuste fiscal de forma equilibrada, com justiça”, afirmou Dilma, cuja presença no evento foi decidida por ela na própria sexta­-feira 29. “Estamos tentando colocar a economia na rota do crescimento e é melhor que façamos logo porque a demora atua contra a população e contra o povo”.
Horas antes da Conferência, soube­-se que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,2% no primeiro trimestre. O garrote na economia já começa a fazer estragos no mercado de trabalho, um dos pilares de sustentação política dos governos petistas. De janeiro a abril, a taxa de desemprego subiu de 4,3% para 6,4%, enquanto os salários estagnaram.
O golpe desferido pela mandatária no conservadorismo foi motivado pela proposta de redução da maioridade penal, um dos projetos do coração do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). “Penalize o adulto, mas resolver a questão da violência do menor com internações, com prisões, não resolve”, segundo Dilma.
Em entrevista publicada pelo portal IG neste sábado 30, o presidente da comissão especial da Câmara que examina a proposta, deputado André Moura (PSC­SE), disse: Segundo ele, fidelíssimo a Cunha, a discussão não será para reduzir a maioridade a 16 anos, mas “para 14 anos ou 12”.
O financiamento empresarial de campanhas é outra menina dos olhos de Cunha que Dilma condenou no evento do PCdoB. Para ela, o País precisa de uma reforma política que fortaleça os partidos e acabe com o patrocínio empresarial de campanhas. “Temo que isso esteja sendo postergado. Temo que tenhamos extrema dificuldade de aprovar isso”, disse a presidenta.
Mais do que difícil. A Câmara está fazendo o oposto, ao aprovar a inclusão deste tipo de doações na Constituição, como aconteceu em votação na quarta­feira 28. Apesar de o ex­-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, um dos réus­-delatores da Operação Lava Jato, ter explicado com clareza, dias antes, perante a CPI da Petrobras criada na Câmara, por que razão as empresas fazem doações eleitorais. “Precisamos passar o Brasil a limpo e acabar com essa hipocrisia de que as empresas vão doar valores e que não vão cobrá­los lá na frente”, disse Costa. “Não existe almoço grátis.”
No discurso, Dilma mais uma vez argumentou ter sido obrigada a fazer o ajuste fiscal em curso por causa do esgotamento do arsenal de estímulos econômicos usados em seu primeiro mandato.
Depois de adotar um receituário “anticíclico”, com desonerações de impostos e forte atuação dos bancos públicos, seria hora de recompor a capacidade financeira do Estado brasileiro. “Desde a eclosão da crise [de 2008], adotamos uma estratégia de fortalecer as políticas sociais, ampliamos crédito subsidiado, BNDES concedeu financiamentos e autorizamos investimentos para estados e municípios em montantes nunca antes feitos na história deste país, plagiando o presidente Lula, para preservar a renda e os empregos”, disse Dilma. Agora, segundo ele, é hora de buscar o “reequilíbrio fiscal”.
Dilma defendeu ainda a rápida aprovação, pelo Congresso, de um item importante do ajuste fiscal: o projeto de lei que ressuscita o modelo histórico de contribuição patronal à Previdência com base na folha de pagamento das empresas. Tal modelo foi trocado por outro, com base no faturamento das firmas, ao longo do primeiro mandato da presidenta. A mudança custou 25 bilhões de reais aos cofres públicos por ano. A proposta apresentada este ano reduzirá pela metade esta perda de arrecadação, ou seja, o governo voltará a arrecadar por ano uns 12 bilhões a mais.
Para Dilma, a aprovação deste projeto é “crucial”. O texto anda, porém, com vagareza na Câmara dos Deputados. Obra do relator e líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), discípulo de Eduardo Cunha na arte de defender patrões.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete. Com boa dose de ironia, o humo

A atriz Marieta Severo rebate Fausto Silva no programa do apresentador sobre a situação do Brasil

O próximo empregado da Globo a sofrer ameaça de morte, depois de Jô Soares, será Marieta Severo. Pode anotar. Marieta foi ao programa do Faustão, uma das maiores excrescências da televisão mundial desde a era peleozóica. Fausto Silva estava fazendo mais uma daquelas homenagens picaretas que servem, na verdade, para promover um programa da emissora. Os artistas vão até lá por obrigação contratual, não porque gostem, embora todos sorriam obsequiosamente. O apresentador insiste que são “grandes figuras humanas”. Ele se tornou uma espécie de papagaio do que lê e vê em revistas e telejornais, tecendo comentários sem noção sobre política. Em geral, dá liga quando está com uma descerebrada como, digamos, Suzana Vieira ou um genérico de Toni Ramos. Quando aparece alguém um pouco mais inteligente, porém, ele se complica. Faustão anda tão enlouquecido em sua cavalgada que não lembrou, talvez, de quem se tratava. Começou com uma conversa mole sobre o Brasil ser “o país da desesper