O ex-senador Demóstenes Torres afirma que o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, foi financiado por esquema criminoso
O procurador de Justiça e ex-senador cassado Demóstenes Torres acusa o líder do
DEM no Senado, Ronaldo Caiado, de ter sido financiado pelo contraventor Carlos
Cachoeira nas campanhas que disputou à Câmara Federal nos anos de 2002, 2006 e
2010. Segundo Demóstenes, as digitais da contravenção seriam facilmente
identificadas com uma investigação nas contas de material gráfico, transporte
aéreo e gastos com pessoal. As afirmações estão contidas em artigo publicado na
edição desta terça-feira (31) do jornal Diário da Manhã, de Goiânia.
Demóstenes diz que Caiado era amigo de Cachoeira e médico do filho do
contraventor, que recorre em liberdade de uma condenação de primeira instância a
mais de 39 anos de prisão pela Operação Monte Carlo, deflagrada em 2012 e que
resultou na cassação de Demóstenes e na CPI do Cachoeira, que não teve
resultados concretos. "Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos
Cachoeira, era , inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que
se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de
pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as
impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro.
Demóstenes cita ainda um suposto "esquema goiano" que teria financiado a
campanha do presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), e
outros integrantes da chapa, que elegeu ao governo potiguar a então senadora
Rosalba Ciarlini. "Caiado não ousou me defender, me traiu, mas, em relação a
Agripino Maia, figura pouquíssimo republicana, disse que ele merece o benefício
da dúvida. Poucos sabem, mas o político potiguar e seus companheiros de chapa em
2010 foram beneficiados pelo "esquema goiano", com intermediação de Ronaldo
Caiado.
O senador cassado diz ainda que Caiado intercedeu em favor do delegado
aposentado da Polícia Civil de Goiás, suposto operador de jogos ilegais, para
que Cachoeira abrisse espaço para a ampliação de suas operações ilegais:
"Ronaldo Caiado é chefe de um dos mais nocivos vagabundos de Goiás, o delegado
de polícia civil aposentado Eurípedes Barsanulfo, que era o melhor amigo de
Deuselino Valadares, o delegado de polícia federal que fez um 'relato', segundo
Carta Capital, onde me acusava de ser beneficiário do jogo do bicho. Esse relato
jamais apareceu oficialmente, mas serviu para que o PSOL dele se utilizasse para
representar-me perante o Conselho de Ética do Senado. No final do ano passado, o
jornal Diário da Manhã, de Goiânia , publicou uma matéria assinada em que acusa
o dito delegado de ter forjado o documento a mando de um seu chefe político.
Quem era ele? Ronaldo Caiado, todos sabem. Aliás, Eurípedes Barsanulfo, este
sim, era prócer das máquinas caça-níqueis em Goiás. Ronaldo uma vez, inclusive,
me pediu para interferir junto a Carlos Cachoeira para ampliar a atividade de
Eurípedes no jogo ilícito."
Demóstenes faz críticas severas ao comportamento do ex-aliado, que
qualificou-o como "grande decepção" à Coluna Radar, de Veja, o que terias
motivado a reação: Ronaldo é um mitômano e tem um comportamento dúbio, às vezes
tíbio, às vezes dissimulado. Na tribuna oscila. É sintomático o caso Garotinho.
Ronaldo o acusa de formação de quadrilha, é o que está unicamente nas redes
sociais; Garotinho o acusa de ser traíra por ter me abandonado; Caiado volta à
tribuna e pede arreglo à Garotinho. Os dois últimos vídeos desapareceram das
redes sociais."
E ainda mandou uma advertência: "Me deixe em paz, senador. Continue
despontando para o anonimato. É o seu destino. Não me move mais interesses
políticos. Considero vermes iguais a você Marconi Perillo e Iris Rezende. Toque
sua vida, se fizer troça comigo novamente não o pouparei. Continue fingindo que
é inocente e lembre-se que não está na sarjeta porque eu não tenho vocação para
delator" (Com o 247)
Laia a íntegra do artigo.
Ronaldo Caiado: uma voz à procura de um cérebro
Fiz uma opção íntima, à partir das turbulências que enfrentei , de
permanecer em silêncio até que a justiça desse o veredito final e me aclamasse
inocente, como de fato sou. Já obtive duas liminares no STF e uma no STJ,
suspendendo os processos contra mim, porque, na verdade, fui vítima de um grande
complô, que , ao final, será desnudado. Jamais desejei vir a público expor meu
enredo antes que houvesse uma decisão definitiva sobre a licitude da prova
contra mim forjada e mesmo sobre o conteúdo desta ,ou seja, não me recuso a
enfrentar o mérito das escutas, ainda que elas sejam ilegais.
Sofri toda espécie de acusação, pilhagem intelectual e moral, deserções e
contrafações, a tudo resisti porque as esvaziarei.
Mais que as decisões de instâncias superiores, há várias verdades
iniludíveis. Jamais fui acusado de desviar qualquer centavo público: ninguém diz
que roubei valores de estradas, pontes, hospitais, escolas... Nada.
Uma perícia realizada pelo próprio Ministério Público, e jamais
oficialmente divulgada, assevera que eu poderia ter um patrimônio 11 por cento
maior do que possuo; prova de que não há enriquecimento ilícito, que o
apartamento que financiei junto ao Banco do Brasil teve todas as parcelas pagas
em débito de conta corrente, cujo único abastecimento é o salário que percebo e
com mais 27 anos de prestações restantes. A insinuação de que tinha conta
corrente no exterior sucumbiu, nada sequer passou perto de ser comprovado e nas
garras da imprensa continuo, vez por outra, sendo arranhado. Aliás, todos os
membros do Ministério Público que me molestam têm um padrão de vida superior ao
meu e muitos com gostos idênticos. Não os acuso de nada, mas por que então o que
eles possuem é legal e o que eu tenho não?
A acusação que pesava contra mim era ser amigo de Carlos Cachoeira. Era
não, sou. Não vivo como Lula e José Dirceu, nem como um monte de hipócritas. Não
devo e não temo.
Clamei da tribuna, que me investigassem, que me dessem o direito de
defesa e do contraditório, tudo em vão. Em um processo sumário fui execrado e
humilhado, o que não acontece com os parlamentares envolvidos na operação
lavajato , que contribuíram para o desvio de bilhões de dólares dos cofres da
Petrobras. O PT e os governistas me enxovalharam no intuito de melar o
julgamento do mensalão. O PSDB resolveu salvar Marconi Perillo, que gastou uma
fortuna dos cofres públicos para custear sua absolvição. Os "éticos" do Senado
viram uma oportunidade para se livrarem de quem os retirava do noticiário
cotidiano nacional. O Judas Ronaldo Caiado reinventou a tese de que não existem
traições de pessoas e sim de princípios e que para isso estava autorizado a
qualquer coisa com algum alcance moral, inclusive trair, à semelhança de Hitler,
Mussolini, Stalin e tantos outros degenerados. Viu aí uma oportunidade para
soerguer-se politicamente. Bastava afundar-me no buraco e, prazenteiramente, o
fez.
Hoje, lamentavelmente, saio do ostracismo a que me tinha recolhido para
enfrentar declarações dadas ao "painel" da revista Veja, em que o senador por
Goiás, Ronaldo Caiado, afirma que sou uma grande decepção em sua vida e um
traidor.
Confesso que surpreendi-me. Ronaldo fez uma campanha em que aproveitou
meu número, 251, e o meu slogan "defender Goiás". Jamais fez qualquer
pronunciamento sobre mim, mesmo na presença de correligionários seus que às
vezes me atacavam entendendo que isso granjearia votos junto à claque.
Nesse período, mandou vários recados na tentativa de "tranquilizar-me",
sem obter resposta e num dia, quando não era ainda candidato, encontrou-me num
estabelecimento comercial chamado "Jerivá", quando eu saía do banheiro, e tentou
conversar comigo, bem risonho, o que mereceu uma esquiva de minha
parte.
Ronaldo é um mitômano e tem um comportamento dúbio, às vezes tíbio, às
vezes dissimulado. Na tribuna oscila. É sintomático o caso Garotinho. Ronaldo o
acusa de formação de quadrilha, é o que está unicamente nas redes sociais;
Garotinho o acusa de ser traíra por ter me abandonado; Caiado volta à tribuna e
pede arreglo à Garotinho. Os dois últimos vídeos desapareceram das redes
sociais.
Mas, enfim, Caiado se passava como uma espécie de irmão mais velho pra
mim, falava da afinidade de nossas teses, que era um conservador não
beligerante, pra isso não poupando sequer seus antepassados, e que desejava um
futuro liberal para o Brasil.
Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era ,
inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo
Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal,
notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as
impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro.
Caiado não ousou me defender, me traiu, mas, em relação a Agripino Maia,
figura pouquíssimo republicana, disse que ele merece o benefício da dúvida.
Poucos sabem, mas o político potiguar e seus companheiros de chapa em 2010 foram
beneficiados pelo "esquema goiano", com intermediação de Ronaldo
Caiado.
Ronaldo Caiado é chefe de um dos mais nocivos vagabundos de Goiás, o
delegado de polícia civil aposentado, Eurípedes Barsanulfo, que era o melhor
amigo de Deuselino Valadares, o delegado de polícia federal que fez um "relato",
segundo "Carta Capital", onde me acusava de ser beneficiário do jogo do bicho.
Esse relato jamais apareceu oficialmente, mas serviu para que o PSOL dele se
utilizasse para representar-me perante o conselho de ética do Senado. No final
do ano passado, o jornal Diário da Manhã de Goiânia , publicou uma matéria
assinada em que acusa o dito delegado de ter forjado o documento a mando de um
seu chefe político. Quem era ele? Ronaldo Caiado, todos sabem. Aliás, Eurípedes
Barsanulfo, este sim, era prócer das máquinas caça-níqueis em Goiás. Ronaldo uma
vez, inclusive, me pediu para interferir junto a Carlos Cachoeira para ampliar a
atividade de Eurípedes no jogo ilícito. Simplesmente, disse a ele, como era
verdade, que desconhecia a prática de ilicitudes por parte de
Cachoeira.
Ronaldo Caiado é um oportunista. Muitos que vivem fora de Goiás devem
imaginar que ele é um coerente, uma figura emergida dos anseios das ruas, um
puritano. Qual o quê! Na atividade política é um profissional de lupanar. Dois
fatos podem elucidar seu caráter de Fouché. No primeiro, em 2006, Caiado me
incentivou a ser candidato a governador. Quando minha candidatura fez água,
ainda em agosto, ele pode ser visto acompanhando tanto o candidato Maguito
,quanto o outro, Alcides. No pior declínio moral, chegou a ser filmado no
palanque da candidata Vanusa Valadares, mulher do hoje prefeito Eronildo
Valadares em Porangatu. Portanto, quadrúpede que é, tinha suas patas,
simultaneamente, em 3 canoas.
Ano passado sua degradação se expandiu. Ronaldo Caiado ,no afã de ser
candidato a Senador ao lado de Marconi Perillo, foi atrás de Aécio Neves e
Agripino Maia(este dependente financeiro de Perillo) para que eles compusessem a
chapa com coerência nacional, apesar de todo histórico de desavenças com o
carcamano. Um pouco mais vexatório, mandou a própria esposa num evento na cidade
de Americano do Brasil, onde a apedeuta, além de usar a palavra, pregou o voto
em Perillo, alegando que ele era um grande estadista e que esperava sua
reeleição para o bem de Goiás. Relembre-se: quem teve negócios com Cachoeira foi
Perillo, eu não.
Resumo da ópera: o tenor recusou os apelos da mezzosoprano e mandou o
barítono procurar rumo. Ronaldo acabou nos braços de Iris Rezende a quem tinha
acusado ,toda a vida, de ser um corrupto diante do qual os demais se afigurariam
"trombadinhas".
Nessa sua linha vesga de assinalar uma coisa e fazer outra, Ronaldo
Caiado deseja a extinção do DEM a fim de se filiar ao PMDB de Íris Rezende por
um motivo muito simples: ambiciona estar em uma agremiação que lhe dê estrutura
para disputar o governo de Goiás. Na fusão do DEM com o PTB irá para o PMDB,
possibilidade constitucionalmente aceita de adesão partidária. Irá,
oficialmente, se opor. Parecerá até o fim um coerente, um habanero puro. Seguirá
as ordens de seu chefe político ACM Neto, que financiou sua última campanha em
Goiás e que lhe assegurou, caso perdesse a eleição, o confortável posto de
secretário de saúde em Salvador, em cuja região Caiado costuma passar suas
férias às expensas da empresa OAS.
Quem pensa que Ronaldo Caiado é espontâneo se engana. Tudo é
meticulosamente calculado. Por que ele não veio para as ruas de Goiânia na
passeata e preferiu São Paulo? Porque em Goiânia seria vaiado. E por que São
Paulo? Porque era mais fácil de mentir. O desafio a mostrar uma filmagem dele no
meio dos manifestantes na avenida Paulista em São Paulo. Só aparecem coisas
periféricas. Tirou uma fotografia com uma camiseta fascista - não porque Lula
não mereça vaias, as merece mais que os demais- e deu motivos para uma gritaria
justa em favor de um injusto. Como é do seu caráter, estava simulando caminhar
na passeata. Nesse aspecto , se assemelha ao Deputado Federal goiano Giuseppe
Vecci que participou da passeata em Goiânia por ser um ilustre desconhecido,
apesar de eleito. Ironia: Vecci desfilou porque é uma nulidade da sombra, Caiado
se absteve por ser uma do sol. Parece que o tesoureiro-mor,Jaime Rincon, chefe
da agência goiana de obras públicas, também fez evoluções pela
passarela.
Ronaldo Caiado foi um dos relatores da reforma política na Câmara dos
Deputados, sempre alegou que sua motivação era a coerência política, que a
prática demonstrou não ser o seu forte. Ele diz que gostaria de ter um embate
com Lula na eleição pra presidente da república. Eu acho que seria ótimo, os
dois se equivalem moralmente. Um já foi desmascarado , o outro poderá sê-lo
amanhã.
Um dia, no meu escritório político no setor sul, em Goiânia, houve um
telefonema entre Ronaldo Caiado e o hoje conselheiro do Tribunal de contas dos
municípios de Goiás, Tião Caroço. Este trazia uma notícia que transtornou o
Senador, que disse então aos berros: "avisa ao Marconi que eu vou resolver com
ele da forma que ele quiser, no braço, na faca, no revólver". Esse episódio se
tornou público e gerou os maiores desgastes para o fanfarrão, que pra minha
surpresa repeliu tudo. Um dia, me contando a história, negou que havia falado
isso, se esquecendo que eu era a testemunha ocular.
Pois agora, Ronaldo Caiado, quero ver se você é homem mesmo. Nos mesmos
termos que você mandou oferecer ao frouxo Marconi Perillo, eu me exponho.
Me lembro da veneração ,que quando criança, meu pai tinha pelo grande
Emival Caiado e pelo seu pai o advogado Edenval Caiado, que se envergonharia de
ver que um filho seu foge à luta.
Você diz em seus discursos que Caiado não rouba, não mente e não trai.
Você rouba, mente e trai.
Talvez o meu silêncio tenha sido entendido por você como um sinônimo de
covardia, de pusilanimidade. Essas palavras não existem no meu dicionário. Não
posso dizer que você seja um mau-caráter, pois você simplesmente não o possui. É
, na verdade, um espécie de Zelig oportunista e bravateiro.
Você deveria ir pra Brasília em seu cavalo branco, estacioná-lo na
chapelaria do Senado e subir à tribuna para fazer o que já faz: relinchar,
relinchar.
Me deixe em paz Senador. Continue despontando para o anonimato. É o seu
destino. Não me move mais interesses políticos. Considero vermes iguais a você
Marconi Perillo e Íris Rezende. Toque sua vida, se fizer troça comigo novamente
não o pouparei. Continue fingindo que é inocente e lembre-se que não está na
sarjeta porque eu não tenho vocação para delator. Tome suas medidas prudenciais
e faça-se de morto.
Ano passado deu-se o centenário do nascimento de Carlos Lacerda e uma
horda de hipossuficientes passou a rotular a qualquer um de lacerdista, que para
eles é apenas alguém estridente e barulhento. Ronaldo Caiado diz que se inspira
em Lacerda.Mentira, Lacerda foi tradutor de Shakespeare, foi o primeiro
brasileiro a romancear um quilombola, falava e escrevia como um clássico.
Demoliu presidentes e adversários. Eleito governador foi sem sombra de dúvidas o
melhor gestor da Guanabara. Ronaldo Caiado jamais conseguiu terminar de ler um
livro. Por sua formação francesa, o mais perto que chegou do fim foi" o menino
do dedo verde" , mas o achou muito "profundo". Ronaldo Caiado é só uma voz à
procura de um cérebro.
Demóstenes Torres é ex-senador e procurador de
Justiça
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