Os tucanos tem urgência em recontar os votos porque, se tudo der certo, eles só terão chances daqui a 12 anos
Por que será que, de repente, depois de o próprio candidato derrotado Aécio
Neves (PSDB-MG) ter aceito o resultado das urnas, pregado união e desejado boa
sorte à presidente reeleita Dilma Rousseff, seu partido partiu para o mais
escancarado golpismo, colocando em xeque o sistema eleitoral brasileiro, que é
reconhecido no mundo inteiro?
A resposta parece ser 2026. Sim, antes disso,
parecem remotas as possibilidades de que o PSDB, ou a centro-direita, retorne ao
poder no Brasil. Eis os motivos:
1) Dilma fará um bom governo e já emitiu
sinais nessa direção. Ao elevar a taxa de juros para enfrentar a inflação e
buscar um nome de mercado para o Ministério da Fazenda, ela busca aplacar as
críticas que sofre do setor empresarial – especialmente do mundo financeiro. Se
o Brasil voltar a ser a "bola da vez", como foi no segundo governo Lula, e como
já preveem consultorias internacionais, seus níveis de popularidade retornarão
às alturas.
2) Numa decisão inteligente, o presidente do
Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, já designou o candidato do PT em 2018.
Ele próprio: Luiz Inácio Lula da Silva, chamado por Barack Obama de "o cara".
Alguém em sã consciência duvida que a primeira pesquisa eleitoral sobre 2018
apontará Lula como o favorito, disparado, para suceder Dilma? Esse movimento,
além de reduzir as perspectivas de poder da oposição, contribui também para
cortar pela raiz a possibilidade de "fogo amigo" dentro do PT.
3) Se Lula vier a ser eleito, aos 72 anos,
para governar o Brasil em 2018, ele fará de tudo para preservar sua saúde e
buscar um quarto mandato em 2022. O motivo é o bicentenário da Independência. E
estar à frente do País, neste momento, que marcaria a emancipação definitiva dos
brasileiros, é o maior sonho de Lula.
Ou seja: se tudo isso der certo, o PSDB, ou
centro-direita brasileira, poderão sonhar com a volta ao poder em 2026 – ano em
que, segundo estudos de consultorias norte-americanas, não haverá mais jornais
impressos. E golpistas atuais já estarão aposentados. Daí a urgência em recontar
as urnas de 2014. (Do 247)