"Um ato truculento, digno da vítima tomar providências". Assim o deputado
federal Paulo Teixeira (PT/SP) classificou a atitude do empresário Alexandre
Accioly, que acusou uma mulher de distribuir material apócrifo contra o
candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, e ainda chamou a Polícia Militar
para encaminhar a cidadã para a delegacia mais próxima. O episódio aconteceu no
dia 23 de outubro, vésperas da eleição presidencial, e o "barraco" foi parar na
14a. Delegacia Policial (Leblon), que não pode fazer o registro, pelas acusações
do empresário se tratar de suposto crime eleitoral, investigado na esfera da
Justiça Eleitoral.
O deputado considerou que a forma com que Accioly tratou a mulher que estava
distribuindo os jornais foi "constrangedora". Teixeira salientou que o partido
da oposição, o PSDB, fez uso de muitos recursos na tentativa de prejudicar a
reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). "Esse foi apenas mais um fato dos
muitos graves praticados por ele [oposição]", destacou o deputado.
"Mas o povo não caiu nessas histórias e deu a vitória para Dilma Rousseff.
Uma vitória consolidada antes mesmo da eleição", disse Teixeira, lamentando
todos os fatos hostis contra o PT. O presidente da Comissão de Direitos
Eleitorais da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ), Paulo
Cesar Salomão, avalia que o fato aconteceu dias antes da eleição e não pode ser
considerado boca de urna. "Nesse período que aconteceu as acusações do
empresário, a propaganda ainda podia ser realizada", esclareceu o jurista.
Alexandre Accioly, que é amigo pessoal e padrinho dos filhos do candidato
derrotado Aécio Neves, viu algumas pessoas distribuindo um jornal com o título
"Aécio é inimigo do Rio", e acusou o grupo de pertencer à CUT. O empresário
chegou a filmar usando o seu celular a mulher que entregava o folhetim aos
pedestres que passavam por uma praça na Zona Sul do Rio de Janeiro. No áudio da
gravação, que o empresário divulgou nas redes sociais, ele pergunta para a
mulher quem havia pago para ela fazer aquele serviço. Não satisfeito com as
acusações, o empresário chamou a Polícia Militar para conduzir a mulher a uma
delegacia, alegando que o conteúdo dos jornais era apócrifo.
Na 14a.DP, o delegado que estava de plantão, Bruno Oliveira Reis, explicou
para o empresário e aos advogados que o acompanhavam, identificados como sendo
da defesa do PSDB, que o registro não poderia ser concretizado, já que se
tratava de suposto crime eleitoral e devia ser tratado apenas na esfera dos
órgãos federais.
Nesta quarta-feira (29), a delegada titular da 14a.DP, Monique Vidal,
reforçou que a ocorrência não foi realizada por se tratar de uma denúncia de
crime eleitoral, ou seja, fora da atribuição da Polícia Civil. "O empresário foi
devidamente informado pela nossa equipe que a sua denúncia compete à esfera
federal e não pode ser recebida por uma delegacia, por questões administrativas.
Depois disso ele saiu daqui dizendo, inclusive, que foi bem recebido e agradeceu
as orientações", afirmou a delegada.
Empresário pode ser penalizado
Além de não conseguir fazer o registro de ocorrência, Accioly ainda foi
multado pelo Policial Militar que ele mesmo chamou para conduzir a mulher para a
delegacia. Segundo o delegado Reis, o PM resolveu multar o empresário porque ele
parou a sua moto em cima de uma calçada e também estava sem a carteira de
habilitação.
Apesar das ameaças do partido tucano e do empresário de prosseguir com as
denúncias nas vias jurídicas, o Tribunal Regional Federal e os Ministérios
Públicos Estadual e Federal, negaram ter recebido qualquer demanda da equipe do
PSDB com relação a esse caso.