Pular para o conteúdo principal

Manifestação pacífica e silenciosa contra a violência policial





Caminhada silenciosa em Copacabana em protesto pelo direito à livre manifestação e contra a violação de direitos humanos nas favelas (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Em ato pacífico, manifestantes caminharam pela Avenida Atlântica, do Posto 5 até a Fan FestFernando Frazão/Agência Brasil

Um grupo de manifestantes seguiu pela Avenida Atlântica, em Copacabana, do Posto 5 até a Fan Fest, em uma marcha silenciosa marcada apenas por dois bumbos, na tarde de ontem (29). Muitos usavam mordaça e vestiam camisetas amarelas com o número -1 e o nome de vítimas do Estado nas favelas – como o pedreiro Amarildo, Cláudia (arrastada por uma viatura da Polícia Militar) e o dançarino DG. Outras camisas exibiam Educação e Saúde, com o número zero estampado.

Os manifestantes simularam um jogo de toque bola na rua. Nos cartazes, dizeres como “pelo direito à livre manifestação”, “não é normal o estado matar negro e pobre”, “pelo fim do genocídio dos pobres e negros”, “o poder e a força bruta não vão nós calar” e “pelo nosso direito à cidade”. Também foram lembrados os nomes Rafael, Caio e Fábio, considerados presos políticos pelos manifestantes.

O morador de rua Rafael Braga Vieira foi preso durantes os protestos de junho de 2013, de posse de material de limpeza, mas foi condenado por porte de artefato explosivo. Caio Silva de Souza e Fábio Raposo estão presos e são julgados por homicídio triplamente qualificado, após terem acendido o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro deste ano.

A fotógrafa Paula Kossata explica que começou a acompanhar as manifestações relacionadas à Aldeia Maracanã em 2012 e acabou aderindo às causas das ruas por causa da repressão sofrida pelos manifestantes. Segundo ela, os movimentos sociais estão sendo criminalizados, e o país vive um regime de exceção.

Para a ativista, o país passa por uma situação na qual quem deveria proteger a população a agride. “A polícia deveria proteger o povo, mas acaba virando inimigo. A polícia, assim como os políticos, são nossos funcionários e estão ali para proteger a gente, mas é só levantar um cartaz que você é criminalizado. Até o nosso templo do futebol, o Maracanã, foi sequestrado do povo, privatizado, e o povo não tem mais acesso”, acrescenta.

Paula destaca que a manifestação é pacífica, mas enfática quanto aos objetivos: “Precisamos de um momento mais pesado, de luto. Não adianta fazer ato lúdico, rodar bambolê na frente deles. Precisamos ser enfáticos em relação à violência policial”.

Na concentração do ato, um major da Polícia Militar aproximou-se dos manifestantes para pedir informações sobre o trajeto e objetivos do protesto. Ele também disse que a corporação acompanharia a marcha para garantir a segurança deles e da população. A advogada Eloisa Samy aproveitou para pedir apoio à força policial.

“Pedimos o auxílio de um pequeno número de policiais, nada ostensivo, três homens, a fim de evitar que pessoas de fora da manifestação nós hostilizem, porque isso tem sido bastante comum e acirra os ânimos, causando tumulto e confusão”, explicou a advogada. Eloísa foi uma das pessoas envolvidas com manifestações intimadas pela polícia a dar explicações às vésperas da Copa. Para ela, a ação foi uma forma de intimidar os ativistas e dispersar os atos.

“Expediram um mandado de busca e apreensão para equipamentos de informática e com acesso à internet, mas levaram capacete de moto, meus cintos, por serem pretos, meu bastão de softball, que está apreendido. Levaram coisas que estavam fora do escopo do mandado, como máscara contra gases, óculos de proteção. Não é só para intimidar, mas para obrigar o grupo a se dispersar e criar uma situação de conflito. Isso tem sido feito cotidianamente”, reclamou Eloísa.



Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Edição: Wellton Máximo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete. Com boa dose de ironia, o humo

A atriz Marieta Severo rebate Fausto Silva no programa do apresentador sobre a situação do Brasil

O próximo empregado da Globo a sofrer ameaça de morte, depois de Jô Soares, será Marieta Severo. Pode anotar. Marieta foi ao programa do Faustão, uma das maiores excrescências da televisão mundial desde a era peleozóica. Fausto Silva estava fazendo mais uma daquelas homenagens picaretas que servem, na verdade, para promover um programa da emissora. Os artistas vão até lá por obrigação contratual, não porque gostem, embora todos sorriam obsequiosamente. O apresentador insiste que são “grandes figuras humanas”. Ele se tornou uma espécie de papagaio do que lê e vê em revistas e telejornais, tecendo comentários sem noção sobre política. Em geral, dá liga quando está com uma descerebrada como, digamos, Suzana Vieira ou um genérico de Toni Ramos. Quando aparece alguém um pouco mais inteligente, porém, ele se complica. Faustão anda tão enlouquecido em sua cavalgada que não lembrou, talvez, de quem se tratava. Começou com uma conversa mole sobre o Brasil ser “o país da desesper