No dia 1º de julho, a moeda brasileira, o real, faz 20 anos.
Ela foi criada, em substituição ao cruzeiro, no governo Itamar Franco, em 1994,
com o intuito de resolver a crise inflacionária brasileira, herdada do regime
militar. Nessa época, os preços subiam cerca de 3.000% ao ano. Hoje sobem 6% ao
ano. O Plano Real de fato baixou a inflação, mas a estabilização não foi o
suficiente para deslanchar o crescimento econômico.
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Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, os pais do Plano
Real
Os governos de José Sarney e Fernando Collor tentaram, sem sucesso, acabar
com a inflação. Ao assumir a presidência, após a queda de Collor, Itamar Franco
convidou Fernando Henrique Cardoso para ser ministro da Fazenda com a missão de
reorganizar a economia. Ele reuniu um grupo de economistas – coordenado pelo
professor de economia Pedro Malan, à época presidente do Banco Central –, que
elaborou um plano de ação econômica, publicado no final de 1993.
Malan, que depois foi ministro da Fazenda no governo FHC, explica que a
inflação prejudicava especialmente os mais pobres. “A inflação é um imposto que
incide sobre o salário, que prejudica fundamentalmente aqueles menos capazes de
se defender, que são as pessoas que não tem acesso à indexação [sistema de
reajuste de preços com base nos índices oficiais de inflação] e carregam no
bolso a sua moeda, que vai sendo comida numa base diária pela inflação”, afirma.
“Essa é a razão por que a maioria da população brasileira hoje exige e exigirá
de qualquer governo que ele não tenha uma atitude complacente com a inflação”,
complementa.
Criação da nova moeda
No início de 1994, a inflação estava em cerca de 40% ao mês. Os preços subiam sem parar – gasolina, alimentos, prestações –, e o cruzeiro valia muito pouco em relação ao dólar. O plano dos economistas foi criar em fevereiro uma espécie de dólar virtual, a URV (Unidade Real de Valor). A roda-viva dos preços continuava corroendo o cruzeiro, mas não atingia a URV. Em julho, a URV foi transformada em real. A nova moeda nascia sem a doença da hiperinflação, valendo o mesmo que o dólar.
No início de 1994, a inflação estava em cerca de 40% ao mês. Os preços subiam sem parar – gasolina, alimentos, prestações –, e o cruzeiro valia muito pouco em relação ao dólar. O plano dos economistas foi criar em fevereiro uma espécie de dólar virtual, a URV (Unidade Real de Valor). A roda-viva dos preços continuava corroendo o cruzeiro, mas não atingia a URV. Em julho, a URV foi transformada em real. A nova moeda nascia sem a doença da hiperinflação, valendo o mesmo que o dólar.
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) lembra que, no primeiro mês após a criação
do real, a inflação já caiu a 9%. “O Plano Real trouxe organização econômica
para o País, com ganhos para o Poder Público e para a população mais pobre, que
não tinha como segurar o dinheiro aplicado em uma conta”, diz. “O plano tirou
milhões de brasileiros da pobreza e da miséria”, completou. Ele ressalta que uma
das diferenças desse plano em relação a planos anteriores, baseados no
congelamento dos preços e do dólar, é que nada foi feito de surpresa, tudo foi
feito com aviso para a população.
Baixo crescimento
Aos poucos, o Brasil chegou à inflação de país desenvolvido: apenas 1,5% em 1998. Mas os juros continuavam de terceiro mundo: o Banco Central jogou a taxa básica nas alturas, desestimulando o consumo e atraindo investidores para equilibrar as contas externas. Inflação baixa e juro alto resultaram em pouco crescimento econômico, sustentado em boa parte pelas exportações.
Aos poucos, o Brasil chegou à inflação de país desenvolvido: apenas 1,5% em 1998. Mas os juros continuavam de terceiro mundo: o Banco Central jogou a taxa básica nas alturas, desestimulando o consumo e atraindo investidores para equilibrar as contas externas. Inflação baixa e juro alto resultaram em pouco crescimento econômico, sustentado em boa parte pelas exportações.
O ex-deputado Antonio Palocci, ministro da Fazenda nos governos Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff, avalia o real: “O Plano Real foi o mais
talentoso plano de estabilização. Ao invés de controlar todos os preços,
controlou um só preço, que foi o preço do câmbio. Mas ele foi estendido além do
tempo: a paridade cambial não deveria ter sido estendida por tempo tão
prolongado.”
O Produto Interno Bruto (PIB), que mede a riqueza produzida no País, crescia
quase 6% no lançamento do real. Quatro anos depois, em 1998, a economia
brasileira praticamente parou de crescer. A estagnação coincidiu com as crises
externas da Ásia e da Rússia, entre 1997 e 1998. “Durante a década de 90, nós
tivemos os problemas de balanço de pagamentos advindo da paridade com o dólar;
esse tipo de paridade é destruidor para a economia brasileira porque nossa
produtividade é muito distinta”, destaca o deputado Cláudio Puty (PT-PA). “Isso
levou em 1999 à quebra do Brasil.”
Com a queda nas exportações e o fantasma da recessão, o
governo desvalorizou fortemente real no início de 1999. O dólar, que custava R$
1, passou a custar mais de R$ 2, voltando depois para R$ 1,75. O Banco Central
adotou o câmbio flutuante e o sistema de metas para a inflação. “Esse modelo foi
uma posterior evolução do real, que deve ser sempre revistado”, conclui Puty.
“Houve avanços no passado, mas precisamos pensar no futuro, por exemplo, em
aumentar a produtividade da nossa indústria.”
Economistas pedem avanços
Após 20 anos da implementação do Plano Real pelo governo Itamar Franco, em 1994, economistas defendem avanços, já que o plano resolveu a crise inflacionária brasileira, mas não gerou crescimento econômico no País.
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Partidos se dividiram na época do lançamento do Plano
Real
Após 20 anos da implementação do Plano Real pelo governo Itamar Franco, em 1994, economistas defendem avanços, já que o plano resolveu a crise inflacionária brasileira, mas não gerou crescimento econômico no País.
O economista Marcelo Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República (SAE), acredita que o Brasil aprendeu,
com o Plano Real, o valor da estabilidade, mas defende que é preciso avançar em
termos de políticas públicas. “A estabilidade é uma condição necessária para o
objetivo final, que é a melhoria das condições de vida da população,
especialmente dos mais pobres. O Plano Real permite pensar o País à frente, mas
é preciso desenhar e implementar políticas para que essa condição seja melhor
aproveitada.”
A professora da Universidade de Brasília (UnB) Maria de Lourdes Mollo,
doutora em economia, também diz que é preciso avançar: "Temos hoje uma moeda
estável e, não temos, nem de perto, nada parecido com a inflação daquela época.
É preciso centrar em aumentar o investimento de maneira a garantir um
crescimento elevado. Para isso, a taxa de juro alta não é boa.”
Da Agência Câmara de Notícias
A pura verdade do Plano Real nunca foi dita .
ResponderExcluirEm maio de 1993 ,o engenheiro Henrique Leusin idealizou o plano real em 2 dias, que entregou ao filho do embaixador Meira Penna.Este repassou ao Recúpero e FHC.Varios questionamentos foram feitos vindo do BC e Ministério da Fazenda.Só depois eles juntaram os economistas para formatar e executar o plano.Lembra da parabólica “o que é ruim eu escondo “ Recupero. Por que eu nunca apareci ? economistas não aceitariam um engenheiro .Em 27/06/2004 , 10 anos do Real,O Globo fez a reportagem no Colégio Cruzeiro.Escola que eu estudei. E tem muito mais.