Em busca de renovação, o
quarentão Fantástico estreou neste domingo novo formato. Ficou mais
bonito, moderno, informal. Passou a ser apresentado em uma redação-estúdio, com
minipalco, microautidório, supertelão, sofá da Hebe, cavalinhos falantes,
robô do Sheldon da série The Big Bang Theory e até trilha de The Office.
Muita
tecnologia, bastidores das reportagens, sonolentas reuniões de pauta,
velha abertura repaginada e logotipo redesenhado compõem o pacote.
Novidades todas que vazaram na internet, com a transmissão de um resumo de 45
minutos há três semanas, inclusive "a esperada entrevista" com
Luiz Felipe Scolari.
O novo Fantástico se
esforçou para ser engraçado, mas ficou mais chato. Tadeu Schmidt está mais
humorista do que nunca. Exagera na dose. Alguém precisa avisá-lo que ele
apresenta o Fantástico, não o Cidade Alerta. Mais chato e mais interativo.
O telespectador do Fantástico pode votar no site do programa e escolher
animações que representam seu humor durante a exibição de determinado conteúdo.
Empolgante, não?
Mas nada supera a chatice do
que o exibicionismo das reuniões de pauta, com direito a convidados famosos. A
quem interessam as discussões que levam à produção de uma reportagem além de
jornalistas e estudantes de jornalismo? E o material sobre o robô de
telepresença, claramente inspirado em The Big Bang Theory, só serviu
para mostrar que o departamento de engenharia da Globo só tem fera.
O novo Fantástico passou
longe daquilo que mais se espera dele: reportagem. A revista eletrônica agora
é muito mais (mais muito mais mesmo) entretenimento (ou infotainment)
do que jornalismo. A grande reportagem da semana era uma ótima ideia de pauta,
mas não revelava nada. Nela, uma repórter passou 24 horas em um presídio de
segurança máxima. Tensão real zero. Conflito nenhum. Tudo muito negociado
com a polícia. Tudo extremamente produzido, até no take à la Bruxa de Blair.
No Ibope, as mudanças não
surtiram efeito. Nem em seus melhores momentos o Fantástico bateu nos 20
pontos. Na prévia, deu 16,5 pontos, contra 12,1 da Record, 9,0 do SBT e 4,8 da
Band. Passou sufoco para vencer o Domingo Espetacular, sua cópia mais
popular e apelativa da Record. Às 22h24, a Record marcava 12,7 e a Globo,
13,3 pontos na medição preliminar da Grande SP. Pelos critérios de
arredondamento do Ibope, deu empate.
Por DANIEL CASTRO, do Notícias da TV
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