Pular para o conteúdo principal

Deputado do PSDB faz pedido de interpelação judicial contra a presidente Dilma, mas Celso de Mello nega

O pedido de explicações sobre frase que possa configurar crime contra a honra cabe apenas quando houver dúvida em relação ao seu conteúdo ou contra quem ela está direcionada. Com esse fundamento, o ministro Celso de Mello negou seguimento à "interpelação judicial com pedido de explicações" ajuizada pelo deputado federal e procurador de Justiça Carlos Sampaio (PSDB-SP) contra a presidente Dilma Rousseff.

O tucano alegou que foi ofendido pelas declarações dadas por Dilma quando questionada sobre os gastos da viagem que fez a Portugal. A presidente ficou hospedada no hotel Ritz, em Lisboa, um dos mais luxuosos da cidade, cuja diária está estimada em R$ 26 mil. Na ocasião, o deputado Carlos Sampaio criticou os custos com a comitiva e disse que pediria os comprovantes de pagamentos de diárias, do jantar e dos vinhos.

Pela imprensa, a presidente afirmou que poderia escolher o restaurante que quisesse pois era ela quem pagava a conta. "No meu aniversário eu também paguei. Tinha gente que estava acostumada que o pagamento seria do governo", disse a presidente, segundo os jornais. Ela afirmou ainda: "É que tem gente que acha esquisito uma presidente dividir a conta. Acho isso extremamente democrático e republicano".

Sampaio disse que a fala de Dilma dá a entender que ele estaria entre as pessoas acostumadas a ter as contas pessoais pagas pelo governo, e que ele não seria republicano nem democrático. "Essa insinuação por si só ofende a honra do interpelante", diz o deputado na petição.

Segundo o decano do STF, entretanto, como o próprio Sampaio diz não ter dúvida de que foi ofendido por Dilma, não existe motivo para o pedido de explicações. Citando a jurisprudência da corte, o ministro afirmou que o requerimento do deputado seria cabível apenas se houvesse equívoco, ambiguidade ou dubiedade no conteúdo da frase de Dilma.
"Disso resulta, em conclusão, na linha do magistério doutrinário e da jurisprudência desta Suprema Corte, que a presente interpelação não se revela pertinente nem admissível, porque — segundo decorre da própria petição inicial do ora interpelante — este, ao reconhecer-se alcançado por declarações que reputa contumeliosas e vulneradoras de sua honra ('preferiram ofender o Interpelante'), demonstrou estar seguro de que efetivamente sofreu 'acusações' veiculadoras da 'prática de fato ofensivo à sua reputação'".

Celso de Mello fez questão de afirmar que, embora reconheça que Sampaio não teve dúvidas quanto ao caráter alegadamente ofensivo da frase, isso não implica em qualquer juízo sobre a controvérsia, que deverá ser tratada em processo autônomo.

Carlos Sampaio também pediu explicações sobre declarações do presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Américo Lacombe. O requerimento foi negado por Celso de Mello por falta de competência originária do STF, já que Lacombe não possui foro por prerrogativa de função perante o Supremo.

 Por Elton Bezerra, do Consultor Jurídico

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete. Com boa dose de ironia, o humo

A atriz Marieta Severo rebate Fausto Silva no programa do apresentador sobre a situação do Brasil

O próximo empregado da Globo a sofrer ameaça de morte, depois de Jô Soares, será Marieta Severo. Pode anotar. Marieta foi ao programa do Faustão, uma das maiores excrescências da televisão mundial desde a era peleozóica. Fausto Silva estava fazendo mais uma daquelas homenagens picaretas que servem, na verdade, para promover um programa da emissora. Os artistas vão até lá por obrigação contratual, não porque gostem, embora todos sorriam obsequiosamente. O apresentador insiste que são “grandes figuras humanas”. Ele se tornou uma espécie de papagaio do que lê e vê em revistas e telejornais, tecendo comentários sem noção sobre política. Em geral, dá liga quando está com uma descerebrada como, digamos, Suzana Vieira ou um genérico de Toni Ramos. Quando aparece alguém um pouco mais inteligente, porém, ele se complica. Faustão anda tão enlouquecido em sua cavalgada que não lembrou, talvez, de quem se tratava. Começou com uma conversa mole sobre o Brasil ser “o país da desesper