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Os problemas não monstrados pelos números de emprego e renda

Excelente editorial publicado pelo jornal do Rio de Janeiro O Dia sobre o nível de emprego, os salários, as desigualdades e as necessidades de ajustes nesses e em outros quesitos da economia brasileira.  De forma bem claro, simples e sintético a opinião do jornal é provida de realismo e merecedora de atenção. É impontante refletir sobre assunto tão pertinente. Leia o texto a seguir:

A menor taxa de desemprego da história, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE e detalhada nesta sexta pelo DIA , é notícia a ser comemorada. Mostra que, a despeito de desacelerações pontuais da economia, a ocupação mantém-se como um dos pilares da saúde financeira do Brasil — o que não significa que se possa dispensar ajustes, como uma reforma tributária e sobretudo a redução de gastos públicos dispensáveis, hoje o maior entrave para o arranque de desenvolvimento que a população tanto espera. Mas estas são medidas no nível macro. Olhando especificamente para a questão do emprego, veem-se incongruências.

A primeira retrata o abismo social que insiste em impregnar o país. Negros e pardos ainda ganham bem menos do que os brancos. A média salarial dos primeiros ficou em R$ 1.374,79, frente aos R$ 2.396,74 recebidos pelos segundos — diferença de 57%, não importando se ocuparem o mesmo cargo. A boa notícia é que nos últimos dez anos a desigualdade diminuiu: desde 2003, o salário dos negros subiu 51%, enquanto o dos brancos aumentou 27%. 

Cotas e programas como Prouni e Fies estão qualificando como nunca a população negra, corrigindo uma injustiça histórica. Há diferença também no gênero. Mulheres recebem, em média, o equivalente a 73,6% do rendimento médio dos homens. Algo que vem sendo combatido, mas a passos menos rápidos do que os esperados.

O segundo problema diz respeito às condições análogas à escravidão que já se observam no Sudeste, sobretudo na construção civil. Esta década tem sido profícua para o setor imobiliário, que contrata a torto e a direito, mas muitas vezes suprimindo direitos elementares. Agravam o quadro a fiscalização débil e a exagerada terceirização.

Trabalhadores não podem ficar alheios às suas prerrogativas, e governo deve intervir para garanti-las. Números são bons, mas podem ser melhores ainda se expressarem empregos de qualidade e cidadãos plenos.

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