O chapéu que o craque Neymar gosta de dar em campo nos adversários deu chabu
quando tentado por seu pai e empresário fora dos gramados. Neymar pai está
obrigado, agora, a mostrar à Receita Federal os Darfs de recolhimento de
impostos sobre 10 milhões de euros que recebeu do Futebol Club Barcelona, em
meados de 2011, em troca de sua assinatura num pré-contrato pela futura cessão
de direitos do jogador ao time da Catalunha. Tudo em segredo, ainda que, no
início da semana, em um pronunciamento sem direito a perguntas de jornalistas,
Neymar pai tenha dito que pratica a "transparência" e quer "paz".
Realmente, se era pela transparência e pela paz, o chapéu deu mesmo muito
errado. Numa triangulação com a empresa NN, de propriedade de Neymar pai, o
pré-contrato assinado com o Barcelona burlou, de saída, o prazo legal imposto
pela Fifa. Quando um jogador tem contrato em vigência com um clube, como Neymar
tinha com o Santos F.C., a entidade máxima do futebol só permite pré-contratos
seis meses do encerramento do compromisso em curso.
Mas Neymar pai, na prática, cedeu os direitos do trabalho do filho um ano
antes do fim do compromisso dele com o Santos. Com 10 milhões de euros em sua
conta corrente, Neymar pai viu o time de seu filho, pouco depois da assinatura
do acordo, perder por 4 a 0 para o Barcelona, na final do Mundial de Clubes, em
dezembro de 2011. Àquela altura, Neymar, o filho, teria de pagar uma multa
milionária se não aceitasse ser jogador do time catalão no primeiro semestre de
2012.
Enquanto procura pelo Darf de recolhimento de impostos pelo benefício obtido
com o pré-contrato, Neymar pai tem, infelizmente, muito com que se preocupar
pelo filho – e nessa preocupação devem estar juntos todos os que torcem pela
vitória do Brasil na Copa deste ano.
Ocorre que a Fifa tem punido com quatro meses de suspensão dos gramados, sem
exceções até aqui, todos os jogadores que se envolveram em trapalhadas como a
que Neymar está envolvido. A tábua de leis da entidade não permite a assinatura
de pré-contratos antes de seis meses do término de um compromisso em andamento.
Assim, por mais que a mídia de chuteiras não goste da notícia, há muita chance
de Neymar ser sim punido pela entidade máxima do futebol.
O rolo financeiro, esportivo e ético em que o camisa 10 da Seleção Brasileira
está envolvido mexe diretamente com a estratégia montada pelo técnico Felipão.
Ele disse que os brasileiros têm "a obrigação de ganhar a Copa", em razão de o
torneio ser disputado no Brasil. Se Neymar precisar ficar fora dos campos em
quatro meses antecedentes à Copa, como ele estará física, técnica e moralmente
para enfrentar os maiores adversários do Brasil? Se não levar a punição, ainda
assim Neymar entrará em campo com o peso do escândalo atrás de si. Para aliviar
o estresse, o melhor começo seria mesmo Neymar pai achar os Darfs de
recolhimento de impostos pela fortuna recebida em 2011.
Do 247
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