Pular para o conteúdo principal

As bicicletas deveriam ter todos os tributos zerados

O público te paga para escrever, e você, em vez, fica a andar de bicicleta com o Rubem Braga pelas praias do Leblon ou a roer a sua solidão nos bares de Copacabana… E larga essa mania de querer andar sem mãos e quem sabe – ó sonho! – de costas para a frente, na bicicleta”. Cometo minha primeira coluna citando trecho de uma crônica de Vinícius de Moraes intitulada “Abstenção de cinema”.

O assunto central é a sétima arte, mas o poeta também pincela a respeito desse meio de transporte que deveria ganhar uma nova dimensão depois que o país pipocou em protestos por conta de nossa precária mobilidade urbana. E o Brasil engarrafado e hipertenso continua dormindo para as bicicletas: uma boa alternativa para desafogar o trânsito e melhorar a saúde coletiva.

Toda vez que o governo quer incentivar o consumo, anuncia que vai zerar o IPI, como é mais conhecido o Imposto sobre Produtos Industrializados. Esse tributo é um dos que regulam a atividade econômica e basta uma simples canetada do Planalto para a alíquota sumir. Assim aconteceu com automóveis e produtos da “linha branca” depois da quebradeira do Lehman Brothers, em 2008, e virou moda por algum tempo.

O pessoal da Receita Federal foi bem bacana ao me informar que o IPI sobre as bicicletas tem alíquota de 10% sobre o preço de venda praticado pelo fabricante. Daí vem a pergunta fatal: por que não zerar o IPI sobre as bicicletas?

A questão não é inédita, assim como nada debaixo do sol que a todos cobre, e até motivou alguns projetos de lei. Um deles é do deputado Felipe Bornier, do Rio. “A isenção de IPI é o primeiro passo para democratizar e popularizar esse meio de transporte”, resume.

Para a Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Bicicletas, Peças e Acessórios (Abradibi), a bicicleta vendida por aqui é a mais cara do planeta. É tanto tributo que a magrela fica desinteressante pro consumidor. Além do IPI, duas contribuições federais também pesam: PIS/COFINS (alíquota de 9,25%).

No caso das importadas, entra o Imposto de Importação com uma alíquota de 35%. Partes e peças importadas também são taxadas, em 16%, com duas honrosas exceções: pneus (35%) e câmaras de ar (25%). Enquanto isso, cá estamos: parados e mau humorados no trânsito, com a saúde prejudicada e sem o vento no rosto.

Por Rodolfo Torres, do Congresso em Foco

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO NO RENDIMENTO DO SALÁRIO

É indiscutível a importância do estudo para alavancar o rendimento e a produtividade do trabalho das pessoas, mas ainda não tínhamos uma medida exata para o mercado brasileiro da contribuição da educação para o rendimento do trabalho. No início de outubro deste ano, a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) publicou um trabalho em que são apresentadas informações relevantes a respeito da influência do estudo no rendimento do trabalho ou o retorno no investimento em capital humano. Existe uma diferença entre o capital humano geral caracterizado como o aprendizado no ensino fundamental, médio e superior e o capital humano específico que o indivíduo adquire através de sua experiência profissional e cursos específicos. O último é perdido, ao menos em parte, quando o indivíduo passa a exercer outra atividade bem diferente da que exercia, enquanto que o primeiro tipo de capital humano só é perdido com a morte do indivíduo. Em analisando pessoas do mesmo sexo, raça, idade e localid...

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...