A
formação profissional de nível superior é quase sempre sinônima de boa
remuneração no futuro e realização do sonho de progredir na vida em termos
profissionais. Na maioria das vezes também esse sonho pode ser frustrado em razão
da baixa remuneração que várias profissionais passam a receber ao exercer a
profissão para a qual se preparou com tanto amor e dedicação. As pessoas se
esforçam abdicando de muitas coisas, estudando até altas horas da noite, aos
sábados, domingos e feriados durante quatro, cinco, seis anos ou até mais tempo
para ao final desse período ser reconhecidas, mas muitas vezes isso não
acontece. Quais são os motivos disso? A culpa é de quem? Existe algum meio de
mudar essa situação?
Em um estudo realizado pelo economista
Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e
Pesquisa (Insper) e da Universidade de São Paulo (USP) pode está as respostas
para as indagações formuladas acima. A
principal conclusão desse estudo é que as pessoas estão estudando e se formando
em áreas que o mercado tem menos procura. Nas áreas em que o mercado mais
precisa, existem poucas pessoas se formando. As profissões das áreas exatas e
técnicas estão com a demanda em alta no Brasil, mas segundo o estudo do Naercio,
que foi baseado nos Censos de 2000 e 2010, houve um aumento na oferta de
profissionais de humanas.
A consequência disso foi a
queda nos salários de profissões não ligadas à área técnica, como
Administração, Comunicação e Jornalismo, e Marketing e Publicidade, que caíram no
período de 2000 a 2010 em termos reais, respectivamente, 17,8%, 14,1% e 7,4%.
Por outro lado, no topo da remuneração entre todas as profissões com formação
universitárias em 2010, estavam Medicina, graduados em academias militares,
Engenharia Civil e Odontologia, com salários mensais médios de respectivamente
R$ 6.952, R$ 6.359, R$ 4.855 e R$ 4.854.
O trabalho levou em consideração
os 10,6 milhões de brasileiros com idade entre 18 a 60 anos que detinham
diploma universitário em 2010 e os 5,4 milhões que estavam na mesma situação em
2000. Sempre no Brasil diz-se que existe um apagão de mão de obra qualificada, mas
o salário real médio de quem tem o ensino médio completo caiu de R$ 1.378 em
2000 para R$ 1.317 em 2010 e o de quem tem diploma universitário também caiu
nesse mesmo período de R$ 4.317 para R$ 4.060. Isso poderia significar que a demanda por
profissionais qualificados diminuiu e não aumentou como muitos dizem, mas a a
resposta do estudo para essa aparente contradição é a seguinte: O mercado
precisa de profissionais de exatas e técnicas, mas o país está formando mais
profissionais das áreas de humanas.
Tudo isso pode ser
constatado pelos exemplos de três profissões: Médico, Engenheiro Civil e
Administrador. Havia 141,8 mil engenheiros civis no Brasil em 2000, em 2010
passaram para 146,7 mil. Com isso, a proporção de engenheiros civis no total da
população com diploma universitário caiu de 2,76% para 1,45% no período,
enquanto que houve uma elevação de 20,6% no salário em termos reais. O mesmo
ocorreu com a Medicina. O número de
médicos cresceu de 207 mil para 225 mil nesse mesmo período. Isso levou a
proporção dos médicos no total da população diplomada de 4,04% para 2,23%. Enquanto
isso, o salário deu aumentou de 18,13%.
Por outro lado, quem se formou
em Administração teve os resultados inversos aos observado nas profissões
descritas acima. O número de administradores teve um salto monumental no
período de 2000 a 2010 no Brasil, passando de 594 mil para 1,473 milhão. A
profissão passou de 11,6% do total dos diplomados para 14,6% entre 2000 e 2010.
A oferta de tantos profissionais nessa área tornou-se bastante excessiva, o que
levou a uma diminuição de 17,8% na remuneração desse profissional no período
aqui analisado.
Conforme visto acima, o
Brasil tem que formar profissionais em áreas em o país está realmente precisando.
Não é conveniente formar mais naquelas áreas em que sejam mais fáceis tanto em
termos de ensino quanto em termos de custos para montar e manter os cursos. É
sabido que as dificuldades de se aprender engenharia ou medicina são muito
maiores dos que aprender administração, por exemplo. O mesmo pode se dizer do
custo de se montar um curso de medicina ou de engenharia, não necessários muito
mais recursos que custam muito mais caro. Mas, o país para se desenvolver
precisa de muito mais cursos de engenharia, de tecnologia, de medicina e de
cursos técnicos de nível médio. O país deve investir em educação, mas de forma
correta, não da forma que está fazendo atualmente. Tem que mudar o foco, tem
que mirar o desenvolvimento e progresso do Brasil e da sociedade brasileira.
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