A ética, a moral, a retidão e o
respeito aos princípios que norteiam o bom comportamento devem sempre repousar
na mente e nas ações de todos que recebem direta ou indiretamente delegação do
povo para representá-lo seja no executivo ou no legislativo. Apesar desses princípios sejam afirmados e
reafirmados como sendo exigidos e praticados nas diferentes instâncias dos
poderes no Brasil, constantemente somos bombardeados com informações a respeito
de corrupção e desvios da conduta ética por parte de servidores públicos, sejam
eleitos, nomeados ou pelos que entraram no setor público por concursos.
Em 1999, a Presidência da
República criou a Comissão de Ética Pública, que investiga os desvios de
conduta dos membros do poder executivo. Os membros dessa comissão possuem um
mandato de três anos, geralmente sendo reconduzidos por mais um mandato de três
também de três anos. Mas, o problema é que as recomendações dos membros da
comissão nem sempre são cumpridas e, o que é mais grave, isso pode levar o dono
ou a dona do poder a intimidar ou a não reconduzir quem investigar ou
recomendar alguma punição para algum integrante do governo ou servidor que seja
muito chegado de quem manda.
Parece que foi exatamente isso que
ocorreu para que a presidente Dilma Rousseff não reconduzisse dois integrantes
da comissão, Marília Muricy e Fabio de Sousa Coutinho. Esse fato é inédito na Comissão de Ética
Pública, todos os seus integrantes sempre foram reconduzidos pelo presidente da
república sempre que findava o primeiro mandato. Tanto o presidente Fernando Henrique quanto LULA, nunca deixaram
que alguém não fosse reconduzido, mesmo tendo realizado investigações e feito
recomendações para punir algum integrante do governo que um dos dois
presidentes tivesse afeição.
Esse fato da não recondução para um segundo mandato dos
dois membros levou à renúncia do presidente da comissão, o jurista e
ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, cujo mandato terminaria em dezembro de
2013. O presidente da comissão saiu
muito desgostoso pelo desprestígio da comissão por para da chefe do executivo
quando envolve alguém próximo da presidente. Dois fatos podem corroborar isso.
No final de 2011, por iniciativa de Marília, o colegiado recomendou a demissão
do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do PDT. Dilma não queria demitir o
ministro para não desagradar o presidente LULA, entre outros motivos. Coutinho,
por sua vez, reacendeu a raiva da presidente ao propor aos outros membros da
comissão que aprovassem uma "advertência" ao ministro do Desenvolvimento,
Fernando Pimentel, o ministro mais próximo da presidente.
O poder público é mundo importante
para que os seus mandatários o utilizem para se vingarem de coisas que não
gostaram. Ainda mais quando esse “não gostar” refere-se a atos que visavam
exatamente elevar a boa condução em termos ética do poder. O rancor não cabe na
mente e nos atos de estadistas. Isso soa extremamente desagradável para quem
preza pela ética e pela moral e não pode ser praticado por quem possui alto
nível de aprovação popular como é o caso da presidente.
Seriedade ... isso tá faltando em todos os governos e também muita vergonha na cara ...
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