O
sistema de cota nas universidades federais é objeto de grande controvérsia tanto
nos meios acadêmicos como em outras áreas. A reparação de um terrível erro de
nossa sociedade desde os primórdios da construção da nossa nação por meio de
cotas nas universidades do governo federal parece que não está sendo bem aceito
por uma parte significativa de pessoas que se dizem entendidas da área da
educação. Os argumentos contrários vão desde “que diminuirá a qualidade do
ensino e pesquisa nas universidades federais que poderão ficar muito pior do
que se faz nas universidades privadas”. Ou “que isso pode até aumentar o
preconceito contra negos”.
Existem
muitos outros argumentos contrários como o que diz que essa política de cota em
universidades afetará uma fatia ínfima dos negros no Brasil. Segundo algumas
previsões, devem ser disponibilizadas cerca de 700 mil vagas com essa lei
aprovada, mas existem milhões de negros que estão aleijado do ensino superior
por falta de recursos para pagar uma faculdade particular ou pagar um cursinho
preparatório com qualidade suficiente que possa levá-los a entrar em uma
universidade púbica. Assim, deveriam existir outras políticas que levem à
agregação dessas pessoas no meio acadêmico brasileiro sem precisar passar pelo
crivo das cotas.
Esse
projeto de lei aprovado pelo Congresso, que destina 50% das vagas das
universidades federais a alunos que cursaram o ensino médio em escolas
públicas, a ser distribuídas respeitando a divisão racial de cada estado,
deveria ser complementado com outras ações do governo. Os resultados dessa lei
serão menores do que os esperados se outras ações complementares não forem
implementadas. A promoção da equidade social por meio do aumento do acesso de
alunos de baixa renda à universidade deve ser perseguida, mas a cota nas
universidades federais deve ser apenas um dos instrumentos para isso. É fundamental
que não se dê vazão a um dos argumentos dos opositores do uso das contas que
se refere à eventual queda no nível da qualidade do ensino e pesquisa nas
universidades.
Uma
situação que a nossa sociedade sempre conviveu e que parecia muito estranha
para um país que queria o progresso e a inclusão e aumento do número de pessoas
na sociedade de consumo era que as pessoas pobres estudavam nas escolas
públicas que na imensa maioria eram muito inferiores às particulares enquanto
que as pessoas de mais recursos estudavam nas escolas particulares. No curso
superior a situação se invertia. Os pobres que estudaram nas escolas públicas
iam estudar nas particulares que além de cobrarem mensalidades ofereciam ensino
de qualidade muito inferior ao das universidades públicas. Enquanto que aqueles
que estudaram nas escolas particulares iam cursar uma faculdade numa
universidade de melhor qualidade, geralmente pública.
Não
resta dúvida que uma das melhores formas de ajudar os negros e os pobres é
elevar o nível da qualidade de ensino nas escolas públicas no país. Os números
do IDEB (índice que mede a qualidade de ensino básico no país) de 2011 mostram
que estamos muito aquém do que se poderia imaginar como razoável. Essa é a
primeira lição do governo: elevar a qualidade do ensino nas escolas públicas
para que os seus estudantes possam competir em igualdade com aqueles que
estudaram nas escolas particulares.
Outra
ação importante seria a instituição das cotas nos mesmo moldes aprovados pelo
congresso, mas com validade de duração: Até que as escolas públicas estivessem
no mesmo nível das escolas particulares. Complementando essas ações, o governo
poderia pagar cursinhos particulares de qualidade para os estudantes de escolas
públicas. Essas ações se efetivadas com eficiência teriam resultados
extraordinários e ajudariam a pagar pelo menos uma ínfima parte das dívidas que
o país tem com os negros que constituem a imensa maioria dos pobres do Brasil.
Guilherme Benício:
ResponderExcluirAdorei seu blog e seus posts Francisco.
É notável a grande diferença do ensino das escolas particulares para as escolas públicas... Com certeza com essa lei dos 50%, o nível de ensino das universidades públicas irá cair, porém se o governo incentivar os alunos de escola pública, proporcionando "cursinhos preparatórios" para eles, irá igualar um pouco o nível...
Estou adorando o governo da Dilma e prevejo muitas melhoras!!! São diversas coisas para melhorar e demanda um certo tempo, mas é visível que estamos progredindo!
Percebi também uma estratégia por parte dessa lei para o futuro do Brasil: Os ricos (sociedade de classe alta) vão querer matricular os filhos em escolas públicas, visando maior facilidade de inserção à universidade pública.
O que isso significa? Rico em escola pública = melhoria no ensino, pq rico SABE cobrar!!!
Rico não vai tolerar um ensino de má qualidade para o seu filho... e é com essa estratégia que o Brasil vai avançar... Viva a igualdade e democracia!
Concordo plenamente com o post!
ResponderExcluirParabéns pela bela matéria
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