O Estado, as instituições
públicas e os atendimentos das demandas da sociedade são supridos por recursos
extraídos da própria sociedade por meio da cobrança de impostos e
contribuições. Evidentemente que ninguém quer pagar, muito embora todos querem
que suas necessidades sejam prontamente atendidas pelo setor público no momento
em que elas surgem. Por meio dos impostos e das ações do governo, o setor
público pode cumprir uma de suas mais importantes atribuições: agir para inibir
a desigualdade de renda e de oportunidade dos indivíduos componentes da
sociedade. O capitalismo, com todas as suas virtudes, glórias e responsável
pela geração de riqueza, muitas vezes, por diversas razões, não é capaz de
oferecer oportunidades a todos e deixa muitos à margem da sociedade no que diz
respeito à participação das benesses e resultados positivos da economia.
O Estado pode muito bem
contribuir para diminuir os efeitos nocivos do capitalismo ofertando serviços
de saúde de qualidade igual ou superior ao que é oferecido pelo setor privado,
seja filantrópico ou não; oferecendo educação de qualidade compatível com o que
as escolas particulares oferecem; alimentando aquelas famílias que são
desprovidas de recursos suficientes para suprir o próprio sustento sem,
evidentemente, deixá-las dependentes dessa ajuda, ao contrário,
concomitantemente à ajuda essas famílias devem ser preparadas por meio de
cursos de profissionalização e após isso é necessário que sejam dadas a elas
oportunidades de obter o próprio sustento.
Ao mesmo tempo em que sejam
realizadas as ações descritas acima, deve-se ter condições favoráveis ao
desenvolvimento e ao crescimento com as instituições voltadas para esse
objetivo envolvendo legislação apropriada a isso, menos burocracia e mais facilidades
em termos de crédito, justiça eficiente e rápida, leis respeitadas, Estado
eficiente e equilibrado priorizando os investimentos e o custeio diretamente
envolvido ao atendimento da sociedade. Encaixa-se perfeitamente aqui o setor
público ser respeitado também pela seriedade dos gestores públicos e por todos
os funcionários públicos. Hoje, infelizmente, existem muitas pessoas que não
confiam, com razão, em grande parte dos gestores públicos. Na maioria das vezes
são taxados de ladrões, corruptos, ineficientes e aproveitadores do dinheiro
público.
Isso não é privilégio dos políticos
brasileiros, mas os nossos possuem mais fama de corrupto do que a maioria dos
outros países. A corrupção é um mal que além de causar outros malefícios também
contribui fortemente para o Estado falhar em elevar as oportunidades daqueles
que não tem ou as tem em muito menor escala do que outros. Como na percepção da
maioria da nossa sociedade, parte dos recursos arrecadados é desviada, muitos
contestam a carga tributária existente atualmente em nosso país. É verdade que
existem pessoas que são contra o setor público ajudar as pessoas que estão
precisando, mas a maioria que contesta a carga tributária o faz em razão da
pouca prática da seriedade e respeito a esses recursos arrecadados, notadamente
em razão da corrupção.
Atualmente, apesar de
esforços dos últimos governos, a igualdade de oportunidade está muito longe de
ser alcançada. Quem estuda a vida toda em escola pública dificilmente terá as
mesmas oportunidades de uma pessoa que estudou ou estuda em escola particular.
O mesmo pode-se dizer de uma pessoa que depende somente dos serviços de saúde
oferecidos pelo setor público. Ela terá muito menos oportunidade de sobreviver
do que uma pessoa com a mesma doença sendo tratada em hospital particular.
Nessa mesma linha, pode incluir a segurança. Onde as pessoas ricas moram existe
muito mais segurança do que onde as pessoas pobres moram. Se um pobre chamar a
polícia para atendê-lo no lugar onde mora pode ficar um tempo muito grande até
que os policiais cheguem, se chegarem. O rico, ao contrário, ao chamar a
polícia para a sua residência ou próximo dela, em alguns poucos minutos terão
várias viaturas no local.
As pessoas clamam para um
tratamento igualitário e que sejam respeitadas igualmente ao que outras pessoas
são respeitadas. Essa igualdade pode ser medida em termos econômicos e termos
sociais. Em termos econômicos pode-se incluir ter oportunidades de todos se
prepararem no mesmo nível, dependendo apenas da aptidão e das escolhas de cada
um, ajuda para se alimentar e obter rendimento próprio e que os recursos pagos
para o governo bem aplicados em benefícios da sociedade, notadamente servindo
para elevar a igualdade de oportunidade. Do ponto de vista social podem-se
incluir os pobres sendo tratados como os ricos os são, sendo atendidos nos
serviços de saúde da mesma forma que os ricos são no setor privado e a
igualdade no respeito a todas as pessoas esteja presente em todos os lugares.
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