O meio de transporte no Brasil
mais importante e continuará sendo por muito tempo é o rodoviário. A grande
maioria das viagens, seja para passeio, trabalho ou para transporte de
mercadorias é feita pelas rodovias. Os custos para se construir uma rodovia e
deixá-la em condições adequadas de tráfego são enormes, o que leva o governo
federal e vários governos estaduais a concederem trechos de rodovias para a
iniciativa privada passando a responsabilidade de manutenção da rodovia para as
empresas que passam a ter o direito da concessão em troca de cobrar pedágio dos
usuários além da exploração de outras atividades que possam render alguns
recursos.
Quem anda pelas rodovias
brasileiras é testemunha das péssimas condições que muitos trechos das estradas
apresentam, em muitos desses trechos são quase impossíveis de se andar de
automóvel, além, evidentemente, de perigo de acidentes graves que essas
rodovias sem manutenção apresentam colocando em risco a integridade física de
quem trafega por essas rodovias sem conservação. A ideia mais aceita, de acordo
com pesquisas, é que as pessoas preferem pagar pedágio a trafegar por rodovias
que apresentam problemas como buracos, falta de sinalização, entre outros. De acordo com pesquisas realizadas pela
Confederação Nacional de Transportes (CNT), em 2011 86,9% dos usuários
classificavam como bom ou ótimo as rodovias sob concessão, sejam elas estaduais
ou federais, enquanto que somente 33,8% dos usuários davam esses conceitos para
as rodovias sem concessão. Nessas mesmas pesquisas, 32,0% dos usuários
classificaram as rodovias sem concessão como ruins ou péssimas e somente 1,1%
deram essa classificação para as rodovias sob concessão.
Para se conceder determinado
trecho de rodovias existem diversos critérios, tais como: menor tarifa cobrada
dos usuários, maior valor de outorga (quanto a empresa ou grupo de empresas irá
pagar ao Estado ou à União), entre outros. Também são definidos os pesos dos
indicadores que levarão aos reajustes das tarifas de pedágio, cada trecho pode
ter critérios de reajuste diferentes. Nas concessões feitas na década de 1990
utilizou-se majoritariamente o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) como o
indexador de reajuste de tarifas juntamente com a variação de custos
apresentada pela empresa concessionária. No período de maio de 1995, quando iniciou
a cobrança de pedágio das rodovias federais, até janeiro de 2011 o IGP-M variou
300,0% enquanto que nesse mesmo período o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo – utilizado pelo governo como medida da inflação oficial) variou 197,0%.
Ou seja, nesse período o IGP-M foi maior que o IPCA em 52,3%.
Em razão disso, as tarifas
cobradas nas concessões realizadas na década de 1990, tanto pelo governo
federal quanto pelos estados são bem superiores do que as das concessões
realizadas nos anos da década de 2000. Por exemplo, em 2011 a média das tarifas nas rodovias federais
que foram concedidas na década de 1990 era de R$ 9,86 e a das rodovias que o
governo federal concedeu em na década passada é de R$ 2,96. Uma diferença
bastante considerável. No entanto, as médias das tarifas em rodovias estaduais
de três estados que foram concedidas nas duas últimas décadas são superiores á
media do governo federal. As tarifas médias de rodovias estaduais do Rio de
Janeiro, São Paulo e Espírito Santo são, respectivamente, R$ 12,93, R$ 12,76 e
R$ 12,44.
Diante de tamanha
disparidade nos valores das tarifas, seria importante a realização de
levantamento dos verdadeiros custos dessas empresas e realização uma
repactuação de preços pautada nas diferenças acentuadas de cenário traçado
quando das concessões realizadas na década de 1990, época em que as
perspectivas e situação econômica do Brasil eram bem diferente do que estamos
vivendo atualmente. Não se pode cobrar tarifas diferentes tendo custos iguais. A
justiça tem que existir para ambos os lados, as pessoas e empresas usuárias das
rodovias concedidas não podem pagar tarifas maiores do que o preço justo. A configuração
de preço justo ocorre com a aplicação de reajustes que levem em conta o cenário
e a situação atual do país, não de mais de uma década atrás. Tem que verificar
criteriosamente os custos reais que essas empresas incorreram desde a concessão
até o momento e definir um preço de tarifa que seja justo.
Oi Francisco, realmente é por aí...toda essa situação precisa ser reformulada, para, realmente, atender as necessidades da população brasileira....abçs
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