Os rendimentos das pessoas definem, de certo modo, o padrão de vida que a sociedade consegue obter no cotidiano. Apesar de, infelizmente, termos um perfil de país com renda extremamente concentrada, os rendimentos do salário é definidor de como se vive para a imensa maioria dos brasileiros. A renda do país é dividida entre os proprietários do capital (os empreendedores, os investidores), o governo e os trabalhadores. Disparado, o rendimento do trabalho é o mais importante tanto em termos percentuais do valor total da renda nacional quanto em termos de utilização, dado que a sua maior parte é utilizada para o consumo.
No primeiro ano após a estabilização de preços obtida com o Plano Real, 48% de toda renda no Brasil eram destinados aos assalariados, ou seja, quase a metade da renda do país era destinada aos trabalhadores. Nos anos seguintes, em razão, principalmente, da participação do governo na renda nacional por meio do aumento da carga tributária, houve uma diminuição razoável da participação dos assalariados nos rendimentos do país, passando a representar 42,4% em 2002, recuperando um pouquinho em 2009 quando tinha uma participação de 43,4%. Evidentemente que no período da inflação alta era muito pior para os trabalhadores, mas quinze anos após o início da estabilidade de preços, os trabalhadores brasileiros tinha uma queda na participação na renda nacional de 9,6%.
Nesses anos tem se observado uma diminuição acentuada na concentração de renda do trabalho entre as regiões brasileiras. A Região Sudeste em 1995 tinha 58,7% da renda do trabalho, em 2002 tinha 54,6% e em 2009 50,8%. A Região Sul em 1995 tinha 17,6% da renda do trabalho, em 2002 tinha 17,2% e em 2009, tinha 17,8%. A Região Nordeste em 1995 tinha 14,5% da renda do trabalho, em 2002 tinha 14,9% e em 2009, tinha 16,1%. A Região Centro-Oeste em 1995 tinha 7,3% da renda do trabalho, em 2002 tinha 8,7% e em 2009, tinha 9,3%. A Região Norte em 1995 tinha 3,9% da renda do trabalho, em 2002 tinha 4,6% e em 2009, tinha 6,0%. Como se observa, apesar de muito concentrada nas regiões Sul e Sudeste, em razão da existência das maiores empresas e da maior quantidade de firmas nessas duas regiões, está ocorrendo um aumento significativo dos rendimentos dos trabalhadores nas outras regiões do Brasil.
Considerando alguns Estados, observa-se claramente que houve uma diminuição sistemática na participação do rendimento do trabalho em uns e aumentos contínuo em outros. Por exemplo, os trabalhadores do Estado de São Paulo em 1995 ficavam com 34,6% do total do rendimento do trabalho do Brasil, em 2009 essa participação passou para 28,5%. Nesse mesmo período, o Estado do Rio de Janeiro passou de 10,9% para 10,4%, Minas Gerais de 9,5% para 10,1%. Em praticamente todos os Estados do Nordeste houve aumento na participação dos trabalhadores no rendimento da renda nacional do trabalho.
É bastante confortante obsevarmos que regiões mais pobres estão conseguindo aumentar significativamente os rendimentos dos seus trabalhadores, tanto em quantidade de trabalhadores quanto em valor unitário dos salários. Observa-se isso de forma mais clara pelos números dos fluxos migratórios existentes atualmente no país. Aquela quantidade enorme de pessoas que saiam do Nordeste em busca de oportunidades em alguns estados do Sudeste não se verifica mais. Agora, muitas oportunidades estão lá no próprio estado de origem além disso, as principais cidades do Sudeste estão saturadas e apresentam uma série de dificuldades para aqueles que buscam oportunidades, mas que não possuem um bom preparo técnico. Felizmente, essas pessoas não precisam mais deixar seus familiares e amigos para sofrerem humilhações em terras distantes.
Comentários
Postar um comentário