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O sacrifício do povo brasileiro para pagar os juros da dívida pública do Brasil

Os compromissos financeiros de uma pessoa, de uma empresa ou de um ente público ou do setor público como um todo sempre levam cada um desses compromissados a sacrificarem o próprio consumo ou investimento para poderem honrar a dívida. Os recursos devidos foram úteis em algum momento em que supriu alguma necessidade do devedor, entretanto, em momento posterior o emprestador quer receber o valor emprestado acompanhado de um valor adicional que corresponde aos juros pagos pelo empréstimo, o custo dos recursos emprestados. Existem poucas pessoas adultas, empresas, instituições e governo que não possuem dívidas, a regra é que devam algum recurso a terceiros.

No caso do setor público brasileiro, a sua dívida é alta e tem um custo bastante significativo e o sacrifício que o brasileiro faz para honrar a dívida pública do Brasil é muito grande. Somente em 2011 o setor público brasileiro pagou em juros de sua dívida R$ 236,7 bilhões, correspondendo a 5,72% do PIB que é estimado em R$ 4,13 trilhões. Desse valor, R$ 180,5 bilhões foram pagos pelo governo federal, R$ 43,66 bilhões pelos governos estaduais, R$ 9,27 bilhões pelos governos municipais e R$ 3,19 pelas empresas estatais, excetos as dos grupos Petrobrás e Eletrobrás. Esses valores astronômicos de juros que os brasileiros pagaram em 2011 somente por intermédio do setor público são correspondentes a uma dívida bruta de todos os entes públicos que no final de 2011 atingiu o valor de R$ 2,24 bilhões, equivalente a 54,3% do PIB.

O sacrifício do povo brasileiro para pagar os juros da dívida pública está consubstanciado o superávit primário do setor público em 2011. O valor que o governo, em seus três níveis, conseguiu deixar de gastar para pagar juros foi de R$ 128,7 bilhões, correspondendo a 3,11% do PIB. Como visto acima, esse valor não foi suficiente para pagar todos os juros devidos no ano passado. O governo teve que recorrer a outros meios para honrar os seus compromissos financeiros tais como emissão de moeda, venda de títulos, etc.. O sacrifício teve participação de todos os entes. O governo federal entrou com 2,24% do PIB no superávit do setor público, os governos estaduais com 0,72%, os governos municipais com 0,08% e as empresas estatais, excetos as dos grupos Petrobrás e Eletrobrás, com 0,07% do PIB.

Os recursos despendidos com o pagamento de juros são em montante significativo que afeta em grande magnitude o atendimento das necessidades da população, notadamente aquelas pessoas mais carentes e que requerem com mais frequência a presença do Estado em sua vidas. A honestidade é a maior riqueza de uma pessoa e assim também é para o Estado, ele tem que pagar todos os valores que deve incluindo o custo desses valores que foram anteriormente pactuados. Mas uma coisa bem diferente é fazer com que precise muito menos de recorrer a recursos emprestados, sejam dos cidadãos brasileiros ou do exterior, para atender as suas necessidades. Faz-se necessário que sejam criados mecanismos que diminuam significativamente a dívida pública do Brasil, diminuam as taxas de juros cobradas por ela e aumente razoavelmente os prazos de vencimento de cada contrato de divida negociado.  O povo brasileiro não pode ser mais sacrificado como está sendo até agora para pagar esse valor tão alto de juros da dívida pública.

Comentários

  1. Professor, só uma correção:
    onde o sr. diz: "2011 atingiu o valor de R$ 2,24 bilhões, equivalente a 54,3% do PIB." entenda-se "trilhões".
    ótima matéria.
    Abs.

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