As transações comerciais entre os países são altamente significativas para o desenvolvimento, o progresso, a sustentabilidade do crescimento econômico e riqueza da população. Países que possuem um alto coeficiente de exportação tem uma alta probabilidade de experimentar período longo de crescimento sem problemas importantes com desequilíbrios. A dinâmica das atividades relacionadas a produtos e serviços transacionados com países estrangeiros é muito mais forte do que a dos que são transacionados quase que somente na economia doméstica. Exemplos disso aqui no Brasil são dois tipos de produtos que ao longo dos últimos anos tem apresentado trajetórias distintas quanto a quantidade e valor exportado: os produtos primários e os produtos manufaturados.
No período de 2005 a 2011, a quantidade de produtos manufaturados exportados pelo Brasil teve uma queda de 14,4% enquanto que o quantitativo dos produtos básicos exportados aumentaram 41,1% nesse mesmo período. Isso fez com que a participação dos produtos primários no total das exportações brasileiras passasse de 29,3% para 47,8% e a dos produtos manufaturados caísse de 55,1% para 36,0%, percentual mais baixo em 30 anos. Boa parte desse ganho de participação nas exportações do Brasil obtida pelos produtos primários foi graças ao aumento de preços no mercado mundial. Os produtos industriais exportados pelo Brasil tiveram os preços aumentados em 65% enquanto que o aumento dos preços dos produtos primários no mercado mundial foi de 150% nesse período de sete anos.
A verdade é que o Brasil tem perdido participação no comércio mundial de produtos manufaturados e ganhado no comércio de produtos primários. Em 2005, o Brasil era responsável por 0,81% das exportações de produtos industriais, em 2010 essa participação era de apenas 0,69%. Enquanto isso, em 2005 o país era responsável por 1,95% das exportações mundiais de produtos primários, mas em 2010 essa participação passou para 2,76%. Não é difícil entender porque os maiores ganhos de produtividade do trabalho obtidos nos últimos anos se encontram no setor primário da nossa economia. A dinâmica imposta ao setor em razão dos ganhos substanciais obtidos por causa do aumento de preços de muitos produtos agrícolas e seus derivados fizeram do setor da agropecuária o que mais cresce na economia brasileira.
Os dirigentes do país necessitam ter em mente que economia brasileira precisa alterar significativamente a sua pauta de exportação. Em 2011, por exemplo, tivemos um superávit comercial de US$ 29,8 bilhões, entretanto, na balança de serviços e rendas tivemos um déficit de US$ 85,2 bilhões, gerando o déficit em transações correntes de US$ 52,6 bilhões que foi coberto pelos investimentos estrangeiros no país, por empréstimos de médio e longo prazos e por aplicações de estrangeiros no país. Isso, evidentemente, leva o país a ter responsabilidade no futuro tendo em vista que terá que devolver esses recursos no futuro, seja dos empréstimos, aplicações financeiras ou investimentos. No caso dos empréstimos e aplicações financeiras, o país, setores público e privado, tem que devolver o principal e os juros. No caso dos investimentos, o país irá pagar aos proprietários desses recursos os lucros e dividendos repatriados. Vale salientar que somente em 2011 os lucros e dividendos que o Brasil repassou para residentes em outros países foram de US$ 38,2 bilhões.
O Brasil que tem pretensões de ser uma nação rica, precisa urgentemente reverter essa situação de vendedor de produtos de pouco valor agregado e passar a vender produtos com alta qualidade e que tenham muito valor. Incentivos devem ser dados para que sejamos mais dinâmicos em nossas exportações e passemos a ser menos dependentes do capital estrangeiro. Entre as várias ações que deve ser realizadas para se obter resultados que deixem o país em situação muito melhor do que estamos vivendo, as principais são: diminuir a burocracia existentes relacionados a negócios, baixar vertiginosamente os juros cobrados no país, qualificar os trabalhadores, melhorar a infra estrutura, principalmente estradas, portos e aeroportos e aumentar significativamente as taxas de investimentos. Esse último ponto, pode ser considerado como o mais importante de todos os elencados acima. Para ser um ator importante no mercado mundial, o Brasil precisar vender muito mais mercadorias de origem não agrícola.
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