A competição tem se tornado a tônica na maioria das circunstâncias pelas quais tem o ser humano como protagonista. Seja no trabalho, nos relacionamentos pessoais e sociais os vencedores, quem faz mais, quem tem mais, quem gera os melhores resultados são sempre os mais valorizados. O conceito de competitividade tem estado presente na ciência econômica desde os seus primórdios com os trabalhos de Adam Smith e David Ricardo. Para esses autores, notadamente para o primeiro, as pessoas e as empresas deveriam competir entre si que ao agir dessa forma fariam muito melhor e todos sairiam ganhando, mesmo que essa não fosse a intenção em cada ação tomada individualmente. A ideia básica por trás disso é que no ambiente competitivo as pessoas buscam sempre dar o máximo de si, procurando sempre fazer mais e melhor. Assim, a sociedade como um todo sairia ganhando porque todos produziam mais e ganhariam mais.
Entretanto, essa prática tem se revelado bastante cruel para muitos, gerando mais perdedores do que ganhadores. Nesse sistema, somente os mais fortes, os mais bem preparados conseguem ter êxito e saírem como vencedores. Considerando uma sociedade, um país, esse sistema não tem cabimento, sempre deve haver alguma regulação por parte do Estado e este sempre deve está presente para segurar na mão do mercado ou das pessoas quando estes estiverem fracos e prestes a cair. O socorro do Estado é fundamental, a autossuficiência do mercado é um mito pelo qual não deve existir nenhuma crença. As deficiências apresentadas pelo mercado não muito superiores do que a tão comentada eficiência do setor privado. As assimetrias são imensas e não se resolvem por si próprias. Na verdade, nem o Estado deve sobreviver sem o mercado e nem este deve sobreviver sem o Estado.
A tão discutida falta de eficiência do Brasil para competir com países estrangeiros no mercado mundial são causadas tanto pelo mercado quanto pelo Estado. Muitos fatores que influenciam a dificuldade de competir com vários países no comércio exterior têm as próprias empresas e o governo como responsáveis. Por exemplo, a perda acentuada do peso da indústria no PIB brasileiro e o altíssimo déficit que o Brasil incorre no comercio mundial de produtos industriais são causados principalmente pelos escassos investimentos que a indústria realiza na criação de tecnologia e inovações, pela baixa qualidade no ensino no país, pela taxa de câmbio muito valorizada, pela taxa de juros altas causada principalmente pelos altos juros que o setor público paga de sua dívida.
Para que o Brasil possa ser competitivo na área econômica é necessário que haja uma forte cooperação entre o Estado e o mercado vislumbrando o aumento da qualidade e da quantidade de nossos produtos e serviços. Temos que ter produtos de alta qualidade competindo em todos os mercados do mundo, não podemos ter cerca de 70% das nossas exportações constituídas de produtos primários. São tipos de exportação com muito pouco valor agregado. As empresas não devem ficar esperando pelo governo para agir, precisam, de fato, fazer a sua parte. Para que a competitividade no Brasil não produza mais perdedores do que ganhadores, é preciso que haja uma revolução que seja consubstanciada no aumento vertiginoso da qualidade do ensino, uma diminuição dos juros da dívida pública e outros gastos do governo que levem à diminuição da carga tributária, aumento significativo nos investimentos na criação de novas tecnologias e outros tipos de inovações, depreciação da taxa de câmbio, melhoras nos nossos sistemas de transportes ente outras ações.
Bom texto. Complemento: neste País, somente uma reforma moral e ética na mente dos brasileiros(independente do nivel sócio-econômico) é que se atingirá o estágio de execelência, bem próximo dos países civilizados. O descaso e o pouco interesse pelo propósito comum ecoam não somente entre as classes abastadas(e "cultas"!!), mas permeiam também o "andar de baixo"(classes C, D, E e etc...), que absorveram a cultura da "lei de Gerson". Como se projetar um futuro melhor, se o individuo é ensinado que somente "dando um jeitinho" é que ele "chegará lá"? Por isso temos "cotas", "bolsas", "isenções", "auxílios", "benefícios", "programas", "fundos"(para isto ou aquilo), em detrimento do trabalho honesto, produtivo e realizador. Afinal, quem quer perder a chance de curtir uma praia, uma festa para ficar ralando ?
ResponderExcluir