A migração no Brasil é um fenômeno que vem desde há muito tempo, sempre que existe alguma região ou cidade com processo de desenvolvimento mais acelerado do que as demais é natural que ocorra um forte fluxo de entradas de pessoas provenientes de áreas menos desenvolvidas. Apesar de existirem muitas cidades médias com nível de desenvolvimento muito significativo, são os grandes conglomerados de cidades, notadamente as principais regiões metropolitanas brasileiras, aonde os perfis dos fluxos de pessoas vindas de outras áreas são mais claras de serem demonstradas. No nosso país existem muitas grandes cidades, somente nas dez principais regiões metropolitanas moram 31% da população brasileira. Nessas áreas, evidentemente, vivem pessoas que vieram das mais diversas regiões brasileiras e até mesmo de outros países.
Em trabalho recente, o IPEA, utilizando dados obtidos da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) de 2009, mostrou várias facetas do processo migratório no Brasil. Uma das informações importantes é qual o percentual das pessoas em idade adulta que moram nessas áreas com várias cidades interligadas onde vive uma quantidade enorme de pessoas que vieram de outros estados. A região metropolitana em que tem o maior percentual de pessoas vindas de outros estados é a Grande São Paulo onde 45% de sua população com idade entre 30 e 60 anos vieram de outros estados. O Distrito Federal apresentou 75% de sua população nessa idade vindas de outros estados, mas essa Unidade da Federação é bem peculiar das demais. As demais Regiões Metropolitanas apresentaram os seguintes percentuais de pessoas com idade compreendida na faixa acima que vieram de outros estados: Rio – 22%, Curitiba – 21%, Belém – 11%, Fortaleza – 9%, Recife, Salvador e Belo Horizonte – 8% e Porto Alegre – 6%.
A Região Metropolitana mais importante, mais rica e que influencia praticamente todas as demais, com 10,2% de toda a população brasileira, é a de São Paulo. Em razão disso é interessante observar com mais um pouco de detalhe o perfil dos imigrantes dessa área tão importante do Brasil. Das pessoas que vivem na Grande São Paulo e que tem idade entre 30 e 60 anos, 54% nasceram nas cidades que compõem a essa região ou nasceram nas outras cidades do estado de São Paulo, 1% é proveniente de outros países e o restante dos outros estados brasileiros. Os principais grupos que vieram dos outros estados e os respectivos percentuais em relação à população que vive na região na idade compreendida entre 30 e 60 anos são os seguintes: baianos – 11%, mineiros – 8%, pernambucanos – 7%, paranaenses – 4% e cearense – 3%. Vale salientar que muitos dos que nasceram na Grande São Paulo são filhos de imigrantes e são contabilizados como não imigrantes.
Das pessoas que moram na Grande São Paulo na idade entre 30 e 60 anos, 16,8% possuem o superior completo. Entretanto, para os imigrantes vindos dos diversos estados o perfil de formação é bem diferente. 24,3% dos paulistas possuem o superior completo, os paranaenses – 12,2%, os mineiros – 10,9%, os baianos – 3,19%, os cearenses – 4,7% e os pernambucanos – 3,49%. Quanto aos rendimentos também existe uma disparidade muito grande. No geral, dos que moram nessa região metropolitana e possuem idade compreendida na faixa mencionada, 18,3% ganham acima de três salários mínimos. Considerando os principais grupos que vivem nas cidades da Grande São Paulo quanto às pessoas que ganham acima de três salários mínimos tem-se o seguinte: paulistas – 26,2%, paranaenses – 12,4%, mineiros – 12,6%, pernambucanos – 4,7%, baianos – 4,7% e cearenses – 4,2%.
Pessoas migram de suas cidades de origem pelos mais diferentes motivos, mas o principal é a busca por oportunidade de melhorar de vida. Infelizmente, muitos não encontram o que esperavam encontrar e amarguram desilusões, humilhações e, muitas vezes, perda da esperança. Viver longe das origens é sempre doloroso, notadamente quando o objetivo traçado não é alcançado. Para que isso ocorra em muito menor escala do que ocorre atualmente, é necessário que políticas de desenvolvimento regional, principalmente no Nordeste, sejam implantadas com bastante vigor e rigor. Pelos números apresentados acima e considerando que os nordestinos são os que menos vivem sem remuneração (ou seja, mesmo ganhando muito pouco quase sempre estão trabalhando mesmo em subemprego) entre os que moram na Grande São Paulo pode-se dizer que essas pessoas são trabalhadoras, interessadas e que merecem oportunidades. Seja em São Paulo, nas suas cidades de origem ou em qualquer lugar do território brasileiro todos os brasileiros merecem oportunidade para viver melhor.
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