Uma área muito importante da economia brasileira e altamente sensível às variações das atividades econômicas é o setor da construção civil. Além de ser absorvedor de mão de obra menos qualificada também absorve mão de obra de pessoas altamente qualificadas como os engenheiros, arquitetos e outros profissionais responsáveis pela elaboração e execução de obras gigantescas espalhadas por todo o país. Ao redor dessa área existe toda uma indústria responsável pela fabricação dos mais diversos tipos de produtos que são fundamentais para a conclusão de projetos de construção, desde a construção de uma simples casa até uma grande rodovia ou ferrovia, os materiais de construção.
Em uma publicação recente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentou informações relevantes e bastante esclarecedoras a respeito desse ramo da nossa economia. Em suas três áreas, construção propriamente dita, incorporação e serviços, o ramo da construção civil faturou em 2009 o valor de 199,5 bilhões de reais. Desse valor, 44,1% são referentes a obras públicas, correspondendo a 85,5 bilhões de reais. As 63,74 mil empresas existentes naquele ano empregavam 2,05 milhões de pessoas que custaram às empresas 48,3 bilhões de reais, correspondendo a 30,3% dos custos totais das empresas do ramo. O valor dos gastos com salários e outros tipos de rendimentos do empregados foram 31,45 bilhões de reais. Vale observar que naquele ano o salário médio do ramo da construção foi de R$ 1.196,00.
Essa área além de ser muito influenciada pelos investimentos do governo e a construção de obras públicas de grande magnitude também é muito influenciada pelo sistema de crédito, notadamente o crédito mobiliário. Por exemplo, em 2009 o crédito da caderneta de poupança foi responsável por R$ 34 bilhões para a construção civil e do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) vieram mais R$ 16 bilhões. Os gastos são bastante vultosos nas várias fases do processo de construção, necessitando de valores muito significativos para a implementação de qualquer tipo de obra. As próprias empresas de construção necessitam de realizar investimento em ativos imobilizados cujo montante em 2009 foi de R$ 5,79 bilhões. São gastos com edificações, veículos, máquinas e equipamentos, entre outros.
Em 2009, as empresas de construção com 30 ou mais pessoas empregadas realizaram obras cujo valor total foi de R$ 167,4 bilhões. Desse valor, 1,8% refere-se à incorporação de empreendimentos imobiliários, 17,1% a obras residenciais, 18,4% a edificações residenciais, industriais e a outros tipos de edificações não residenciais, 49,7% a obras de infraestrutura (rodovia, ferrovia, gasoduto, transmissão de energia, entre muitas outras), 13,2% a serviços especializados (administração de obras, terraplenagem, entre outros). Esse grupo de empresas a mais relevante no universo das empresas de construção, haja vista que a quase totalidade da empresas que realizam obras de vulto mais significativo possuem no mínimo 30 empregados.
Evidentemente que o IBGE não incluiu em sua pesquisa as centenas de milhares de brasileiros que realizam um puxadinho de suas residências, quando não constroem toda a casa seja com a ajuda física de parentes e amigos ou a contratação verbal de um profissional que trabalha informalmente. Se isso fosse levado em conta, certamente teríamos um valor muito maior no faturamento e na importância da construção civil para a economia brasileira. De fato, a informalidade e o fato de muita gente aproveitar os finais de semanas ou outros períodos, como o período de férias, para elas próprias realizarem a construção e reformas de suas residências esconde um valor muito alto que poderia ser incorporado ao ramo. Também não foram levados em conta as indústrias que produzem os materiais de construção e nem os milhares de depósitos de matérias de construção espalhados por todo o Brasil. Mas, de qualquer forma, os números apresentados acima, mostram a relevância desse mercado para a economia brasileira.
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