O ano de 2010 foi extremamente bom para a grande maioria das empresas brasileiras. Em praticamente todos os ramos de atividade se logrou obter resultados extraordinários. Os lucros obtidos foram fabulosos, o que sinalizam que a robustez de nossa economia tem fundamentos seguros e sustentáveis. Ao mesmo tempo, é interessante refletir sobre o destino de parte desses lucros. É verdade que uma parte vai para o imposto, mas inda sobra uma quantidade enorme de recursos.
Dos balanços divulgados até o final de fevereiro, todos vêem recheados de resultados muito animadores, com lucros que beiram a nível fabuloso. O setor bancário, como em quase todos os anos, apresentou números excepcionais. Somando os lucros dos cinco principais bancos no Brasil em 2010 obtém o valor de R$ 46,05 bilhões. Esse lucro é praticamente equivalente ao orçamento do estado do Rio de janeiro de Janeiro que tem uma população de 16 milhões de pessoas que aprovou um orçamento de 47,4 bilhões para todos os gastos no ano de 2010, inclusive com os aposentados e pensionistas do estado.
Quando se observa os altos spreads cobrados pelos bancos o que reflete nas altas taxas de juros na obtenção dos empréstimos no setor bancário, o nosso pensamento nos leva diretamente para esse momento do ano quando são divulgados os resultados das empresas em geral e dos bancos em particular.
Certamente, com esses lucros tão grandes do setor bancário, os juros cobrados deveriam ser muito menores. A regulamentação da área, principalmente o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional deveriam ter o cuidado de não haver uma transferência de recursos e riqueza dos indivíduos para as grandes corporações do sistema financeiro nacional. É exatamente isso que está acontecendo, as pessoas estão transferindo as suas riquezas e rendas para os bancos por meio das altas taxas, tanto de juros quanto de serviços. Essas taxas deveriam ser muito mais baixas e os bancos ainda obteriam lucros altos.
Outros setores onde as empresas obtiveram lucros muito altos foi a de mineração e a de petróleo. Ambas são praticamente monopólios e gozaram de situações extremamente favoráveis tanto interna quanto externamente. A Petrobrás, que apesar da quebra do monopólio da área, na prática é a única empresa brasileira do setor, obteve, mais uma vez, o lucro recorde de R$ 35,2 bilhões em 2010. A Vale que vem se beneficiando de várias vantagens tais como os preços extremamente altos de minério de ferro no exterior e das altas taxas da demanda da China, entre muitos outros, teve um lucro de R$ 30,1 bilhões no ano de 2010.
O somatório dos lucros da Vale e da Petrobrás em 2010 é quase equivalente ao somatório dos orçamentos da cidade de São Paulo (R$ 27 bilhões) e do estado Minas Gerais (R$ 41 bilhões). A população total estimada para a capital paulista e o estado mineiro é de 31 milhões de pessoas. Assim, pode-se concluir que os lucros de apenas duas empresas brasileiras são suficientes para cuidar de uma população equivalente ao dobro da população do Chile.
É difícil de admitir que instituições lucrem tanto sem que parte dos benefícios sejam repartidos com a população. Será que somente em época de crises na economia é que a população pague com os desempregos, deficiências nos serviços públicos, aumento na pobreza e mais uma série de dificuldades que a população enfrenta? É necessário que sejam tomadas novas diretrizes onde as empresas busquem o lucro, mas que estes não sejam tão escandalosos e tão vergonhosos para o resto do nosso povo.
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