Pular para o conteúdo principal

O reajuste do salário mínimo e suas consequências


A discussão que se tem tido ultimamente em torno do salário mínimo nos leva a pensar na sua importância para muitas pessoas e os seus desdobramentos para toda a sociedade brasileira. O trabalhador brasileiro tem um dos salários mais baixos e desiguais encontrados nos países com grau de desenvolvimento compatível com o nosso. Isso, evidentemente, ajuda a aumentar a importância do salário mínimo para os brasileiros. Dada essa importância, o governo implantou uma regra de reajuste para o valor do salário mínimo no Brasil. Quais são os pontos principais dessa regra de reajuste? Quais as conseqüências dessa regra para a nossa economia? Essa regra é justa?


O salário médio do brasileiro é muito baixo, mas, entretanto, existe uma pequena minoria ganhando salário astronômico tanto no setor privado quanto no setor público e uma imensidão de pessoas ganhando apenas o piso salarial, que por definição é o salário mínimo. Mais da metade dos trabalhadores brasileiros ganha até dois salários mínimos, cerca de 28,3 milhões de trabalhadores ganham apenas o piso salarial e em torno de 18,7 milhões de aposentados e pensionistas ganham um salário mínimo da previdência social.


Deve-se levar em conta que uma parte significativa dessas pessoas que está na ativa ganhando o piso está trabalhando em prefeituras espalhadas por todo o país, principalmente nas pequenas cidades. No setor privado existe a possibilidade de ajuste na força de trabalho por meio da dinâmica própria do setor privado, no setor público os ajustes são mais rígidos e as leis vigentes dificultam muito isso. De forma que existem muitas prefeituras que sofrem muito com um ajuste significativo do salário base da economia.


Todos nós sabemos que a distribuição de renda em nosso país é extremamente injusta e desigual. Uma das formas para amenizar esse problema crônico é ter um salário mínimo que leve dignidade para as pessoas que o receba. Para atender esse objetivo, nos últimos 16 anos o salário mínimo teve um ganho significativo em termos reais, no governo Fernando Henrique Cardoso o aumento real foi de 44,7% e no governo LULA esse aumento foi de 57,3%. Mas, mesmo assim, ainda está muito abaixo de um patamar que se poderia dizer que seja justo.


Para que esse processo de valorização do salário mínimo tenha continuidade, em 2006 foi assinado um acordo entre o governo e os sindicalistas em que o salário mínimo passaria a ser reajustado pela inflação do ano anterior e pela variação do Produto Interno Bruto de dois anos anteriores. Essa regra enseja um ganho real, tendo em vista que em regra geral a economia sempre cresce, salvo raras exceções como a que ocorreu em 2009.


Além do problema sério nas prefeituras dos pequenos municípios, tem o caso mais grave ainda na previdência social onde quase vinte milhões de beneficiários ganham o piso. Este é o problema mais sério e que dificulta um reajuste mais consistente do salário base de nossa economia. Caso tenha um reajuste mais substancial pode-se ter um colapso no nosso sistema previdenciário. Com o reajuste embutido na regra em processo de aprovação no Congresso Nacional levará dificuldades para a previdência, mas serão atenuadas porque está vinculado ao aumento da economia, que elevam as receitas previdenciárias. Qualquer outro reajuste que seja superior ao aumento do PIB torna-se totalmente inviável.


Essa regra é a mais justa que a sociedade pode oferecer para aquelas pessoas que possuem seus rendimentos vinculados ao salário mínimo, sejam como trabalhadoras ou aposentadas ou pensionistas. A dinâmica da nossa economia deverá levar a patamares onde o salário mínimo deixará de ser importante, mas até chegarmos a esse momento devemos traçar caminhos e meios que levem a nossa economia a caminhar firme e sem sobre saltos em direção do desenvolvimento, crescimento e distribuição de renda para toda a sociedade brasileira.

Comentários

  1. Olá Francisco.

    Quando os governantes estiverem a serviço da população brasileira e a gestão da coisa pública for colocada acima das aventuras eleitorais. Talvez aí tenhamos uma discussão séria sobre o salário mínimo. Sem reformas reais e decentes: tributária, fiscal, monetária, previdenciária e sobretudo política. Vamos continuar num país de faz de conta, com salários de ficção, numa economia para enriquecer especuladores e proliferar o fisiologismo politiqueiro.

    Um abração.

    ResponderExcluir
  2. Quando o governo se preocupar em acabar com os gastos públicos, arrumar a casa e deixar de gastar, ai sim, teremos um país melhor. O problema reside no fato de apertar o "cinto" do trabalhador, mas continuar gastando. Se conseguimos emprestar dinheiro ao FMI, pq não conseguimos dar um salário mínimo digno? Entendeu? Fazer bonito com ochapéu alheio é mais fáCIL.

    ResponderExcluir
  3. Na minha opinião o salário-mínimo será sempre mínimo, pois a economia se ajusta ao seu valor e o poder de compra não aumenta.

    ResponderExcluir
  4. Olá
    Francisoo

    Por mais que nos expressamos sobre o sálario minimo enquanto muitos outros ganham salarios astronomico, parece que palavras não sensibiliza os que estão por cima da marmelada. Leioa meu blog. Http:// notuladistensor.blogspot.com. - EXTINGUIR O SALARIO MINIMO
    uM ABRAÇO

    ResponderExcluir
  5. Olá,
    Tem um selinho pra você lá no meu blog...
    Depois passa lá pra pegar ;)
    Beijinho ;♥

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete...

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO NO RENDIMENTO DO SALÁRIO

É indiscutível a importância do estudo para alavancar o rendimento e a produtividade do trabalho das pessoas, mas ainda não tínhamos uma medida exata para o mercado brasileiro da contribuição da educação para o rendimento do trabalho. No início de outubro deste ano, a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) publicou um trabalho em que são apresentadas informações relevantes a respeito da influência do estudo no rendimento do trabalho ou o retorno no investimento em capital humano. Existe uma diferença entre o capital humano geral caracterizado como o aprendizado no ensino fundamental, médio e superior e o capital humano específico que o indivíduo adquire através de sua experiência profissional e cursos específicos. O último é perdido, ao menos em parte, quando o indivíduo passa a exercer outra atividade bem diferente da que exercia, enquanto que o primeiro tipo de capital humano só é perdido com a morte do indivíduo. Em analisando pessoas do mesmo sexo, raça, idade e localid...

UM NATAL PARA TODOS NÓS

Segundo a crença de bilhões de cristãos e não-cristãos, há 2.008 anos nasceu um Menino que viria para libertar a humanidade de toda opressão, angústia, morte e de todo pecado. Jesus nasceu no meio dos mais pobres e humildes e entre os animais para ser o Rei. Este Rei Todo Poderoso, seria acima de tudo, o Rei da bondade, do perdão, do amor, da união, da humildade e da misericórdia. Jesus nasceu para ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele encontramos o caminho para nossa liberdade, a verdade em tudo que ele falou e pregou às mais diversas platéias e a vida, a vida eterna. Na vida eterna não terá sofrimento, maldade de qualquer espécie, onde o respeito impera entre todos, será uma vida de felicidades, amor, alegrias e de todas as coisas boas que não terão fim. Nos dias atuais, onde muitos não respeitam o seu semelhante, não respeitam o direito do outro e se acham no direito sem de fato tê-lo, a presença de Jesus é muito importante. Muitas pessoas talvez digam que a maldade, o pr...