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A nova classe dominante no Brasil


O Brasil sempre foi caracterizado como o país que tem muita pobreza e um alto nível de desigualdade de renda. A pobreza povoa as mais diversas regiões de nosso país em toda a sua história, umas regiões com muito mais do que outras, mas sempre a pobreza estava presente seja nos grotões do interior mais afastado até nas favelas dos grandes centros urbanos. Entretanto, nos últimos anos, em razão de diversos fatores, uma quantidade muito grande de pessoas está melhorando de vida e almejando alcançar degraus mais altos na escala social da sociedade brasileira.


Recentemente a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV) publicou um trabalho no qual mostra claramente que a vida para milhões de brasileiros teve uma acentuada melhora nos últimos sete anos. Após duas décadas de estagnação em termos de melhora de renda, no período de 2003 a 2008 houve considerável melhora e uma grande quantidade de ascendências de classes sociais. Nesse período, o número de pessoas que passaram a pertencer à classe AB (rendimento mensal familiar acima de R$ 4.807, em valores de 2008) foi de seis milhões, nesse último ano o número de pessoas que pertenciam a essa classe totalizava 19,4 milhões. As pessoas que pertenciam à classe C (rendimento familiar por mês entre R$ 1.115 e R$ 4.807) passaram de 37,56% para 49,22% da população brasileira, totalizando 91 milhões de pessoas no último ano. Nesse período, 25,9 milhões de pessoas deixaram as classes mais baixas e ingressaram na classe C.


Houve uma redução significativa no número de pessoas pertencentes às classes mais baixas. Na classe D (rendimento familiar entre R$ 768 e R$ 1.115) houve uma redução de 1,5 milhão de pessoas enquanto que na classe E (rendimento abaixo de R$ 768) houve uma redução de 19,4 milhões de pessoas, representando uma queda de 43%. Pela metodologia da FGV, as pessoas pertencentes à classe E são classificadas como pobres ou miseráveis. Em 2008, haviam no Brasil 45,3 milhões de pessoas pertencendo à classe D, 24,35% da população brasileira, e 29,9 milhões de pessoas vivendo na pobreza ou miseráveis, correspondendo a 16,2% da população brasileira. No período, cerca de 32 milhões de pessoas entraram em uma das classes mais altas, AB e C. Também nesse período, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 21,11% enquanto que a dos 10% mais pobres aumentou 58,8%. Isso significa que as pessoas pertencentes à base da pirâmide social no Brasil tiveram um aumento muito maior do que o aumento dos mais ricos. Entretanto, como a diferença é muito grande, isso passa praticamente de forma imperceptível.


Existe uma percepção no meio da população em geral de que a renda cresce em razão dos programas sociais do governo. Nesse período, a renda proveniente de todas as fontes aumentou, em média, 5,26% ao ano, enquanto que a renda proveniente apenas do trabalho teve um aumento de 5,13% por ano. Isso significa que embora a renda proveniente dos programas sociais seja muito importante ele não determinante para o aumento da renda em geral. Programas como o Bolsa Família são importante para pessoas pertencentes à classe E, representando 16,25% da renda dessas pessoas, ao passo que os maiores beneficiados dos reajuste do piso da Previdência Social são as pessoas pertencentes à classe D, com 12,6% da renda deles. No mesmo período, constatou-se que a renda do trabalho do homem do Nordeste aumentou, em média, 7,3% ao ano, o que vai totalmente contra a idéia de que a maior parte da renda das pessoas daquela região é proveniente do assistencialismo do governo.


É preciso que o governo que irá assumir no próximo ano tenha a sensibilidade suficiente para que mantenha essa política de inclusão social, onde o resultado é o ingresso de milhões de pessoa no mercado de consumo de mais produtos e serviços, o que é bom para todos. A nova classe social surgida dessa política, a classe C, constitui na mais importante tanto do ponto de vista do número de pessoas quanto do ponto de vista da renda. Essa nova classe média além de ter quase a metade da população brasileira, tem 47% da renda do Brasil, enquanto as pessoas pertencentes à classe AB fica com 44%. O Brasil com toda a sua riqueza e potencialidade merece tirar essa mácula terrível onde pessoas vivem na abundância, luxúria e desperdícios enquanto uma multidão vivendo na miséria e na penúria. Todos devem ter oportunidade de construir uma vida digna com paz, prosperidade e progresso.

Comentários

  1. Olá Francisco, ótimo post e uma boa notícia.
    A migração de classe social provoca aumento do consumo e consequentemente aumento do PIB. Temos que monitorar o resultado de 2010 e 2011.
    Abs.

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  2. Saudações!
    Que Post Fantástico!
    Amigo Francisco Castro, esse é mais um artigo que você construiu com muito esmero amparado nos indicadores da FGV. Não tenho nenhuma dúvida de sua honestidade. Para ser sincero com você, eu perdi a confiança nos números dos institutos brasileiros, a cada troca de governos surge um festival de contradições. É uma diretoria administrativa que assume contestando a que sai, e isso é muito ruim.
    Por outro lado, como bom brasileiro e um cidadão que acredita no trabalhador brasileiro, na juventude, nos professores, mestres, empresários e industriais, vou ficar torcendo que todos os números vindouros sejam muito melhores.
    Vou continuar torcendo pelo meu País, para que surjam novas perspectivas palpáveis e realizáveis em termos de produção e geração de riquezas e suas justas distribuições para que possamos vislumbrar um mundo mais humano.
    Onde as riquezas conquistadas por cada um brasileiro se revertam em mais pesquisas nos diversos campos, que tanto as ciências necessitam. Onde o educador e um simples professor que se encontre lá na zona rural- nos rincões-, volte a sentir muito orgulho de ser um professor.
    Eu não sonho em ver os meus amigos atolados em dividas, para pagar uma casa própria, um carro em 60 meses e muito menos assistir ele correr todo fim de mês, para refinanciar um cartão de crédito. Sonho que ele possa dispor no hoje e no amanhã, de uma reserva na poupança para atender suas necessidades ou se presenteie com momentos de lazer.
    Parabenizo-o pela exaustiva pesquisa!
    Parabéns por mais um magnífico texto!
    Abraços fraternos,
    LISON.

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  3. Olá Amigo Francisco,

    Um excelente texto!

    PARABÉNS!

    Nenhum governo é perfeito e em todos os partidos e governantes há muita "sujeira", mas o Lula tem sido o melhor presidente que o Brasil já teve, e nada melhor do que os dados do seu texto para comprovar isto.

    Como seu texto diz, tomara que o próximo grupo que assumir o governo mantenha a mesma postura.

    Grande Abraço;
    Lauro Daniel

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  4. Sim, muito bom o post, mas as bases disso começaram em 1994 com o plano real, o bolsa familia veio do bolsa escola e o Luz para Todos é uma cópia de Luz no Campo, Henrique Meireles veio do Tucanato e comanda ainda a economia nos bastidores, Dilma e Mantega é que aparecem; Lula é inteligente seguindo a política econômica de FHC. "Papagaio como milho, periquito leva a fama". Bom Post, parabéns !!

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  5. E se todos se beneficiam com esta ascenção social, já que existe uma circularização muito maior na economia, como se explica a revolta de alguns contra isto?
    Seria a perda do status de minoria privilegiada?

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  6. Amigo Francisco,

    A ascensão das classes menos previlegiadas é um dado incosteste,é visivel,palpável.

    É de uma obviedade impar,se um cidadão consome,alguem tem que produzir e para produzir tem que empregar e o empregado consome,assim o circulo movimenta toda a economia,será que o Lula é tão inteligente,ou os outros eram tão burros?Lembrei de uma propaganda antiga de um certo biscoito,rs.

    Deixo aqui um endereço de uma reportagem bem interessante tambem

    http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,cresceu-e-veio-para-ficar,507612,0.htm

    Um forte abraço,amigo.

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