Pular para o conteúdo principal

A poupança deve ser alterada?

Existe um certo temor por parte de muitos poupadores de que os rendimentos da poupança serão severamente afetados por medidas do governo para adequar esse tipo de aplicação ao novo patamar de rendimentos das aplicações financeiras em virtude do menor nível de juros vigentes em nosso país. Não existem outras formas que mantenham a poupança nos mesmos moldes atuais sem afetar as outras aplicações?


No Brasil, existem atualmente quase 90 milhões de contas de poupanças das quais 95¨% são de até R$ 20 mil e 92,5% de até R$ 5 mil. Isso mostra que essa modalidade de aplicação financeira é extremamente popular e que agrega muitas pessoas pobres ou da chamada classe média baixa, mudanças significativas na poupança, certamente, traria muitos dissabores para muitas pessoas e afetaria de forma significativa a confiança no governo e nas instituições públicas, notadamente das instituições financeiras por uma parte muito grande da população. O valor total dos depósitos na caderneta de poupança está em torno de R$ 275 bilhões, constituindo-se da forma mais democrática e fácil de se conseguir realizar o sonho de ajuntar alguns recursos ao final de um certo período. Dada a facilidade com que se realiza tal aplicação e o baixo valor mínimo para se realizar a poupança, esta tem um forte cunho social.


A poupança que desde que foi instituída, em 1964, até os dias de hoje ajudou a muitas famílias a formar os seus patrimônios. Ela rende 6,0% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que nos últimos anos tem correspondido a um rendimento de cerca de um por cento, perfazendo um rendimento para a poupança de cerca de 7,0% ao ano nos últimos dois anos. Entretanto, alguns membros do governo passaram a advogar da idéia de diminuir o rendimento da poupança porque, segundo eles, com a diminuição das taxas de juros principalmente em razão da diminuição da taxa SELIC (que é a taxa básica da economia) as aplicações de renda fixa passariam a migrar para a poupança o que poderia ser muito prejudicial ao governo nos momentos de rolagem da dívida pública. Isso poderia ocorrer se houvesse uma migração muito forte das aplicações de renda fixa, que têm forte presença nos títulos públicos do governo, para a poupança. Como o mercado de renda fixa ficaria muito menor poderia não força suficiente para absorver toda a dívida pública que o governo precisasse rolar em determinada data, ou seja, que ao invés do governo pagar a dívida que vence nessa data ele faria um novo empréstimo ao próprio mercado para pagar essa dívida ao mercado.


Existem diversas propostas que visam a minimizar as perdas para o pequeno poupador e que deixe o sistema da caderneta de poupança como um instrumento de confiança e credibilidade para população brasileira. Uma das propostas que eu entendo como sendo uma das mais apropriadas para o momento, entretanto com um pouco de reserva, é a que visa taxar os rendimentos com Imposto de Renda as aplicações com saldo superior a 100 mil reais. Existem cerca de 294 mil contas com saldo acima desse patamar, com um saldo de aproximadamente R$ 70 bilhões. Corresponderia a 25% do valor total dos depósitos e a 0,33% das contas. Ou seja, o número de pessoas afetadas seria insignificante. Um dos argumentos mais convincentes para adotar esse critério é que os poupadores que possuem aplicações com saldo baixo raramente fazem aplicações em outras aplicações.


Existem formas e meios para que a poupança sobreviva com o mesmo formato atual mesmo com a desejável queda nas taxas de juros. Uma dessas formas é fazer com que as instituições financeiras abaixem o valor cobrado como taxa de administração das aplicações. Evidentemente, se a taxa SELIC continuar caindo será necessário alterar a forma de rendimento da poupança, entretanto, atualmente com a taxa SELIC em 10,25% ainda está um pouco distante de alcança o rendimento da poupança, em 7%. Imagina-se que na próxima reunião que definirá a taxa básica e que ocorrerá nos dias 09 e 10 de junho essa taxa sofra uma nova redução, provavelmente para 9,5%, mesmo com essa redução esperada até mesmo contas de poupança com saldo superior a cem mil reais não há necessidades de alteração nos rendimentos líquidos. Ainda assim, não haverá problema, somente haverá algum tipo de problema se a taxa básica ficar abaixo dos 8,0%, nesse caso terá que ser alterada a forma de rendimento da poupança, seja por diminuir a TR, diminuir o rendimento fixo de seis por cento, taxar uma parte do rendimento com Imposto de Renda. De qualquer forma, tivermos vivendo com uma taxa SELIC abaixo de oito por cento ao ano seria muito bom para todos os brasileiros.

Comentários

  1. Independentemente do critério que usem, só espero que, desta vez, não prejudiquem as camadas que tiram um pouquinho de seu sustento, com muito sacrifício.
    ABÇão
    MarGGa

    ResponderExcluir
  2. Francisco,
    Esse é um problema que o governo terá que enfrentar,eu não entendo muito de economia,mas acredito que a taxação de valores acima de um determinado valor,talvez seria uma forma correta de impedir que os grandes especuladores estraguem esse sistema que beneficia principalmente as pessoas mais humildes.
    Um forte abraço.

    ResponderExcluir
  3. Penso como o João, a poupança deve ser preservada.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete...

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO NO RENDIMENTO DO SALÁRIO

É indiscutível a importância do estudo para alavancar o rendimento e a produtividade do trabalho das pessoas, mas ainda não tínhamos uma medida exata para o mercado brasileiro da contribuição da educação para o rendimento do trabalho. No início de outubro deste ano, a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) publicou um trabalho em que são apresentadas informações relevantes a respeito da influência do estudo no rendimento do trabalho ou o retorno no investimento em capital humano. Existe uma diferença entre o capital humano geral caracterizado como o aprendizado no ensino fundamental, médio e superior e o capital humano específico que o indivíduo adquire através de sua experiência profissional e cursos específicos. O último é perdido, ao menos em parte, quando o indivíduo passa a exercer outra atividade bem diferente da que exercia, enquanto que o primeiro tipo de capital humano só é perdido com a morte do indivíduo. Em analisando pessoas do mesmo sexo, raça, idade e localid...

UM NATAL PARA TODOS NÓS

Segundo a crença de bilhões de cristãos e não-cristãos, há 2.008 anos nasceu um Menino que viria para libertar a humanidade de toda opressão, angústia, morte e de todo pecado. Jesus nasceu no meio dos mais pobres e humildes e entre os animais para ser o Rei. Este Rei Todo Poderoso, seria acima de tudo, o Rei da bondade, do perdão, do amor, da união, da humildade e da misericórdia. Jesus nasceu para ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele encontramos o caminho para nossa liberdade, a verdade em tudo que ele falou e pregou às mais diversas platéias e a vida, a vida eterna. Na vida eterna não terá sofrimento, maldade de qualquer espécie, onde o respeito impera entre todos, será uma vida de felicidades, amor, alegrias e de todas as coisas boas que não terão fim. Nos dias atuais, onde muitos não respeitam o seu semelhante, não respeitam o direito do outro e se acham no direito sem de fato tê-lo, a presença de Jesus é muito importante. Muitas pessoas talvez digam que a maldade, o pr...