Pular para o conteúdo principal

O gasto com os militares no Brasil é muito alto?

Sempre se questiona que os políticos, notadamente os da área federal, por sua ineficiência, seus altos gastos e pela utilidade de sua existência. Também recorrentemente o quanto se gasta para manter as estruturas do governo e do legislativo. Entretanto, se esquece que os militares constituem-se em um dos principais gastos com pessoal de toda a estrutura pública do Brasil. Qual a importância dos militares para a sociedade brasileira? Há necessidade do setor público brasileiro despender tanto dinheiro para manter esses militares? Não seria melhor que aplicasse boa parte dos recursos destinados aos militares para atender as necessidades de saúde e educação das pessoas mais pobres de nosso país?


No ano de 2008, os gastos do governo somente com salários e aposentadorias e pensões dos militares totalizaram R$ 32,43 bilhões (R$ 11,96 bilhões de salários e R$ 20,46 bilhões com aposentadorias e pensões). Isso corresponde a 31,0% de todos os gastos com pessoal em todo o executivo, incluindo todas as pessoas que trabalham nos ministérios, autarquias, saúde, educação, etc. Para se ter uma comparação, no legislativo se gasta com pessoal (salários e aposentadorias) R$ 5,97 bilhões, no judiciário o mesmo tipo de gasto foi de R$ 18,8 bilhões e no Ministério Público, foi de R$ 2,51 bilhões.


Além desses gastos tão grande, existem muitos outros com custeio e do dia-a-dia que são extremamente altos. No ano passado, somente com gastos de custeio discricionários (em que o governo realiza gastos sem que essa despesa esteja subordinada a qualquer tipo de lei ou alguma obrigação legal os chamados gastos discricionários) com os militares foram R$ 9,1 bilhões, isso sem contar os gastos com investimentos e os gastos de custeio que são obrigatórios.


Existe uma estrutura muito grande que requer muito gasto para manter em funcionamento ou em condições de uso. Somente em Brasília, existem cerca de 4.450 apartamentos disponíveis para os militares, os gastos exagerados de cartão corporativo como muito bem mostrou na edição desta semana a revista Isto É, que somente em saque de dinheiro com os cartões corporativos em poder dos militares foram mais de 2,2 milhões de reais no ano passado. Existem vários cargos no exterior em que um militar pode receber mais de R$ 40 mil por mês além de muitas outras vantagens de regalias estão disponíveis para essa classe, notadamente para quem é oficial e essas vantagens e regalias vão aumentando conforme aumenta a patente do oficial. Para quem é da base, geralmente tem muito trabalho, pouco salário e muita humilhação.


É chegada a hora da sociedade brasileira rever a sua política de gastos com os militares e suas atividades. Não devemos ter medo porque no passado os militares seqüestraram, torturaram e mataram muita gente que não podemos tocar nesse assunto e mostrar o problema: o Brasil gasta muito com os militares. Um ponto que precisa mudar logo é a questão dos gastos aposentadorias e pensões com os militares, é inconcebível que esse tipo de gasto corresponda 1,7 vez o valor total do salário dos militares. Esse ponto é muito claro que tem que mudar, um país como o Brasil que é pacífico que possui muita pobreza e desigualdade de renda para combater não pode se dá ao luxo de pagar gordas e fartas aposentadorias e pensões para militares e seus familiares, respectivamente. Eu até concordo que devemos ter forças armadas preparadas, mas condizentes com a vocação pacífica que o Brasil tem e sem essa distorção de gastos com os inativos é muito dinheiro gasto com essas pessoas que na maioria das vezes possuem um padrão de vida muito bom.

Comentários

  1. Perfeito! Sua reflexão sobre os gastos com militares no Brasil vem em boa hora. Precisamos ser um país sério, com uma estrutura política, militar e social condizente com a nossa realidade.
    Mas, quando e quem terá a força e a vontade política necessária para realizar essa tarefa?
    A sociedade precisa se mobilizar e começar a pressionar para as reformas necessárias.
    Continue assim, despertando as reflexões necessárias para as mudanças que precisam ser feitas. Parabéns!
    Um abraço, Vera Chvatal

    ResponderExcluir
  2. Caro Francisco,
    Parabéns pelo seu artigo. São poucos os que tem coragem de tocar neste assunto no Brasil. Principalmente os políticos. Talvez até pelo nossa recente experiência com a ditadura militar, este assunto ainda cause medo, e acho que é até compreensível. Concordo com você que estes gastos precisam ser revistos, afinal somos um país pacífico, e devemos gastar o mínimo possível para manter nossas forças armadas dentro de um nível de tecnologia moderna.

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. Saudações!

    Mestre Fracisco Castro,

    Diante de tantos números e dados do artigo, com sinceridade estou perplexo, é uma dimensão respeitável, a fora outros que ficam em banco de dados e contas secretas a "serviço" do governo,que não se tem conhecimento, é simplesmente vergonhoso...Enquanto isso, as fronteiras principalmente da Amazônia brasileira encontram-se abertas para o livre trânsito das ormetas. Ainda recente uma das principais bases da policia federal no rio Solimões/am., foi desativada, hoje, em São Gabriel da Cachoeira/Am. as Farcs de quando em quando remetem seus agentes (aviões) para realizar abastecimentos de generos alimentícios...Uns fingem que não vêem, mesmo com uma companhia estabelecida naquela cidade.
    Recentemente apareceu por aqui um General que gostaría de trabalhar, Gen. Augusto Heleno, ele deve ter contráriado interesses e foi transferido.
    Mas, diante desses pomposos salários, que são no minímo descabidos diante da realidade brasileira, é tempo de repensar uma nova política para a contenção dessas alvitantes gastanças.
    Parabéns pelo texto!
    Abraços,
    LISON.

    ResponderExcluir
  4. Oi, Francisco!

    Não só na área militar, mas em todos os três poderes o governo brasileiro deveria repensar os seus gastos, diminuir salários e benefícios supérfluo. Parabéns pelo artigo!

    Abraço

    ResponderExcluir
  5. O gasto com os militares no Brasil é pífio para nossas dimensões. Só sentiremos isso quando for tarde demais. Não conseguimos patrulhar nossas fronteiras como deveríamos e o resultado se vê na profusão de armas pesadas e de drogas que passam pelas grandes cidades.

    Somos uma nação de grandes riquezas naturais e estamos vulneráveis a qualquer potência estrangeira que deseje tomá-las.

    Basta citar um exemplo simples: Se o Peru quisesse nos invadir hoje, sua força aérea aniquilaria a nossa completamente em algumas horas.

    Um país com a extensão territorial como a nossa, não pode ter apenas quatro caças em condições de voo.

    E, muito menos, só dois ou três navios de patrulha em condições de ação imediata.

    ResponderExcluir
  6. Não me parece pífio o que gastamos com os militares. É oimportante essa discussão para que se pense em gastar melhor ao invés de se gastar mais. Por exemplo, as aposentadorias pai/filhas solteiras.

    ResponderExcluir
  7. Amigo Francisco,
    obrigado pelo comentário no meu post, no Dihitt.
    Muito interessante teu blog..repleto de artigos superinteressantes..resolvi seguir teu blog.
    O país vai ter de amadurecer para esse debate. As forças armadas precisam acompanhar a maior proeminência do país. Os militares, por sua vez, "são prisioneiros de velhos hábitos corporativistas", o que também prejudica o debate.

    Abraços e ótima semana

    ResponderExcluir
  8. Só no Brasil, mesmo. Nem ao menos nos envolvemos em guerras. Que tal pegar esse dinheiro e investir em educação e saúde?

    Ótima postagem, Francisco!

    Abraço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete. Com boa dose de ironia, o humo

A atriz Marieta Severo rebate Fausto Silva no programa do apresentador sobre a situação do Brasil

O próximo empregado da Globo a sofrer ameaça de morte, depois de Jô Soares, será Marieta Severo. Pode anotar. Marieta foi ao programa do Faustão, uma das maiores excrescências da televisão mundial desde a era peleozóica. Fausto Silva estava fazendo mais uma daquelas homenagens picaretas que servem, na verdade, para promover um programa da emissora. Os artistas vão até lá por obrigação contratual, não porque gostem, embora todos sorriam obsequiosamente. O apresentador insiste que são “grandes figuras humanas”. Ele se tornou uma espécie de papagaio do que lê e vê em revistas e telejornais, tecendo comentários sem noção sobre política. Em geral, dá liga quando está com uma descerebrada como, digamos, Suzana Vieira ou um genérico de Toni Ramos. Quando aparece alguém um pouco mais inteligente, porém, ele se complica. Faustão anda tão enlouquecido em sua cavalgada que não lembrou, talvez, de quem se tratava. Começou com uma conversa mole sobre o Brasil ser “o país da desesper