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A eficiência e a solidez do setor bancário brasileiro

Tem surgido alguma polêmica a respeito da divulgação pelo Fórum Econômico Mundial em setembro do ano de 2008 de que o sistema financeiro brasileiro está entre os piores do mundo, sendo que o dos Estados Unidos e o da Inglaterra estão em primeiro e segundo lugares, respectivamente. Diante da crise que se abateu e do cenário que vemos hoje essa classificação parece piada. Ou será que ela tem pelo menos um pouco de razão?


Nesse estudo, no qual o Brasil aparece em 40º lugar entre 52 países, foram analisados os ambientes institucional e de negócios, estabilidade financeira, bancos, instituições não bancárias, mercado financeiros e disponibilidade de capital. O certo é que a nossa economia, com tantos problemas no passado, ainda tem um pouco da contaminação de outrora quando vivíamos em dificuldades intransponíveis, entretanto, nos últimos anos temos vivido momentos de estabilidade e consolidação do nosso sistema econômico como um todo e do financeiro em particular. Nesse relatório, os bancos brasileiros ficaram em último lugar entre os bancos dos 52 países analisados. Para os bancos foram analisados o tamanho, a eficiência e a abertura de informações ao mercado. Outros pontos nos quais o Brasil teve avaliação extremamente baixa em razão do elevado ônus da regulação e fiscal e da ineficiência no ambiente político.


A verdade é que o nosso sistema financeiro acostumado com ambientes de fortes oscilações em termos de crescimento econômico, político e de inflação desenvolveu metodologias, conceitos, práticas em termos de gestão de gestão e operação que encontra pouco paralelo no mundo. Essas práticas foram adquiridas com o decorrer dos problemas e se aprimorando com o decorrer do tempo. A nossa economia com os seus problemas e também com as suas soluções tem vencido muitos desses desafios com coragem, sabedoria e honestidade respeitando os direitos dos outros e a ordem jurídica vigente. Problemas decorridos de décadas passadas ainda nos incomodam porque coisas boas dificilmente ficam na memória, mas coisas ruins são extremamente custosas de serem extirpadas da memória das pessoas. Décadas de instabilidades ainda, calotes de diversas formas, etc. ainda nos afetam, entretanto o nosso sistema bancário atualmente é muito forte graças aos próprios bancos e às ações do governo na segunda metade da década de 1990 quando sanou de forma muito apropriada o nosso sistema financeiro com as privatizações de diversas instituições bancárias estaduais deficitárias e com alguns outros tipos de problemas. Ações como aportar recursos nos bancos públicos federais e incentivar a fusão e a incorporação de diversos bancos privados foram fundamentais para proporcionar solidez ao nosso sistema financeiro.


Enquanto vários bancos dos Estados Unidos, da Inglaterra e de outros países considerados muito mais eficientes do que o nosso estão em prejuízos na eminência de falirem. Por outro lado, os nossos bancos estão gozando de solidez, fortes e obtendo lucratividade muito alta. A taxa de lucro dos bancos brasileiros em 2006 foi de 21,2% sobre o patrimônio líquido, em 2007 foi de 24,3% e em 2008 foi muito próximo disso. Isso demonstra que o sistema bancário como um todo está sólido e que a crise atual não o afetou. Entretanto, o crédito no Brasil é muito caro o que se fazem necessários ajustes que proporcionem a diminuição radical dos “spreads” bancários (diferença entre a taxa paga pelo banco e a que é aplicada em empréstimos e consumidores). Segundo um estudo da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), em 2008 as pessoas físicas brasileiras pagaram R$ 85,5 bilhões e as empresas R$ 49,1 bilhões em “spreads” bancários, totalizando R$ 134,5 bilhões. É muito dinheiro que os setores produtivos e consumidores pagam para o sistema bancário brasileiro para puderem obter crédito.


Uma coisa é a eficiência do sistema como um todo, outra bem diferente é o sistema bancário muito embora a eficiência do sistema bancário influencia e é influenciado pelo sistema econômico como um todo. Pontos como a regulação do mercado e a forte fiscalização de todo o sistema tem proporcionado solidez ao mercado bancário brasileiro enquanto que nos países centrais a falta dessas ações tem causado estragos terríveis não só no sistema bancário como em toda a economia desses países e até em outros países. Como visto acima, os “spreads” bancários no Brasil são muito altos e isso tem inibido a evolução do crédito em nosso país o que torna um entrave ao desenvolvimento de nossa economia. As autoridades brasileiras devem buscar meios e formas para diminuir esse custo tão alto do crédito no nosso país. É muito provável que a solidez em nosso sistema bancário esteja fincado nessas altas taxas de juros cobradas dos usuários, mas sabemos que o nosso sistema bancário é forte o suficiente para sobreviver muito bem com a diminuição desses ganhos extraordinários. O que se pode afirmar é que o sistema bancário brasileiro está bastante sólido, com lucros muito altos, mas que tem cobrado juros muito altos, um ajuste nessa taxas irão diminuir as taxas de lucros mas não afetará a sua solidez. Como afirmou uma conceituada revista inglêsa, o sistema bancário brasileiro pode até ser muito caro, mas é smuito seguro e o risco de falência é muito próximo de zero.

Comentários

  1. Amigo Francisco,
    O nosso sistema bancario é muito desenvolvido,pois teve que sobreviver aos tempos de hiperinflação,tem mecanismos que fascina até os paises mais desenvolvidos,e é chegada a hora de colocarmos toda essa tecnologia á serviço do desenvolvimento,os juros e o spread têm que ser baixados,fazendo isso assistiremos á um período de crescimento digno da economia Chinesa,vamos torcer para isso.
    Um forte abraço,amigo.

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  2. bem legal o blog, interessante mesmo!!!! boa semana.

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  3. Muito bom o blog!
    A solidez e rigidez nos emprestimos ajudaram a manter os nossos bancos firmes nestas épocas de crises!
    Abraços

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  4. Eu achei fora de propósito dizer que os bancos brasileiros ficam em último lugar, se fosse assim não teriam sido comprados pelos bancos estrangeiros. Justamente da Inglaterra e Espanha são os maiores por aqui.

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  5. Francisco,

    você não acha justo o Fórum Econômico Mundial 2008 ter elegido o sistema financeiro brasileiro como um dos piores? é bem sabido que os altos juros bancários inibem, por demais, a evolução do crédito em nosso Pais, o que vem afetar a dinâmica da economia brasileira como um todo. Quem arca com esse ônus é o usuário, de uma forma mais extensa, a sociedade. Um ajuste que faça diminuir essas taxas(spreads) no sistema bancário pode, certamente, contribuir para que o Brasil tenha um posicionamento mais favorável em futuras avaliações, no seu sistema bancário, o que fará com que sejamos bem vistos no panorama internacional, no que tange a esse aspecto.

    Denisa

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  6. Francisco,
    Como já disse antes, não entendo nada de economia, mas aprecio as suas matérias, pois são de conteúdo inteligível e bastante objetivas.
    Sem querer ser pessimista, mas sendo, o que a Denisa escreveu encontra eco no meu pensamento. Creio que a lucratividade dos bancos brasileiros e a sua "superação" à crise, em detrimento de outros como nos EUA e Inglaterra, beirando à falência, ou falindo, de fato, advém de uma política extorsiva dos banqueiros, apoiada pelo nosso Banco Central, que tudo cobra, repito, extorsivamente, do cliente, nada nos dando ou oferecendo em troca.
    Para arrematar e ilustrar minha visão, cito a propaganda do Unibanco, em que aparece aquele bonequinho dizendo: "Unibanco, nem parece banco!". Não tem muito tempo, cantei esta vinheta dentro de uma agência do Unibanco e em alto e bom som arrematei: "Unibanco, nem parece banco!" PARECE AGIOTA!
    Abraço do seu admirador e amigo,

    Regly

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