Nos últimos quinze anos o sistema bancário brasileiro tem passado por diversas transformações, mudando radicalmente, desta forma, o perfil atual com relação ao existente na década de 1980. Essas mudanças passaram por inovações tecnológicas, amplitude e sofisticação dos serviços bancários, pela concentração e pelo aumento da participação dos bancos privados no sistema bancário brasileiro. Entretanto, essas mudanças proporcionaram melhoria para a população com referências aos serviços prestados pelos bancos?
A participação do setor privados nos ativos dos bancos no Brasil, passou de 48,4% em 1993 para 71,4% em 2006, enquanto que a participação do setor público passou de 51,6% para 29,6%. Isso ocorreu em grande parte em razão das privatizações dos bancos estaduais e algumas instituições federais. Em 1996, os bancos públicos respondiam 60% do crédito no mercado nacional, enquanto que em 2006 esse percentual era em torno de 33,0%. Em depósitos, os bancos públicos tinham 51,9% do total em 1996, em 2006 a sua participação correspondia a 34,8%, enquanto que o setor privado nesse mesmo período passou de 40,9% para 65,2%, sendo que os bancos estrangeiros em 1996 tinham 7,3% de todos os depósitos bancários e em 2006 a sua participação nos depósitos era de 19,4%.
Ao mesmo tempo em que houve uma diminuição acentuada da participação dos bancos públicos no setor bancário brasileiro, ocorreu uma diminuição da relação população/número de agências bancárias. No período de 1990 a 2007, o número de agências bancárias no Brasil passou de 19.996 agências bancárias para 18,308, uma queda de 8,4%. Em 1985, existia uma agência bancária para cada 7.432 habitantes, em 2007 existia uma agência para cada 10.145 habitantes. Esses números, entretanto, apresentam grande distorção dependendo da região. Enquanto nas regiões Sul e Sudeste a relação é de 7.447 e 7.937 habitantes por agência, respectivamente, nas regiões Norte e Nordeste a relação é, respectivamente, 20.766 e 19829.
A atuação do setor bancário é de fundamental importância para a nossa economia, tanto em razão das intermediações bancárias que é sua atividade fim, como da sua própria atividade que representa em torno de 7,0% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. Entretanto, comparando-se com outros países observa-se que a indústria bancária brasileira tem ainda muito que crescer. Os Estados Unidos possuem uma agência para cada 3.372 habitantes, a Alemanha possui uma agência para cada 2.142 habitantes, a Itália possui uma agência para cada 2.10 habitantes. Esses números mostram claramente que existe ainda uma grande capacidade de expandir a rede bancária no Brasil, não no mesmo nível dos países mencionados acima, em razão de diferença de renda média, mas, certamente, é possível uma expansão de pelo menos uns 25% no número de agência nos próximos oito anos.
Um aspecto que é bastante relevante é com relação às taxas de juros reais cobradas pelos bancos para empréstimos para pessoas físicas e jurídicas no Brasil, nos Estados Unidos e nos países que compõem a Zona do Euro. Nos Estados Unidos os empréstimos para pessoas jurídicas em 2006 era cobrado 2,2,04%, enquanto que para pessoa física a taxa era de 3,74%, para a Zona do Euro nesse mesmo ano a taxa para pessoa jurídica era de 1,8% e para pessoa física era de 2,06% enquanto que para o Brasil a taxa para pessoa jurídica era de 11,05% e para pessoa jurídica era de 20,94%. Além disso, existe uma distorção muito grande em relação aos juros cobras por uma mesma instituição bancária no Brasil e em seu país de origem. Por exemplo, na primeira semana de abril de 2009 o HSBC cobrava para empréstimos pessoais 6,6% na Inglaterra e 63,42% no Brasil, o Citibank cobrava 7,28% no Estados Unidos e 60,84% no Brasil e o Santander cobrava 10,81% na Espanha e 55,74% no Brasil. Enquanto isso, para o mesmo período e tipo de empréstimo, o Banco do Brasil cobrava 25,05% e o Itaú cobrava 63,25%.
O sistema bancário brasileiro apesar de diversos tipos de ajustes, como a privatização dos bancos estaduais que em sua maioria geravam prejuízos e tinham uma estrutura relativamente precária, ter havido um investimento muito forte em tecnologia e em pessoal ainda é necessário modificações nas estruturas para que consigam trabalhar com taxas de juros para empréstimos compatíveis com um país de primeiro mundo. Apesar da existência de algumas ações paliativas como os correspondentes bancários tais como o Banco Popular do Banco do Brasil, as lotéricas com a Caixa Econômica Federal e o Banco Postal numa parceria entre os Correios e o Bradesco, ainda existem muitas pessoas sem banco ou morando muito longe de uma agência. Portanto, é necessário que ocorra muito breve uma diminuição acentuada das taxas de juros cobradas nos empréstimos bancários e uma ampliação da rede bancária existente atualmente.
Francisco, não entendo do assunto, mas tenho horror a bancos, acho que não funcionam, fazem distinção entre clientes, inclusive com atendimento especial, que é preconceito, e os juros...
ResponderExcluirFrancisco ,concordo com amiga a cima acho que os bancos no Brasil não funcionam muito bem o atendimento é pessimo e as taxas ainda são muito altas mas,valeu o post.
ResponderExcluirO Brasil é um paraíso para os banqueiros. Basta ver os lucros bilionários que crescem ano a ano. O Itaú por exemplo fechou um patrocínio com a CBF de mais de 240 milhões de reais e semana passada anunciou outro patrocínio direto com a FIFA, ou seja, chove dinheiro. Pagamos o maior spred do mundo e os serviços são péssimos, basta precisar deles que sentimos na pele o descaso.
ResponderExcluirAbraços
Francisco,
ResponderExcluirParabéns pela matéria. Muito bem escrita e com conteúdo inovador e acessível ao público em geral.
Lamentavelmente, os bancos brasileiros, além de cobrarem as maiores taxa e serviços financeiros, não desempenham papel social. Os estatais CEF e BB, deveriam ser os reguladores de mercado, praticando, taxa, serviços e promovendo outras atividades meios direcionadas à camada mais baixa da população. Poderiam também, ser um forte mecanismo de subsídios à agricultura e outras atividades de sobrevivência em determinadas regiões. Dessa forma, poderiam justificar e praticar taxas mais elevadas e serviços supérfluos para os cidadão brasileiros.
Um abraço,
Francisco,
ResponderExcluirExcelente matéria, nos mostrou as discrepancias que existem quanto as taxas cobradas em países diferentes e o reduzido número de agências bancárias que nos servem. Quanto as taxas, em tempos de crise, acho pouco provável que sejam modificadas, o governo deve abrir um número de créditos, mas eu não vejo isso com bons olhos.
No meu pouco entendimento, os que se atreverem a contrair a dívida, entrarão para o rol de devedores devido ao desemprego.
Faltou falar do atendimento, esse é de péssima qualidade em todos os bancos, independente da informatização e modernização, os funcionários que trabalham diretamente com o público, são muito mal treinados, se perdem para dar uma informação simples.
Cris