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Você concorda com a doação que será feita pelo Brasil à Palestina?

O Brasil, apesar de imperar em muitas áreas de seu território a miséria, a fome, a falta de água e uma infinidade de necessidades de toda natureza para uma parte da população, irá doar US$ 10 milhões para a Palestina. Será que é justo o nosso país realizar uma doação nessa monta com todas as carências existentes aqui em nosso país? Israel mata e destrói na Palestina e o Brasil tem que tirar comida e água da boca de famintos brasileiros para ajudar reconstruir! Será que isso é justo ou deveria ser tratado de forma diferente?


Como todos sabemos, Israel praticamente destruiu a Palestina além de matar muita gente (cerca de 1.300 pessoas foram mortas por Israel, sendo a grande maioria constituída de civis enquanto que do lado de Israel foram mortas 13 pessoas, a grande maioria soldados), principalmente crianças. Além disso, Israel deixou cerca de 1.900 palestinos deficientes físicos. Na Palestina, centenas de milhares de pessoas ficaram sem as suas casas que foram destruídas por Israel. Em Israel praticamente nenhum prédio importante foi destruído e praticamente nenhuma casa foi totalmente destruída. Entretanto, do território palestino uma grande quantidade de prédios foi destruída, muitas escolas, creches e hospitais foram totalmente destruídos, matando muitos de seus ocupantes. A crueldade deixou uma conta extremamente alta, tanto em termos financeiros como em termos humanos, morais, de caráter e de solidariedade.


Os países da comunidade internacional estão tentando pelo menos pagar uma parte da conta em termos financeiros, com uma previsão de doação de cerca de US$ 3 bilhões. Muitos países prometeram, inclusive os Estados Unidos que prometeu doar cerca de US$ 900 milhões. A Arábia Saudita prometeu doar em torno de US$ 1,0 bilhão, se concretizar a promessa será o maior doador. O Brasil prometeu doar US$ 10 milhões (cerca de R$ 23 milhões, utilizando uma taxa de câmbio de R$ 2,30 por um dólar). Antes, o Brasil já havia doado US$ 10,5 bilhões no ano de 2007 na chamada Conferência de Estocolmo e Paris constituída para arrecadar recursos para o povo palestino. Além disso, ainda no período do conflito, o Brasil doou 14 toneladas de alimentos e remédios. Portanto, apesar das nossas mazelas, o Brasil está se tornando um doador importante para amenizar a dor do povo da Palestina.


A aplicação desse dinheiro doado será feita em diversas frentes. Em torno de US$ 500 milhões serão utilizados para reerguer a infra-estrutura tais como serviços de esgoto, eletricidade, redes de água e outros. Cerca de US$ 315 milhões serão destinados à reconstrução de escolas, creches, hospitais e igrejas (mesquitas). Entretanto, existe uma infinidade de outras necessidades, como a reconstrução de dezenas de milhares de casas, confortar milhares de pessoas que tiveram suas vidas dilaceradas pela guerra dando-lhes alimento, roupas, medicação e muitos outros tipos de assistência.


A grande questão pode ser resumida nos seguintes termos: o Brasil deveria mesmo doar esse valor? O que o Brasil tem a ver com o povo da Palestina? Eu sei que existem várias pessoas que estão indignadas em razão do Brasil ter feito essa promessa de doação, considerando que temos muitas mazelas para resolver em nosso país como muitas pessoas, sem moradia, passando fome, com uma saúde pública totalmente ineficiente, etc. Tudo bem, tudo isso é verdade, entretanto, convenhamos que a nossa economia é a 10ª economia do mundo e várias dezenas de países se comprometeram doar. Talvez o valor doado seja muito, mas não deveríamos ficar de fora dessa empreitada para ajudar restituir a vida a um povo que a havia perdido por causa de uma guerra insana.

Comentários

  1. Caro Francisco,

    Tenho anotado aqui dados interessantes, reais de uma escola pública do estado Rio de Janeiro:

    - 1800 alunos.
    - 40 turmas divididas em três turnos. Aproximadamente 4000 aulas por mês.
    - R$ 36.000 reais, em quatro parcelas de 9.000. Verbas anuais liberadas pelo governo do estado para custear água, luz, merenda, telefone, material de limpeza, material pedagógico e custos de manutenção;
    - Estimativa do custo anual total dos salários dos professores: 4000 aulas R$9,00 hora/aula= R$ 36000,00 por mês x13,3 meses (12 meses+ férias e 13º salário)= R$478.800,00.
    - Estimativa do custo dos salários dos outros funcionários da escola (10 ao todo): 10 funcionários x 40 horas de trabalho x 4 semanas x R$ 9,00 h/aula x 13,3 meses= R$191.520,00;
    - Soma dos custos anuais com verbas para o colégio, salários dos professores e salários de funcionários: R$ 36.000,00 + R$ 478.800,00 + R$191.520,00 = R$.706.320,00
    - Custo anual por aluno= R$ 706.320,00 : 1800 alunos= R$ 392,40
    Custo mensal por aluno= R$392,40 : 12 meses= R$32,70

    O que posso dizer é que apesar de sermos a 10a economia mundial quando vemos os números acima percebemos uma grande discrepância no investimento. Estes R$ 23 milhões a serem doados manteriam a tal escola por 23 anos (da forma como está) ou permitiria investimentos na criação de escolas de base muito bem estruturadas, nas proximidades de públicos mais carentes, onde fosse possível fazer massivos investimentos na qualidade do ensino e na alimentação, o que seria um movimento significativo para garantir cidadania a centenas (quem sabe pelo menos 10.000!) de jovens carentes, dando a eles a oportunidade de alcançarem empregos dignos e com oportunidades de crescimento.

    Acho importante a união das nações na manutenção da paz, da ordem e da dignidade social no nível mundial, mas acho que pela má administração e pela má aplicação dos recursos, o Brasil ainda tem muita tarefa de casa a fazer antes de poder se dar ao luxo de fazer doações de tal monta.

    Sinceramente, acho a doação justa, mas não acho que seja a hora.

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  2. Tambéns acho muito justo, mas nã é a hora. O amigo ai disse tudo, eu não tenho nada o que acrescentar.

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  3. Não sei não se os palestinos são tão coitadinhos assim. Ambas as partes têm culpa. E vão reconstruir tudo com o dinheiro dos outros pra depois explodir tudo de novo? Totalmente sem nexo, sem vergonha na cara além de inútil. Ninguém ali está interessado em acabar essa guerra.

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  4. Acho que solidariedade nunca é demais. O problema é que, antes de olhar para fora, deveríamos é olhar aqui para dentro e nos darmos conta de que a maioria do Brasil vive em condições deploráveis, passando necessidade, sem educação, saúde e condições básicas de vida decentes. Acho que esse dinheiro seria melhor aplicado aqui no país.

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  5. Olá!
    Em princípio sou contra.Aliás sou contra quase tudo o que este governo faz...
    Mas neste caso acho muito engraçado fazer caridade com chapéu alheio, digo, público.
    Este dinheiro é meu e seu; alguém te perguntou se você queria doar?
    Estive lendo seu blog, não é muito a minha praia mas que coisa boa navegar em outros mares, né? Aprender sempre!
    Bom fim de semana para ti.

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  6. Como se humano não posso deixar de concordar, mas por outro lado não tem sentido.

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  7. Francisco Castro, você é corajoso. Provocar um debate explosivo, com um tema que detona preconceitos, acende a chama da ideologia que transfere o pensamento do cérebro para o fígado. Tema que congrega amor e ódio, irracionalidade e racismo agitando bandeiras dos prós e dos contras. Mas, para desestressar a todos um alento: trata-se de uma falsa polêmica, afinal, não é fato é mera promessa de políticos, logo cenário e pose para uma fotografia na cena internacional. Dai, vale o debate para exercitar a pesquisa de onde reside o interesse nacional, na solução dos nossos próprios problemas ou na equação do drama internacional? Descontextualizando talvez fique mais fácil pensar. Se mudamos o debate para a Força de Paz no Haiti, também aflora a mesma pergunta, sem o conteúdo polêmico natural à questão palestina. Deve o Brasil manter tropas para garantir a segurança das populações do Haiti quando nos morros cariocas a violência urbana produz mortos e feridos reclamando uma agenda de solução ainda sequer rascunhada.
    Talvez seja mais fácil discutir o mesmo gesto se voarmos da Palestina para o Haiti, pois ao menos o óculos ideológico não prejudicará a leitura da pergunta polêmica que dirige ao seu público.
    Corajoso, você: parabens!

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