Pular para o conteúdo principal

A ideologia partidária dos governantes influencia na gestão?

Muito se fala e escreve a respeito das posições políticas das pessoas, classificando-as de esquerda, direita, cento-direita, centro-esquerda e centro. É de se imaginar que dependendo em que classificação uma pessoa pública esteja inserida fará trabalhos com objetivos diferentes de uma outra pessoa que esteja classificada em outra corrente política. Será mesmo que um gestor público age de acordo com a sua ideologia política?


Pelo senso comum, os partidos de esquerda tenderiam a ajudar os pobres e buscar um Estado maior e mais forte, enquanto que os partidos de direita tenderiam a querer um Estado menor, mais enxuto, interferindo o mínimo possível na economia e favorecendo o controle da inflação. Na literatura especializada mundial existem muitas pesquisas a respeito e muitas delas tentaram responder essa questão. As respostas não foram conclusivas, algumas pesquisas levando a crer que realmente a ideologia partidária do governante influencia nas suas decisões enquanto que outras pesquisas dizem que não. Para o Brasil, também existem vários trabalhos a respeito desse tema, mas, a exemplo da literatura internacional, não são conclusivos, embora a maioria tende para negar a influência das convicções ideológicas do gestor público na gestão seja do Município ou do Estado.


Os economistas Paulo Arvate, Cláudio Lucinda e George Avelino publicaram um trabalho no qual tentaram medir as influências das ideologias partidárias nas gestões dos governadores brasileiros entre os anos 1986 e 2005. Em suas pesquisas, os economistas utilizaram as ferramentas da econometria e informações tais como nível de gastos, superávit primário, execução do orçamento, tipos de gastos, etc. Nesse trabalho, verificou-se que os Estados governados por partidos considerados de direita tiveram resultados fiscais melhores do que os outros, esse resultado foi comprovado pelos autores por meio de testes adicionais. Entretanto, como observaram os pesquisadores, a partir de 1995 com o início da implementação de medidas saneadoras nos Estados por iniciativa do Governo Federal, houve uma aproximação entre as várias correntes ideológicas com relação às atuações das gestões públicas nos Estados. Os governadores de esquerda passaram a ter resultados fiscais positivos após essas medidas saneadoras.


Ações do governo federal como a renegociação das dívidas dos Estados, federalização e privatização da maioria dos bancos estaduais e com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, transformou a gestão dos governos estaduais quase que uniforme. Essas medidas, principalmente esta última, contagiaram inclusive os legislativos estaduais que passaram a serem favoráveis às medidas saneadoras, aos superávits primários e ao racionamento de gastos. Até a implantação do Plano Real existia um festival de ineficiência na gestão da maioria dos Estados brasileiros, com os governos gastando muito mais do que arrecadava, sendo os déficits crescentes financiados pelos bancos dos próprios Estados. Quando esses bancos estavam em dificuldades, o Banco Central realizava empréstimos a taxas baixíssimas e assim seguiam em um mar de desperdícios. Com as medidas tomadas pelo governo federal no período de 1995 e 2000, essa farra acabou e todos os Estados são obrigados a primar pela eficiência na gestão e nas finanças.


Atualmente, as ideologias estão utilizando novos paradigmas para se espelharem, com realce para busca da eficiência. Infelizmente, ainda existem alguns atrasados que buscam a revolução, mas ainda bem que esses são muito poucos, insignificantes. No Brasil, embora existam diversos tipos de partidos políticos com as mais diversas colorações ideológicas, mas os que chegam ao poder levam a seriedade com a coisa pública e não tentam fazer experiências descabidas que somente levam ao desastre. Felizmente, temos governadores de partidos de direita que buscam ajudar aos mais pobres oferecendo políticas de rendas ou outros tipos de assistência, da mesma forma que um governador de um partido de esquerda. No atual estágio, claro que se tem várias divergências de ordem ideológicas entre os políticos de correntes diferentes, mas essas divergências são muito menores do que as existentes há 20 ou 30 anos.

Comentários

  1. Não consigo perceber estas diferenças políticas.
    O que vejo é uma vontade política de enriquecer e se dar bem.
    O que vai mudar o pais é o povo, não os políticos, estes estão muito ocupados fazendo política.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete. Com boa dose de ironia, o humo

A atriz Marieta Severo rebate Fausto Silva no programa do apresentador sobre a situação do Brasil

O próximo empregado da Globo a sofrer ameaça de morte, depois de Jô Soares, será Marieta Severo. Pode anotar. Marieta foi ao programa do Faustão, uma das maiores excrescências da televisão mundial desde a era peleozóica. Fausto Silva estava fazendo mais uma daquelas homenagens picaretas que servem, na verdade, para promover um programa da emissora. Os artistas vão até lá por obrigação contratual, não porque gostem, embora todos sorriam obsequiosamente. O apresentador insiste que são “grandes figuras humanas”. Ele se tornou uma espécie de papagaio do que lê e vê em revistas e telejornais, tecendo comentários sem noção sobre política. Em geral, dá liga quando está com uma descerebrada como, digamos, Suzana Vieira ou um genérico de Toni Ramos. Quando aparece alguém um pouco mais inteligente, porém, ele se complica. Faustão anda tão enlouquecido em sua cavalgada que não lembrou, talvez, de quem se tratava. Começou com uma conversa mole sobre o Brasil ser “o país da desesper