O ano de 2008 foi para o Brasil muito significativo em vários aspectos. Do ponto de vista estritamente econômico, houve diversos avanços. Entretanto, com o agravamento da crise nos países centrais, diversos indicadores econômicos retrocederam e devem terminar o ano muito aquém do esperado.
Essa crise está afetando o nosso país em várias frentes, mas as que são mais nitidamente afetadas são a fortíssima queda nos preços das mercadorias que o Brasil exporta, diminuição ou estabilidade no comércio mundial em geral e a diminuição drástica no crédito internacional. No final do ano passado e início deste, houve um forte aumento nos preços das mercadorias exportáveis (incluindo produtos agrícolas e minérios) fazendo com que aumentasse a expectativa de um forte aumento tanto na quantidade quanto no valor das nossas exportações. Mas, com a diminuição dos preços desses produtos e da quantidade exportada dos mesmos, proporcionadas pela crise, os setores agrícolas e produtores de minérios têm tido muitas dificuldades nesses últimos meses, afetando diretamente muito outros setores com os quais têm relações comerciais, tais como os produtores de máquinas agrícolas, fertilizantes, etc., e todos os outros fornecedores desses setores, criando-se, dessa forma, uma rede empresas que têm as suas vendas diminuídas, levando-as a rever os seus planos de investimento, diminuindo as suas produções e demitindo funcionários.
Além da diminuição dos preços de vários produtos, tem-se a diminuição da quantidade exportada de praticamente todos os produtos e serviços que são exportados pelo Brasil. Numa situação em que os preços e as quantidades das importações não serão diminuídos na mesma magnitude das exportações, ocorrerá uma diminuição acentuada no saldo da balança comercial. Mesmo com uma diminuição do ritmo de crescimento da economia e a desvalorização da taxa de câmbio, as importações no ano de 2008 foram pouco afetadas, certamente os efeitos serão sentidos no próximo ano. Nos últimos quatro trimestres as importações têm tido um aumento médio de 22,78% por trimestre enquanto que as exportações aumentaram em média 2,7% por trimestre, resultando num saldo comercial bem aquém do verificado no ano passado.
Quanto ao crédito, este tem mostrado a sua face mais aguda e mais cruel nessa crise. Como é sabido, os grandes conglomerados obtêm o grosso dos seus créditos no mercado internacional. A partir do momento em que o crédito internacional diminui drasticamente, essas grandes empresas e todas outras empresas que utilizam crédito no mercado internacional passam a não ter mais onde recorrer. Apesar dos diversos governos terem dado crédito em seus respectivos mercados, o sistema de crédito internacional não voltou ao que era antes, talvez demore anos (para isso é necessário que o sistema financeiro internacional passem a ter confiança no mercado em geral, por enquanto essa confiança ainda não foi restabelecida). No caso das grandes empresas brasileiras, passaram a recorrer ao sistema de crédito doméstico fazendo com que ocorresse uma diminuição no crédito para as empresas acostumadas a tomarem crédito no mercado doméstico, principalmente as menores. Apesar do governo ter dado bastante oxigênio no mercado de crédito por meio de ações e operações do Banco Central, essa dificuldade é sentida, notadamente, pelas pequenas empresas.
A taxa de desemprego fechou o mês de março em 7,6%, a menor registrada pelo IBGE para um mês de novembro. Para se ter uma idéia, essa taxa para um mês de novembro do ano de 2002 até 2007 foram as seguintes: 2002 – 10,9%, 2003 – 12,2%, 2004 – 10,6%, 2005 – 9,6%, 2006 – 9,5% e 2007 - 8,2%. Desta forma, dificilmente o ano de 2008 terminará com uma taxa de desemprego superior à do ano passado. Desta forma, a crise ainda não afetou a taxa de desemprego no Brasil.
A inflação medida pelo IPCA do IBGE é esperada para fechar o ano de 2008 em 6,1%, bem próxima do limite superior da meta do governo que é de 6,5%. Enquanto a inflação nos países chamados emergentes será de 8,3% neste ano.
Os números mostrados por nossa economia são números que não refletem, de fato, a crise. Como visto acima, a nossa economia já foi afetada em pelo menos três frentes: o crédito, a balança comercial e a taxa de câmbio. Esta última tem sido a responsável principal pelos seguidos aumentos na taxa SELIC ou a sua não diminuição nos últimos meses enquanto a maioria das economias tem diminuído seguidamente a sua taxa básica de juros. Caso não tivessem ocorrido esses fatos decorrentes da crise, a nossa economia estaria caminhando para crescer 7,0% ao final deste ano e não os 5,8% esperados. Vamos torcer que todos os governos, notadamente no nosso, continuem praticando políticas keynesianas, dando ânimo e fôlego às economias, diminuindo drasticamente os efeitos dessa crise no decorrer dos próximos anos para as pessoas no mundo todo.
Francisco!
ResponderExcluirQue bom que vc gostou do meu Blog!
Eu não domino muito bem ...rsrsrs... Não sei como add, como me movimentar ..rs...
Mas, uma hora eu aprendo!!!
Para um economista vc escreve de forma bem clara e fácil de entender! Que bom!
Abraços, Marisa.
Gostaria de lhe agradecer pela mensagem! Desejo a você Francisco um ano de 2009 de Paz, Alegria, Saúde e Sucesso! Parabéns pelo seu blog, realmente Fantástico!!!
ResponderExcluirAbraços, Lucas Santos.
Olá Francisco!
ResponderExcluirÉ um prazer conhecer seu blog.
Vou acompanhá-lo de perto em 2009.
Agradeço a visita e retribuo os votos de um Feliz Ano Novo, com muita paz, saúde e prosperidade.
Abraço
Olá!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário.
Desejo tudo em dobro para você!
Grande abraço!
Gostaria de lhe agradecer pela mensagem,e te desejar um bom fim de semana e um feliz ano novo!
ResponderExcluirObrigada pela visita e pelo incentivo.
ResponderExcluirGostei de conhecer seu espaço, a sua visão sobre a situação do nosso país nos ajuda a compreender melhor esta difícil fase da economia.
Feliz 2009!
Olá Francisco, vim te agradecer pelas bonitas palavras deixadas lá no blog, desejo a vc e toda sua família um Feliz 2009 de cheio muito paz, harmonia, saúde pricipalmente porque estando com saúde o resto a gente corre atrás. Grande abraço
ResponderExcluirFrancisco, parabéns pelo blogue. De todos os blogues sobre economia que visitei até hoje o seu é mais objetivo, claro e responsável. Também gostei do fato que você parece ter uma queda pela teoria do Keynes. Outra coisa que me chamou a atenção na postagem: a lucidez com que tratou o assunto; sem alardes ou bravatas típicas do economês. Uma pergunta: se o setor de commodities está desaquecido, por que o preços de produtos básicos está aumentando e não diminuindo como seria sensato?
ResponderExcluirOlá amigo Antônio Melo!
ResponderExcluirQue esse ano de 2009 traga a todos nós muita paz, saúde e prosperidade.
Quanto a sua idalgação sobre o aumento de preços de diversos produtos mesmo o mercado desses produtos estando desaquecido, é importante frisar que a economia brasileira está ainda crescendo (embora menos do que no primeiro semestre), os produtores a produção agrícola será muito inferior ao que os empresários do setor e os especialista esperavam antes da crise internacional e a taxa de câmbio desvalorizada influencia fortemente nos preços de grande parte dos produtos ofertados na economia brasileira. Se observarmos o INPC e o IPCA, vemos que as inflações medidas por esses índices têm variado pouco em relação a outros períodos. Nas principais economias do mundo em que não que estão em recessão, não sobrem influência da taxa de câmbio desvalorizada e a oferta de produtos agrícola não caiu muito têm tido diminuição da variação dos preços, em alguns casos com deflação.
Vale salientar que essa crise mundial foi ajudada pelo aumento dos preços de diversas comodities que aumentaram vertiginosamente no mundo todo, levando os Estados Unidos a aumentar os juros para conter a inflação. Esse aumento de juros levou ao desastre que tinha hipoteca do tipo subprime. O resto todos sabemos.
No Brasil, os preços poderão subir em 2009 pela baixa oferta de mercadorias e pela desvalorização do câmbio. Como a taxa de câmbio deverá abaixar, os preços tenderão a baixar, entretanto, certamente a oferta agrícola será menor. Resta saber quais desses fatores irá sobrepor um sobre o outro. De qualquer forma, a economia crescerá menor do que este ano de 2008 e a inflação irá depender de como se comportar a taxa de câmbio e a oferta agrícola.
Um grande abraço
Quero agradecer seu comentário e desejar um Feliz Ano novo com muita saúde ,paz e sucesso !!!
ResponderExcluirFrancisco obrigada pelas palavras e pela visita!
ResponderExcluirDesejo que vc e sua família tenham um excelente Ano Novo.
Um abraço.
Joyce
Olá amigo.
ResponderExcluirObrigada pela visita no meu blog.Um 2009 de muitas alegrias,paz e realizações pra você e sua família!Um abraço!
Olá Francisco !
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada pela visita e mensagem de final de ano, que em 2009 você e sua família tenham muita paz, saúde e prosperidade!!!
Parabéns pelo seu blog, muito útil e esclarecedor!
Beijocas sabor champagne.
obrigada pelos votos de sucesso em 2009! que vc tb tenha muito sucesso!
ResponderExcluirabç
Olá, Francisco!
ResponderExcluirEstou retribuindo os votos de um excelente 2009, repleto de realizações e muita felicidade, a você e sua família. Que tenhamos força, criatividade e disposição para continuarmos a escrever no próximo ano.
Um abraço,
Paula
Feliz 2009 para você, sua família e todos os que acompanham seu blog.
ResponderExcluirAbraços.
Francisco, grato pela resposta. Mais uma vez a explicação foi esclarecedora. Um correção ou dúvida: acho que você me confundiu com o Antônio Mello do Blog do Mello. Abraços!
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