Pular para o conteúdo principal

DESVINCULAÇÃO DAS RECEITAS DA UNIÃO - DRU

Até meados de 1994, quando o Brasil convivia com altas taxas de inflação, o governo podia ter mais controle sobre seus gastos com muito mais facilidade do que atualmente. Conseguia-se isso porque a inflação corroia o valor real das despesas do governo que muitas vezes não eram reajustadas na mesma magnitude. Assim, o governo adiando, pagamentos ou concedendo reajuste em menor escala do que a inflação do período conseguia ganhos semelhantes a uma criação de impostos ou majoração dos existentes. Por esse motivo, esse tipo de ganhos obtidos pelo governo e também pelos bancos, quando os correntistas deixavam dinheiro no banco sem correção monetária, era conhecido como imposto inflacionário.


A partir de 1994, com a estabilização dos preços, o governo ficou sem essa válvula de escape na execução de seu orçamento porque a inflação existente era muito menor da existente anteriormente e, conseqüentemente, o imposto inflacionário seria muito reduzido, quase inexistente. Para amenizar esse problema, em 1994 foi aprovado o Fundo Social de Emergência (FSE) e em 1996 foi aprovado o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Em 2000 foi aprovada a Desvinculação de Recursos da União (DRU) que foi prorrogado em 2003 e em 2007 com vigência até dezembro de 2011.


Esses mecanismos legais permitem ao governo alocar um certo percentual dos recursos de seu orçamento para gastos de acordo com os seus próprios interesses, e não para o qual aquele determinado imposto foi arrecadado. Isso porque a maioria dos nossos impostos está vinculada a algum destino na repartição dos gastos do governo. Além desses impostos que são vinculados, existem diversos tipos de gastos que são quase impossíveis de serem diminuídos tais como os gastos com pessoal, da previdência social, dos juros da dívida pública, etc. Em razão disso, esses mecanismos ajudam ao governo do seguinte modo:

Adequar de forma mais eficiente as alocações dos recursos do governo, fazendo com que alguns tipos de despesas fiquem com muitos recursos enquanto que outras áreas fiquem com deficiência de recursos; viabilizar a obtenção de superávit primário, principalmente a partir de 1999 com a política de metas fiscais aprovada na lei de orçamento anual; ajudar no financiamento daquelas despesas que são praticamente impossíveis de diminuir sem acarretar em aumento de endividamento público.


A DRU permite que o governo gaste conforme a sua conveniência 20% da sua receita. Entretanto, excluem-se as principais transferências previstas na Constituição Federal para os Estados, o Distrito Federal e aos Municípios. Essas transferências são relativas ao Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Impostos sobre Propriedade Rural (IPTR) e Impostos sobre Operações Financeiras (IOF). Essas exclusões são que diferenciam a DRU do DSE e do FEF que não distinguiam nenhum tipo de vinculação.


Segundo um trabalho da Consultoria Legislativa do Senado Federal, no ano de 2006 o valor desvinculado correspondeu a 14,3% dos recursos do governo federal, inferior, portanto, dos 20% autorizados pela DRU. Isso ocorreu, aliás, ocorre todos os anos, em razão das exceções mencionas no parágrafo acima. Entretanto, como boa parte desses recursos que o governo alocou livremente já eram de alocação livre, o que efetivamente o governo alocou livremente em razão da DRU foi o correspondente a 8,63% de todos os seus recursos arrecadados seja por meio de impostos ou por meio de contribuições.


De qualquer forma, caso não houvesse a DRU ou os mecanismos legais existentes antes o governo teria muitas dificuldades em conseguir o superávit primário nos níveis conseguidos nos últimos 9 anos. Apesar de muitos progressos na legislação e na atuação dos órgãos de controle como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a atuação do Tribunal de Controle da União visando dá racionalidade nos gastos públicos, mas devido principalmente das vinculações das receitas, da existência de despesas de difícil possibilidade de se diminuir e, posso incluir também, a falta de capacidade gerencial do governo para gerir de forma que leve a maior eficiência e ganhos nas atividades do setor público levam a necessidade desse mecanismo que ajuda o governo a executar o seu orçamento de tal forma que ao excluir os juros sobre cerca 4,0% do PIB.

Comentários

  1. Ola Francisco, fico muito feliz pela sua visita e por vc ter gostado do meu blog, gostaria q vc entrasse em outro http://contosetravessuras.blogspot.com, abraços e ate mais...

    ResponderExcluir
  2. muito obrigada por sua visita seja bem vindo bom fim de semana

    ResponderExcluir
  3. oi francisco! obrigada pela visita! um abraço! :)

    ResponderExcluir
  4. Francisco, vim retribuir sua visita e dizer-lhe que por lá tem sempre uma palavrinha de otimismo...Ótimos dias prá você, apareça sempre!!! Abraços.

    ResponderExcluir
  5. Olá, Francisco,
    Muito obrigada pela visita ao blog...é sempre um estímulo receber comentários assim, fico feliz!
    Sinta-se a vontade para entrar, ler, comentar e criticar, qndo quiser!
    Um abraço!

    ResponderExcluir
  6. Valeu pelos comentários... um abraço e boa semana!

    ResponderExcluir
  7. Oi Francisco, obrigada pela visita. Sempre bem vindo!
    Parabéns pelo blog, pelo texto bem elaborado, que proporciona uma leitura agradável. Abraço.

    ResponderExcluir
  8. Olá. Fico feliz que tenha gostado do meu Blog.
    Desculpas pela demora para responder, mas tive indisponibilidade de atualizar. Obrigado pela visita. Volte sempre e uma ótima semana. Abraço

    ResponderExcluir
  9. olá gostei do blog poss add no meu link?

    ResponderExcluir
  10. obrigado pela visita Francisco, fiquei impressionado com seu blog, muito bom! Abraço

    ResponderExcluir
  11. Olá meu querido !
    fiquei feliz pela vizita , espero que venha sempre.
    Colocarei vc comigo para que eu possa estar pertinho sempre
    Obrigado amigo
    { croche da tia cida }

    ResponderExcluir
  12. Olá Francisco,vim agradecer sua visita e dar uma olhadinha no seu blog,não li tudo,mas já vi que você tem muita coisa interessante por aqui.Outra hora passo pra adquirir mais conhecimento sobre esses assuntos que quase ninguém gosta de discutir,mas que são de grande importância pra nós.Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  13. Olá bom dia!!!
    Muito obrigada pela sua postagem, mas eu fiquei curiosa com uma coisa... o que te te chamou atenção na minha abordagem?
    Estive dando uma olhada no seu blog e percebi que vc realmente gosta de economia e para as pessoas que tambem gostam o seu blog pode servir como um estudo para os curiosos, achei muito interessante...
    Abraços!!!!

    ResponderExcluir
  14. Olá Francisco!

    Obrigado pela visita!
    Gostei muito do seu blog tambem. Recomendado!

    abraços!
    Dimitri
    www.sopadecerebro.com

    ResponderExcluir
  15. Olá Francisco,
    Obrigado pelo comentário...
    O seu blog é excelente em todos os sentidos: conteúdo,informação e fácil entendimento...
    Ah.... e também é um ótimo meio de pesquisa hehe...
    Parabéns...
    Grato,
    Renato Brenelly

    ResponderExcluir
  16. olá obg por ter me visitado
    adorei ver seu interesse pela nossa economia ...
    bjos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

humorista Marcelo Adnet mostra que a maioria das pessoas que condenam a corrupção é corrupta

Você abomina corrupção, certo? Mas será que nunca furou fila no banco, estacionou em vaga de deficiente, não devolveu o dinheiro do troco errado que recebeu, ‘molhou’ a mão de agentes de trânsito para não ser multado, falsificou uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada ou fez um retorno na contramão? São esses episódios do dia a dia do brasileiro que o humorista Marcelo Adnet aborda no Musical do  Jeitinho Brasileiro  ( assista ao vídeo completo aqui ), um dos esquetes exibidos na Rede Globo nesta terça-feira (19), na estreia da nova temporada do programa  Tá No Ar, programa capitaneado pelo próprio Adnet. “Eu deixo uma cerveja [propina] que é pra não pagar fiança. É a vida: corrompida e corrompida”, diz o início da música – uma versão de  O Que é, o Que é,  de Gonzaguinha. “A lei diz que, quando entrar um idoso tenho que levantar. Mas finjo que não vejo a velhinha, fecho o olho e dou aquela dormidinha”, diz outro trecho da esquete...

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO NO RENDIMENTO DO SALÁRIO

É indiscutível a importância do estudo para alavancar o rendimento e a produtividade do trabalho das pessoas, mas ainda não tínhamos uma medida exata para o mercado brasileiro da contribuição da educação para o rendimento do trabalho. No início de outubro deste ano, a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) publicou um trabalho em que são apresentadas informações relevantes a respeito da influência do estudo no rendimento do trabalho ou o retorno no investimento em capital humano. Existe uma diferença entre o capital humano geral caracterizado como o aprendizado no ensino fundamental, médio e superior e o capital humano específico que o indivíduo adquire através de sua experiência profissional e cursos específicos. O último é perdido, ao menos em parte, quando o indivíduo passa a exercer outra atividade bem diferente da que exercia, enquanto que o primeiro tipo de capital humano só é perdido com a morte do indivíduo. Em analisando pessoas do mesmo sexo, raça, idade e localid...

UM NATAL PARA TODOS NÓS

Segundo a crença de bilhões de cristãos e não-cristãos, há 2.008 anos nasceu um Menino que viria para libertar a humanidade de toda opressão, angústia, morte e de todo pecado. Jesus nasceu no meio dos mais pobres e humildes e entre os animais para ser o Rei. Este Rei Todo Poderoso, seria acima de tudo, o Rei da bondade, do perdão, do amor, da união, da humildade e da misericórdia. Jesus nasceu para ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele encontramos o caminho para nossa liberdade, a verdade em tudo que ele falou e pregou às mais diversas platéias e a vida, a vida eterna. Na vida eterna não terá sofrimento, maldade de qualquer espécie, onde o respeito impera entre todos, será uma vida de felicidades, amor, alegrias e de todas as coisas boas que não terão fim. Nos dias atuais, onde muitos não respeitam o seu semelhante, não respeitam o direito do outro e se acham no direito sem de fato tê-lo, a presença de Jesus é muito importante. Muitas pessoas talvez digam que a maldade, o pr...