Não se pode permitir que a violência esteja presente nos estádios de futebol. Punição exemplar para time e torcedores que cometerem violência nos estádios
O
esporte que emociona dezenas de milhões de pessoas, que muita gente sofrer,
chorar, ficar tristes ou alegres nas derrotas ou nas vitórias também tem
produzido tragédias. No meio de uma multidão que dá o tom de espetáculo aos
estádios de futebol existem grupos de pessoas irresponsáveis que não medem as
consequências e nem os riscos em suas ações, muitas vezes desprovidas de
racionalidade, para louvar o time pelo qual torce. As comemorações, os
incentivos ao time nas partidas e a mensagem de que gosta muito da agremiação
devem ser feitas de forma civilizada e que não ofereça nenhum tipo de risco
para a própria pessoa ou para qualquer outra pessoa.
Mas
não é isso que acontece, pelo menos para vários torcedores. Um artefato que
agora está na moda, que é usado por muitos grupos para manifestar o amor pelo
time, são os sinalizadores. O grande problema é que eles são verdadeiras armas
e matam. Foi com uma arma desse tipo, que é constituída de um cilindro plástico
de 20 centímetros de comprimento por 2,5 centímetros de diâmetro utilizado
geralmente pelas Forças Armadas, que matou o adolescente boliviano Kevin
Douglas Beltrán Espada, na quarta-feira 20. Aos 14 anos, ele assistia ao jogo
válido pela Copa Libertadores da América no estádio Jesús Bermúdez, em Oruro,
entre o San José e o Corinthians. O jovem foi atingido no olho direito por um disparo
de um sinalizador. A letalidade desse projétil é tão forte que penetrou no
crânio do garoto, provocou perda de massa encefálica e o matou na hora.
O
disparo partiu de integrantes da torcida do time corintiano, de acordo com as
autoridades locais, que foi confirmado por meio de imagens bastante claras e
nítidas. O Tribunal de Disciplina da Confederação Sul-Americana de Futebol
(Conmebol) definiu que o time jogará toda a edição 2013 da Libertadores com os
portões fechados e não poderá contar com seus torcedores nem nas partidas em
que atuará como visitante.
Além
disso, doze torcedores do time brasileiro estão detidos na Bolívia. De acordo
com a polícia, com eles foram encontrados nove objetos semelhantes ao que matou
o adolescente. O modelo dos sinalizadores apreendidos, não é vendido naquele
país, o que leva a crer que os torcedores levaram os objetos do Brasil como uma
arma escondida.
O
código de disciplina da Conmebol, entidade organizadora do torneio, prevê
punição para clubes cujos torcedores manifestem comportamentos inadequados,
como invasão de campo, objetos atirados no gramado, uso de sinalizadores, fogos
de artifício ou qualquer outro objeto pirotécnico. Em razão disso, o
Corinthians já foi punido. Mas espera-se punição severa para todos os
responsáveis, inclusive para o time. Essa conversa de que o time não é
responsável pelo que a torcida faz no estádio é balela. O time só tem valor
pela torcida que possui. O Corinthians só é o Corinthians pelos seus milhões de
torcedores. Aí estão incluídos aqueles civilizados e os bárbaros e criminosos.
O
sinalizador é um artefato cujo projétil atinge longas distâncias, como as
próprias imagens da tragédia mostram. Evidentemente que dentro de um estádio de
futebol, cheio de pessoas, se torna extremamente perigoso. Mesmo considerando
que o torcedor corintiano não tivesse a intenção de atingir qualquer torcedor
do time adversário, não se pode permitir que esse tipo de arma seja manipulada por
qualquer torcedor. Ainda mais se considerando que em muitas circunstâncias, muitos
torcedores veem torcedores do outro time como inimigos.
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