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Professora da USP afirma que vão crescer os gritos de "Fora Globo"

Uma das primeiras intelectuais do país a condenar a formação de um organismo oficial de monitoramento de "fake news" na internet, que poderá ser feito pelo TSE com auxílio da Polícia Federal e de serviços de inteligência das Forças Armadas, a professora Maria Aparecida de Aquino lembra em entrevista a TV 247: "a Constituição proíbe a censura. Nós estaremos sendo inconstitucionais se trouxermos esse monstro de volta".
Historiadora e professora Universidade de São Paulo, com uma tese de mestrado sobre a censura à imprensa durante o regime militar, Maria Aparecida de Aquino lembra que, com o argumento de se evitar a divulgação de "fake news" num ano eleitoral você "puxa um fio que não acaba mais".
Para lembrar o caráter nebuloso do conceito de fake news, a professora recorda as "pedaladas fiscais", empregadas pelos adversários de Dilma Rousseff para justificar o golpe de Estado que a retirou do Planalto sem crime de responsabilidade. Também menciona a absurda carta que, ainda vice, Michel Temer divulgou em dezembro de 2015, queixando-se do lugar "decorativo" a que fora relegado no governo, enquanto participava ativamente da "trama" que urdia a queda da presidente. "Sem dúvida aquilo era fake news", diz.
Dizendo que "a partir do impeachment ilegal, ilegítimo, da presidente Dilma Rousseff, nós passamos a viver um quê de horror", a professora se diz convencida de que o debate sobre possível monitoramento de notícias em 2018 ocorre num contexto preciso. "O Estado Democrático de Direito praticamente não existe mais no país. A cada dia vemos um fechamento maior. É assustador"'.
Fazendo um balanço das reformas impostas depois da chegada de Temer ao Planalto, a professora diz: "Na história republicana nunca perdemos tanto como estamos perdendo agora"
Como pesquisadora, Maria Aparecida de Aquino fez uma apuração particular sobre o Estado de S. Paulo, o jornal que funcionou como o principal braço civil do golpe de 64 -- para enfrentar, na década seguinte, um longo período de censura prévia, com censor instalado nas redações. Isso ocorreu depois que jornal publicou o furo (não era fake news), informando que o general Ernesto Geisel iria suceder Emílio Médici na presidência da República.
No depoimento, ela recorda a tragédia imensa que a censura produziu Conta que notícias graves de caráter político eram proibidas de modo sistemático mas registra que o momento máximo ocorreu em 1974, quando se tentava esconder a existência de uma epidemia de meningite na cidade de São Paulo. Lembrando que a censura é sempre um erro grave, ela assinala: "Uma coisa é você censurar uma notícia sobre uma pessoa. Outra coisa é esconder um surto de meningite."
Mesmo criticando a linha editorial conservadora do jornal, a professora reconhece a postura exibida na denúncia da censura. Mas, examinando o que veio depois, assinala que o Estadão não escapou a seu destino de quem apoiou o golpe: "a vingança veio a cavalo". Para ela, o veículo perdeu a força original. É "como se fosse o fantasma da existência."
Atualizando o debate de 1964 para o golpe de 2016, no qual a Globo cumpriu o papel de articular a mídia para derrubar Dilma, ela acredita que o mesmo processo está em curso. Isso porque a Globo "apostou no cavalo errado. Como é que você pode ser a favor de acabar com as liberdades das pessoas? Acabar com as conquistas sociais. Vai pagar um preço muito alto. A historia do 'povo não é bobo abaixo a Rede Globo vai voltar multiplicado"'. (Com  o 247)

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