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Será que o povo brasileiro votará em Luciano Huck, um animador de auditório sem experiência pública, ultra-liberal, para governar o Brasil?

Desde a farsa de Collor, o caçador de marajás construído e destruído pela Rede Globo, a esquerda sempre espera que a direita esteja de posse de um plano mirabolante e infalível para vencer as eleições.
Mas a verdade é que a direita udenista-liberal-midiática é uma grande perdedora de eleições federais majoritárias no Brasil, desde 46. Perdeu com Getúlio, perdeu com JK, se escondeu no PTN para vencer com Jânio, perdeu o plebiscito para Jango em 1963 e teve que dar o golpe em 1964 porque Jango era favoritíssimo para 1965. Quando a ditadura começou a abrir para eleições livres foi perdendo para o centro todas, até que em 1985 teve que impedir as diretas para evitar a vitória de Tancredo ou Brizola. Venceu com Collor sim, por muito pouco. Com FHC o centro venceu, mas ele vendeu o governo nos primeiros meses. Venceu novamente com FHC em 1998, e depois disso amargou quatro derrotas eleitorais.
O plano mirabolante da direita era o golpe, mas se ele deu muito certo para roubarem e entregarem o país, no que diz respeito a opinião pública ele foi um gigantesco desastre de médio prazo, e tem tudo para piorar a longo prazo. A eleição será difícil sim, porque vai ter o de sempre: vai ter máquina, vai ter calúnia, vai ter fraude, vai ter impugnação na justiça, talvez tenha até assassinato. A única coisa que eles não vão ter é candidato viável.
Porque Huck, definitivamente, não é um deles. Ele é o anti-Brasil. Neoliberal selvagem, explora como entretenimento o corpo feminino e a esperança de ascensão popular, ao mesmo tempo em que financia sites politicamente corretos na rede e tem discurso libertário comportamental. Não é cristão e o mais importante: é o candidato da Globo, objeto hoje do ódio quase universal brasileiro fora da classe média alta.
A esquerda, como acabou de ser derrotada e massacrada pela Globo, não acredita no atual nível de enfraquecimento da emissora. Mas a Globo venceu um golpe de estado, não eleições. Hoje, essa emissora está identificada com o golpe que destruiu a vida dos brasileiros por metade da população, enquanto a outra metade a identifica como fábrica de satanás que entra em sua casa para destruir seus costumes e crenças morais. A Globo não elege seu candidato há 15 anos, não é agora que voltará a eleger.
A avaliação de que a candidatura Huck é natimorta não é feita em cima de uma visão de mundo esquerdista, universitária ou alienada da vida das periferias brasileiras, muito pelo contrário. Sabemos que Huck conta com uma boa imagem entre grande parte da população carente, e é por isso que sua candidatura é considerada. Mas o voto, é muito diferente.
O voto do brasileiro é decidido sim em cima de seu pensamento político, visão de mundo e expectativas para o governante. E esse pensamento está expresso em três pesquisas Datafolha (2013, 2014 e 2017) e dois latinobarômetros (2015 e 2016). Eles indicam que 45% da população brasileira defende posições de esquerda e centro esquerda na economia (e 28% de centro), e que somente 6% da população apoia a pauta libertária comportamental (que eu por exemplo, apoio). Mais, que 82,3% da população brasileira é cristã.
Este último dado explica um aumento expressivo do ódio à Rede Globo também nas redes de direita que gravitam em torno de Bolsonaro por um lado e das Igrejas conservadoras de outro. Estas redes a odeiam porque a associam a sua recente guinada comportamental, dissimuladora de sua posição de extrema-direita em economia.
Além disso, recente pesquisa Datafolha revela que o brasileiro procura um perfil de candidato que nunca tenha se envolvido com corrupção (87%), tenha experiência administrativa (79%) e passado político conhecido (65%). Huck não cumpre os dois últimos itens flagrantemente, e no primeiro, terá que explicar seus processos.
A candidatura Huck, um animador de auditório sem experiência pública, ultra-liberal e, digamos assim, libertário nos costumes, em minha opinião já nasce morta. Isso sem contar com a exploração das relações de Huck com Aécio Neves e Sérgio Cabral, sua vida pessoal e negócios desconhecidos do grande público.
Mas nasce como uma benção para o Brasil, porque seus módicos 5% a 7% (segundo o Ibope, sócio da Globo) com conhecimento quase total e cobertura quase totalmente favorável da mídia, dividirão ainda mais a direita já fragmentada e sem candidato.
Além disso, a imagem de Huck será tão violentamente massacrada e polarizada na campanha, que depois dela ficará sem condições de vender até um sabonete. O país não ganhará um presidente neoliberal e se livrará de um animador de auditório insuportável. (Por Gustavo Castañon, no 247)

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