Pular para o conteúdo principal

O cantor e compositor Caetano Veloso afirma, com toda razão, que o impeachment colocou bandidos no poder

Em entrevista ao jornalista Marcos Augusto Gonçalves, o cantor e compositor Caetano Veloso explica por que vê o impeachment da presidente Dilma Rousseff como uma farsa e aponta também o papel da Operação Lava Jato nessa trama.
"O impeachment seguiu ritos, mas via-se que os princípios constitucionais estavam sendo interpretados com muita folga, que a sensação de insegurança tendia a crescer. Mas o mais chocante é que um punhado de bandidos que estão sob acusações mais fortes (e com provas mais contundentes) do que as enfrentadas por Dilma mantêm-se no poder, seja como presidente da República, seja como ministros seus, seja como legisladores", disse ele.
Segundo ele, a Lava Jato tinha muita cara de neolacerdismo. "A desconfiança de que tudo era para desfazer o PT estava tanto entre esquerdistas que, com razão, pensam que o nosso primeiro problema é a desigualdade campeã, quanto entre figuras como Romero Jucá, Aécio Neves ou o próprio Temer, que querem levar vantagem e mover-se de modo a não atrapalhar a manutenção dessa desigualdade. Ou seja, os esquerdistas temiam que a força-tarefa fosse apenas uma trama para destruir Lula e o PT, e os conservadores corruptos esperavam exatamente isso dela. O comentário de Jucá querendo acelerar o processo de 'estancar a sangria' é prova disso", afirma.
Caetano também critica o juiz Sergio Moro pela divulgação do grampo de uma conversa entre Dilma e o ex-presidente Lula. "Eu estava em São Paulo, no hotel Emiliano, quando o telefonema de Dilma, aquele do 'Bessias', era divulgado pelo 'Jornal Nacional'. Eu tinha saído pra comprar alguma coisa na farmácia e, ao voltar, vi as ruas cheias de gente gritando. Perguntei aos porteiros do hotel o que era aquilo e eles logo me disseram exatamente do que se tratava. Vi essa gente festejando a futura queda de Dilma e me senti tão estranho a essa turba quanto às marchadeiras de 1964. Acho até hoje feio que o juiz Moro tenha divulgado o telefonema irregularmente. O Power Point que tinha Lula no centro, apresentado pelos procuradores de Curitiba, também me pareceu suspeito", afirma.
O músico também explicou seu apoio a Ciro Gomes, do PDT. "Eu, inclusive porque quero compensar o nítido boicote que os grandes jornais fazem a seu nome, estou com Ciro Gomes. A imprensa nunca lembra que ele é dos pré-candidatos mais assumidos e que ele tem explicitado, em palestras cujos vídeos saem na internet, um projeto para o Brasil. Desde que o conheci, garoto, prefeito de Fortaleza, achei que ali nascia um grande quadro político. Depois, foi meu candidato à Presidência." (Com o 247)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colunista do Globo diz que Bolsonaro tentará golpe violento em 7 de setembro. Alguém duvida?

Em sua coluna publicada neste sábado (11) no  jornal O Globo , Ascânio Seleme afirma que, "se as pesquisas continuarem mostrando que o crescimento de Lula se consolida, aumentando a possibilidade de vitória já no primeiro turno eleitoral, Jair Bolsonaro vai antecipar sua tentativa de golpe para o dia 7 de setembro".  I nscreva-se no Canal  Francisco Castro Política e Econom ia "Será uma nova setembrada, como a do ano passado, mas desta vez com mais violência e sem freios. Não tenha dúvida de que o presidente do Brasil vai incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. De maneira mais clara e direta do que em 2021. Mas, desde já é bom que ele saiba que não vai dar certo. Pior. Além de errado, vai significar o fim de sua carreira política e muito provavelmente o seu encarceramento", afirmou Seleme.  O colunista lembrou que, "em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha, disse que n...

Tiraram a Dilma e o Brasil ficou sem direitos e sem soberania

Por Gleissi Hoffimann, no 247 Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação. O golpe continuado, que se iniciou logo após as eleições de 2014, teve como primeiro alvo o voto popular, base de qualquer democracia e fonte de legitimidade do sistema político de representação. Não bastasse, os derrotados imediatamente questionaram um dos sistemas de votação mais modernos e seguros do mundo, alegando, de forma irresponsável, “só para encher o saco”, como afirmou Aécio Neves, a ocorrência de supostas fraudes. Depois, questionaram, sem nenhuma evidência empírica, as contas da presidenta eleita. Não faltaram aqueles que afirmaram que haviam perdido as eleições para uma “organização criminosa”. Essa grande ofensiva contra o voto popular, somada aos efeitos deletérios de ...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...