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Vizinhos de Michel Temer em São Paulo fazem o "Arraial do Fora Temer"

“Nossa manifestação, assertiva, mas bem humorada, em nenhum momento cerceou o direito de ir e vir, proferiu xingamentos ou ameaças. Apenas cantamos e, às 21h, em ponto, nos retiramos”, diz o manifesto dos moradores que protestaram contra o presidente interino Michel Temer neste domingo (29).
O “arraial contra Temer” ocorreu em seu próprio bairro em São Paulo: o Alto de Pinheiros, em uma região nobre da cidade.
E quem se manifestou contra Temer foram seus próprios vizinhos, indignados com a mudança do dia-a-dia no local após o presidente interino assumir o comando em Brasília.
“Acreditamos que o Brasil só terá a paz que almeja quando nos tornarmos um país socialmente mais justo, com democracia plena e governos legítimos. Não é o caso do governo Michel Temer”, continua o manifesto.
Para os moradores, a ação policial contra um protesto ocorrido no dia 22 deste mês em frente à casa de Temer é a prova de que o espaço público não tem sido mais respeitado diante do novo governo.
Naquele dia, manifestantes da Frente Povo Sem Medo se reuniram no Largo da Batata e foram em direção à residência do presidente interino. Foram proibidos de realizar o “escracho” no local, sendo obrigados a montar acampamento em uma praça localizada nas proximidades. Porém, a Polícia Militar — que havia montado uma super operação para proteger a residência de Temer — acabou expulsando a manifestação pacífica, com canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Foto: Alice V/Democratize
“Chegou um dia em que a gente percebeu que precisava se manifestar, por conta de ter um golpista morando em nosso bairro”, disse Cecilia Lotufo ao Democratize, fundadora do Movimento Boa Praça e moradora do Alto de Pinheiros.
Segundo Cecilia, a intenção do grupo de se manifestar contra Temer já existia antes do arraial deste domingo, mas eles não esperavam a reação violenta da Polícia Militar contra o protesto convocado pela Frente Povo Sem Medo no dia 22: “Isso [a violência da PM] a gente assistiu de perto, eu estava aqui ouvindo o que aconteceu, foi horrível. Tinha famílias, pessoas dignas que estavam aqui, buscando um direito legítimo e que não foram escutadas, foram rechaçadas”.
“O que se viu aqui na semana passada, e o que se tem visto, é uma coisa que é simbólica nesse retrocesso. Pode ser uma pequena praça, pode ser um pequeno espaço público, mas cercear certo público em uma praça pública realmente é um retrocesso grande”, lamenta o ex-Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Nabil Bonduki, que esteve presente no arraial deste domingo.
Foto: Alice V/Democratize
Manifestantes e ativistas de direitos humanos reclamam com o governo de São Paulo, do tucano Geraldo Alckmin, de utilizar a máquina pública (no caso, a Polícia Militar) para fins políticos, protegendo de forma exclusiva a residência do presidente interino Michel Temer, mas permitindo manifestações em outros locais — como foi o caso da casa do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo.
A comparação também serve na tentativa de acampamento da Frente Povo Sem Medo no Alto de Pinheiros no dia 22, sendo esmagada rapidamente pela Tropa de Choque, sendo que na Avenida Paulista cerca de 30 manifestantes anti-Dilma ocupavam a frente do prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) por cerca de 60 dias sem nenhuma tentativa de liberação do espaço por parte da polícia.

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