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É possível esperar de Aécio Neves um gesto de grandeza?

Lá se vão exatos 489 dias desde que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado para a presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014.

Desde então, o senador mineiro, neto de Tancredo Neves, não fez outra coisa a não ser fomentar o ódio e a intolerância política no Brasil.

No lugar de aceitar a derrota, como fazem políticos civilizados e com respeito pela democracia, Aécio decidiu agir como um autêntico carbonário. Convocou manifestações de rua, aliou-se a um político que simboliza a corrupção, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tentar afastar do cargo uma presidente reconhecidamente honesta e sabotou medidas do ajuste fiscal que eram defendidas por seu próprio partido.

Neste início de 2016, com o enfraquecimento do movimento golpista, Aécio sinalizou que adotaria uma postura mais responsável. Começou a posar de estadista, lançando uma agenda propositiva, e autorizou o novo líder do PSDB na Câmara (PSDB-MG), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) a fazer um mea culpa tucano pela aposta no 'quanto pior, melhor'. Numa entrevista ao jornalista Bernardo Mello Franco, Imbassahy reconheceu que o PSDB não deveria ter tentado implodir as contas públicas, derrubando medidas como o fator previdenciário.

Aécio agia com base em pesquisas que mostravam repúdio da população à sua conduta. Desde a derrota nas eleições presidenciais, o senador passou a ser visto como um político oportunista, preocupado apenas com os próprios interesses.

No entanto, bastou que a Operação Lava Jato desse novo ânimo ao movimento golpista, com a prisão do marqueteiro João Santana, para que Aécio voltasse a vestir o velho figurino do político inconformado com a sua própria derrota.

Neste sábado, em Goiânia, ele voltou a propor uma ruptura. "Eu acho que está chegando a hora da presidente da República, da presidente Dilma Rousseff, refletir e, quem sabe, em um gesto de grandeza, deixar a Presidência da República para que o Brasil possa construir um novo caminho", disse ele.

Dilma pede união

Do Chile, onde se encontra com a presidente Michelle Bachelet, a presidente Dilma Rousseff pareceu não se incomodar com a provocação e mostrou estar ciente do rumo que precisa tomar. "O que é necessário para o Brasil recuperar o grau de investimento? Temos que estabilizar a situação fiscal. É fundamental que as pessoas percebam que não existe o fim em si de equilibrar o orçamento do Estado brasileiro. Você faz isso porque é essencial para que se crie um ambiente favorável ao investimento, que esteja com inflação controlada e que permita que haja um horizonte de expectativas positivas", afirmou.

Dilma também falou sobre o atual ambiente de intolerância. "Além disso, o Brasil precisa se unir. O Brasil não pode sistematicamente se mostrar desunido, todas as pessoas pessimistas. Todas as pessoas eu não digo, porque eu acho que o povo brasileiro é um otimista, mas grupos muito pessimistas que só olham a parte mais vazia do copo e isso nós não podemos permitir."

Até agora, a guerra política fomentada por Aécio e seus aliados já causou grandes prejuízos ao País. Tendo que atuar em diversos campos de batalha para sobreviver politicamente, o governo da presidente Dilma Rousseff não conseguiu recuperar a iniciativa nem fazer avançar reformas no Congresso capazes de equacionar a questão fiscal.

De 2014 para cá, o Brasil já foi rebaixado por três agências de risco e milhares de pessoas perderam seus empregos, mas o 'quanto pior, melhor' não rendeu frutos para o PSDB. Ao contrário, os tucanos perderam apoio popular, assim como o PT. A única coisa que se conseguiu até agora, além de aprofundar a recessão, foi fazer com que germinassem as sementes do fascismo no País.

Enquanto o Brasil sangra, fica no ar a questão: é possível esperar de Aécio algum gesto de grandeza?

Do 247

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