Pular para o conteúdo principal

Em 2015, todos os médicos que entraram no programa Mais Médicos são brasileiros

Depois de muita polêmica envolvendo a contratação de profissionais cubanos para o Mais Médicos, em 2015 o programa conseguiu atrair um número maior de clínicos com registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRM) brasileiros. Enquanto 79%  dos médicos que entraram no programa de julho de 2013 a dezembro de 2014 são cooperados cubanos, todos os que entraram em 2015 são brasileiros.
No começo deste ano, além da opção existente desde o início do programa, na qual o clínico atende por três anos na atenção básica do local para onde for designado, o Ministério da Saúde adicionou uma segunda alternativa para profissionais registrados no Brasil, em que ele passa apenas um ano clinicando e recebe ao final um bônus de 10% nas notas de concursos para ingresso em residências médicas.
Foi este bônus o que atraiu Bruna da Silva a entrar no programa. Formada há cinco anos, a médica quer fazer residência em anestesiologia e acredita que 10% a mais na nota ajudarão a atingir este objetivo.
Bruna foi designada para trabalhar na cidade pernambucana de João Alfredo, que tem 32 mil habitantes e fica a cerca de 100 quilômetros da cidade onde ela morava, a capital Recife. “A estrutura não é a melhor, o consultório é pequeno, abafado, não tem janela, nem ar-condicionado, mas mesmo assim a gente consegue resolver a vida de muitos pacientes e evitar que eles procurem o hospital”.
Como na maioria dos postos de atenção básica, hipertensão e diabetes são as maiores demandas do posto onde Bruna trabalha. “A equipe é muito boa e agora os pacientes estão deixando de ir ao hospital por problemas que podem ser resolvidos nos postos, como controle de diabetes, de hipertensão, entre outros”. 
Divergências
Desde o início do programa, em 2013, os editais sempre abrem chamadas primeiramente para médicos com registro no Brasil, em seguida para os brasileiros formados no exterior. As vagas restantes, que até 2014 acabavam sendo a maioria, são ocupadas por profissionais da cooperação entre Brasil e Cuba, intermediada pela Organização Mundial da Saúde.
A grande divergência entre entidades médicas e governo com relação à iniciativa é que, enquanto a legislação brasileira exige registro nos CRMs para que os médicos possam atuar no país, a Lei 12.871, que institui o Mais Médicos, dispensa este documento de pessoas formadas fora do país para atuação exclusiva no programa. Desta forma, a maioria dos profissionais do Mais Médicos clinicam sem registro. Além disso, os médicos cubanos recebem pagamento pelo governo cubano, que fica com uma parte do dinheiro, algo que também tem a reprovação das entidades.
Aumento nas consultas
Com a mudança feita em janeiro de 2015, foram abertas 4.146 vagas, das quais 92% foram preenchidos por profissionais com registro no Brasil e 8% por médicos brasileiros formados fora do país e sem registro. A cada três meses o governo abre editais para repor vagas, caso haja desistências.
Criado em 2013, o Mais Médicos paga uma bolsa-formação a médicos para que eles atendam na atenção básica de regiões carentes. Médicos que se inscrevem individualmente ganham pouco mais de R$10 mil, já os cubanos recebem menos, pois parte do dinheiro fica com o governo cubano. Hoje 18.240 profissionais clinicam pelo programa. A porcentagem de cubanos ainda é a maior, são 69% dos bolsistas.
De acordo com dados da Rede Observatório do Programa Mais Médicos, nos municípios onde os médicos da iniciativa trabalham, o número de consultas aumentou 33%, enquanto nos demais municípios o crescimento foi 15%. Nos municípios do programa, entre 2013 e 2014, o número de internações caiu 4% a mais que nas demais cidades.
A rede é formada por 14 instituições, incluindo 11 universidades federais, e fez a análise sobre os dados do período de janeiro de 2013 a janeiro de 2015 com pesquisadores observadores nas cinco regiões do País.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colunista do Globo diz que Bolsonaro tentará golpe violento em 7 de setembro. Alguém duvida?

Em sua coluna publicada neste sábado (11) no  jornal O Globo , Ascânio Seleme afirma que, "se as pesquisas continuarem mostrando que o crescimento de Lula se consolida, aumentando a possibilidade de vitória já no primeiro turno eleitoral, Jair Bolsonaro vai antecipar sua tentativa de golpe para o dia 7 de setembro".  I nscreva-se no Canal  Francisco Castro Política e Econom ia "Será uma nova setembrada, como a do ano passado, mas desta vez com mais violência e sem freios. Não tenha dúvida de que o presidente do Brasil vai incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. De maneira mais clara e direta do que em 2021. Mas, desde já é bom que ele saiba que não vai dar certo. Pior. Além de errado, vai significar o fim de sua carreira política e muito provavelmente o seu encarceramento", afirmou Seleme.  O colunista lembrou que, "em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha, disse que n...

Tiraram a Dilma e o Brasil ficou sem direitos e sem soberania

Por Gleissi Hoffimann, no 247 Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação. O golpe continuado, que se iniciou logo após as eleições de 2014, teve como primeiro alvo o voto popular, base de qualquer democracia e fonte de legitimidade do sistema político de representação. Não bastasse, os derrotados imediatamente questionaram um dos sistemas de votação mais modernos e seguros do mundo, alegando, de forma irresponsável, “só para encher o saco”, como afirmou Aécio Neves, a ocorrência de supostas fraudes. Depois, questionaram, sem nenhuma evidência empírica, as contas da presidenta eleita. Não faltaram aqueles que afirmaram que haviam perdido as eleições para uma “organização criminosa”. Essa grande ofensiva contra o voto popular, somada aos efeitos deletérios de ...

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...