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O desabafo e a defesa de João Vaccari Neto feito por seu genro

Pessoas, histórias e lutas que não ficarão pelo caminho
Por João Mateus Jr.*
Conheço João Vaccari Neto há pouco mais de um ano. É pouco tempo para conhecer por completo uma pessoa, mas foi o suficiente para aprender muito sobre essa figura pública. Quando o conheci pessoalmente ele já estava secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores (PT). O mesmo partido ao qual me filiei aos 14 anos de idade e no qual já não militava mais.
Muito embora já fosse figura de expressão nacional, com farta bagagem política e com mais tempo de PT do que eu possuo de idade, nunca se furtou ao debate de ideias, de diagnósticos e prognósticos políticos que realizávamos quase que invariavelmente ao nos encontrarmos (para desespero daqueles que por ventura acompanhavam os embates de ideias). Diz muito sobre o caráter de um homem o fato dele não se esconder atrás de seu cargo, nome ou história, e de tratar como igual alguém que poderia ser seu filho.
Sem medo algum de errar, atesto que conheci um grande homem, um esposo atencioso e um pai cuidadoso e presente.
Escrevo esse texto 24 horas após o nascimento do primeiro neto de Vaccari, fruto de sua filha única. Ele, lamentavelmente, não esteve presente nesse momento único vivenciado por sua família. O motivo que o fez estar ausente nesse momento sublime é conhecido: Vaccari está preso preventivamente pela conhecida operação “Lava Jato”.
A prisão de Vaccari Neto, solicitada pelo Ministério Público Federal e decretada pela Justiça Federal do Paraná, baseia-se em um tripé tão frágil que faria corar qualquer indivíduo minimamente isento. Meras ilações, suposições e conclusões precipitadas que não encontram qualquer alicerce em provas que as sustentem. Tudo baseado em delações premiadas de criminosos confessos, alguns deles flagrados com centenas de milhões de dólares no exterior e que com seus acordos de delação escaparam de duras penas de prisão.
A operação “Lava Jato” começou com a promessa de passar a limpo um dos graves problemas da nação: a relação promíscua entre o capital e o poder. Infelizmente, atinge um ponto melancólico no qual um réu confesso (e inclusive já condenado), flagrado com milhões de dólares em contas secretas no exterior, cumpre pena em casa e um homem acusado sem provas, privado dos seus direitos constitucionais, tem na pena de prisão preventiva a antecipação de pena que só os malabarismos midiáticos da Justiça Federal do Paraná permitem.
João Vaccari Neto não está preso por ser João Vaccari Neto. Ele está preso única e exclusivamente por ter sido o Secretário de Finanças do PT, numa medida desesperada do andar de cima da sociedade em criminalizar todo um partido e assim retirá-lo do poder. As elites conservadoras assistiram nas últimas quatro eleições os seus representantes serem derrotados pelas forças populares. Só os ingênuos acreditariam que essas derrotas seriam aceitas como parte do jogo democrático.
O PT foi construído com o sacrifício de muitos, forjado no seio da luta pela redemocratização. Em sua fundação tiveram papel fundamental operários, sindicalistas, intelectuais, estudantes, trabalhadores rurais. Esse agrupamento de atores políticos permitiu o nascimento de um partido com estrutura, participação popular e ideias único no País.
A eleição do presidente Lula permitiu colocar em prática muito daquilo que o partido defendeu historicamente. As engrenagens sociais da nação foram colocadas em funcionamento a todo vapor, e o País, que se acostumou a alijar do fruto do trabalho seus próprios filhos, passou a mudar.
Os governos federais do PT serão lembrados como aqueles no qual o trabalhador apresentou aumento real e continuado de renda, os estudantes de baixa renda foram às universidades antes frequentadas apenas pelos mais ricos, milhões de famílias conseguiram sua casa própria e outras tantas milhões deixaram a linha da miséria, o que resultou na saída do nome “Brasil” do famigerado “mapa da fome” da ONU.
Pela primeira vez em nossa história, o Estado tinha voltado sua atenção para os mais necessitados. E esse “crime” nunca foi aceito pela casa grande, pelos senhores do capital e seus bajuladores de plantão, todos devidamente acobertados e estimulados pela mídia tupiniquim caolha e entreguista. Ao ver-se rodeada nos aeroportos por pessoas que elas consideram inferiores, ao ver o filho da empregada doméstica cursando medicina na mesma universidade que seu filho, as forças do atraso iniciaram essa campanha de ódio contra o PT, que cega e permite que a lei e a constituição sejam afrontadas diuturnamente com o objetivo único de acanhar o governo e destruir com meios escusos o PT. O julgamento que vale para um partido é o das urnas, e nesse o PT passou com louvor.
Quando decretou a prisão de Vaccari baseado em um processo mambembe, a Justiça desafiou a todos aqueles que detém um mínimo de bom senso e coerência a levantar-se, independente de orientação política, em uníssono contra tal arbitrariedade. Afinal, a violação dos direitos básicos de um indivíduo é uma violação contra todos os indivíduos.
Ao ver, nesse blog, a defesa de Vaccari ser realizada com unhas e dentes por seus amigos de longa data, tenho ainda maior a certeza de que ele é inocente. Caso não soubesse mais nada sobre ele, só o fato de saber que seus amigos lhe são fiéis já seria o suficiente para depositar voto de confiança nele.
Não queremos e não aceitamos nenhum tipo de privilégio ou tratamento privilegiado, mas também não queremos e não aceitamos ser tratados de forma pejorativa. Não há nos autos uma só prova contra Vaccari, nenhum motivo que justifique sua prisão preventiva.
Ninguém está acima da Justiça. Caso o Estado ache pertinente, que julgue Vaccari, mas que o faça com ele em liberdade. Ao término do processo, não nos restará dúvidas de que ele será inocentado e que a verdade virá à tona. Caso essa prisão preventiva seja mantida indeterminadamente, o dano a ele talvez seja irreparável.
Aguardamos ansiosos a libertação de Vaccari e a JUSTIÇA.
A defesa dele é a defesa do PT, dos avanços sociais e dos legados do presidente Lula.
*João Mateus Jr. é médico, pai do recém-chegado João e genro de João Vaccari.

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