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Os ajustes que o governo terá que fazer para equilibar as suas contas e a credibilidade

Ao longo da campanha eleitoral, os candidatos da oposição foram acusados pelo governo e por jornalistas sobre medidas econômicas ortodoxas e adoção de medidas impopulares – como aumento da taxa de juros e do superávit primário – para controlar a inflação.

Por dezenas de vezes, o senador Aécio Neves teve que responder a pergunta incomoda de jornalistas sobre o que significava “medidas necessárias” ou medidas impopulares” que ele supostamente falou em um jantar antes do inicio da campanha para empresários.

A oposição se defendia explicando que o combate à inflação teria efeitos temporários e o resultado depois disso seria a recuperação do emprego e de renda dos trabalhadores. Mas ministros do governo Dilma foram muito mais eficazes para propagar o medo do “ajuste recessivo”. Uma grande mentira.
O governo, por sua vez, usou e abusou da retórica defendendo um programa de combate a inflação que preservasse o emprego e a renda dos trabalhadores. Se este era o plano começou muito mal.

O governo, já na primeira semana após as eleição, aumentou a taxa de juros, fala de um rigoroso ajuste fiscal para 2015 que só será possível com um forte corte do investimento público e um violento aumento carga tributária, o que afetará o crescimento de 2015 com risco de provocar uma recessão se o ajuste for forte.

Como já havia destacado dezenas de vezes neste blog, o custo do ajuste com a oposição seria menor pela confiança que o mercado depositava em uma equipe econômica liderada por Armínio Fraga e com um presidente da República que não seria ministra da fazenda. Assim, o ajuste seria muito mais gradual. Mas este não é mais o caso.

O governo, para reconquistar a confiança do mercado, precisará mostrar antes de tudo medidas concretas e o tamanho do ajuste fiscal necessário para o próximo governo é o maior desde o Plano Real. O desafio ao longo dos próximos quatro anos é aumentar o esforço fiscal entre 3 a 4 pontos do PIB; uma conta que pode ser dividida entre corte de despesas e/ou aumento da carga tributária. O aumento de carga tributária em um país que já tem uma das maiores do mundo dado o nosso nível de desenvolvimento, vai desagradar aos eleitores que esperavam um  ajuste “heterodoxo”.

E se nos próximos quatro anos o governo não conseguir fazer esse ajuste ou fizer apenas metade do dever de casa? Neste caso, teremos um governo que crescerá em média 2% ao ano ou menos, inflação alta e dívida publica liquida e bruta crescendo e perderemos o grau de investimento. Tudo isso pode se agravar a depender das condições externas e da taxa de juros americana.

O governo novo de ideias novas começou sem ministro da fazenda, com os mesmos erros de comunicação e com o desafio de fazer um ajuste forte no início para recuperar a confiança do mercado. Não será nada fácil para um governo que prometia “um jeito diferente de combater a inflação” e, no final, fará muitas maldades contra o que prometeu ao longo da campanha eleitoral, quando insistia que a inflação estava controlada e que não havia necessidade de ajustes . Por enquanto, a única notícia positiva é que tudo isso já começou na semana do dia das bruxas; o Halloween é dia 31 de agosto.

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