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Sera que o ex-ministro Alexandre Padilha irá empolgar o eleitorado paulista com o apoio de Maluf?

Ao ser escolhido pelo ex-presidente Lula, no ano passado, como o nome do PT para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro Alexandre Padilha sabia que a corrida eleitoral não seria fácil – mas ele poderia mesmo imaginar o tamanho das dificuldades em série que vem enfrentando?
Agora, até mesmo o eixo central de sua pré-campanha – a caravana Horizonte Paulista, com a qual ele percorre municípios do interior – está ameaçado de ser quebrado. Pesa sobre a iniciativa a ameaça de multa de R$ 750 mil, pedida pelo procurador eleitoral, como punição por campanha antecipada.

No campo estritamente político, Padilha recebe hoje o apoio mais ruidoso à sua candidatura. Mas também esse momento irá despertar polêmica e, sem dúvida, críticas dos adversários. Afinal, ele receberá a adesão do PP do ex-governador Paulo Maluf, em ato marcada para a manhã desta sexta-feira na Assembleia Legislativa. Uma cena pronta, especialmente no momento do tradicional aperto de mão com Maluf, para ser explorada pelos outros concorrentes. O mote da crítica está no antagonismo histórico entre o PT e o malufismo. No entanto, em troca do um minuto que o partido do ex-governador tem no horário político, pela segunda vez haverá a aliança.

A chance de levar uma multa e o apoio polêmico se inserem num contexto que inclui as acusações em torno da ação de Padilha, como ministro da Saúde, em torno do laboratório Labogen, cujo tentativa de credenciamento teria sido intermediada pelo deputado André Vargas, desfiliado do PT. O Labogen faz parte do rol de negócios do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal no bojo da Operação Lava-Jato. Padilha informou que nunca houve o credenciamento do Labogen no Ministério da Saúde, e que ele jamais fez qualquer gesto, por qualquer empresa, fora dos parâmetros legais.

O desgaste político para Padilha, porém, aconteceu. Para responder a notícias de primeira páginas em todos os grandes jornais, no mês passado, o ex-ministro teve, por exemplo, de suspender suas atividades de pré-campanha para conceder uma entrevista coletiva explicativa. Um gesto de defesa, quando, esperava-se, ele estivesse em campo para adotar uma postura de ataque em relação, especialmente, à administração tucana em São Paulo.

Neste ponto, de crítica ao governador Geraldo Alckmin, Padilha e os demais pré-candidatos – Paulo Skaf, do PMDB, e Gilberto Kassab, do PSD – apostaram num tema que mudou de situação: a água. Em razão da seca no Sistema Cantareira, Padilha, como se imaginava, bateu duro em Alckmin em razão da aparente iminência de um racionamento de água na Grande São Paulo. Mas um pacote de obras de emergência coordenado pela Sabesp vem dando resultado, com a elevação da Cantareira em razão de bombeamento de água do seu volume morto. Além disso, Alckmin está perto de comemorar o resultado de uma interligação de reservatórios, no Vale do Paraíba, que ele considera "estruturante" e solução definitiva para o problema da falta de água da maior metrópole do país. Em suma, o mote se perdeu.

De quebra, mas não menos importante, Padilha viu o PT paulistano mergulhar num momento de tensão e suspense em razão de acusações de ligação do deputado estadual Luiz Moura com o PCC, o partido do crime. O pré-candidato esteve no aniversário de Moura, quando fez discurso, e, é claro, viu esse gesto também ser explorado pelos adversários.

Anteontem, a presidente Dilma Rousseff admitiu que terá mesmo dois palanques em São Paulo. Em jantar com a cúpula do PMDB, Dilma disse que "a fórmula do segundo turno" passa por trabalhar tanto com Skaf como com Padilha. Atrás nas pesquisas, o ex-ministro esperava contar com esse privilégio só para si.

Enredado em uma situação bastante complexa, Padilha assiste o homem a ser vencido – o governador Alckmin, candidato à reeleição – armar uma frente partidária de 15 agremiações. No definidor, do ponto de vista eleitoral, interior do Estado, Alckmin está seguro de manter larga vantagem sobre o petista. Logo no interior onde, com a caravana Horizonte Paulista, agora ameaçada de multa e suspensão, Padilha igualmente espera empolgar seu eleitorado. Ele vai conseguir?

Do 247

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