Ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli pode ter
sigilo quebrado. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Integrantes de partidos da base aliada da Câmara defendem que a
CPI mista da Petrobras foque suas investigações nos personagens centrais da
estatal e chegam até a apoiar a proposta, feita esta semana pela oposição, de
quebrar o sigilo bancário do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli. Na
próxima segunda-feira (2), o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS),
vai apresentar um plano de trabalho que deve ser questionado pela base e pela
oposição.
A maior preocupação do Palácio do Planalto é com os deputados aliados. A
avaliação é a de que, ao contrário da CPI formada apenas pelos senadores, na CPI
mista, que inclui a Câmara, o controle é menor, dada a insatisfação dos
deputados. Eles defendem que as investigações sejam concentradas, destacando o
fato de que a comissão, com 180 dias de prazo para funcionar, vai atuar durante
o período da Copa do Mundo, das convenções partidárias e da campanha
eleitoral.
Para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a CPI mista deveria, no
início, requisitar documentos de investigações e da Justiça e pedir a quebra de
sigilos bancário, fiscal e telefônico dos suspeitos de envolvimento em
irregularidades. “Não adianta chamar para depor agora”, avaliou o peemedebista,
que meses atrás liderou uma rebelião da base contra o Planalto.
Com o aval da bancada do partido, Cunha afirmou que vai propor, na reunião
que decidirá o roteiro de trabalho da CPMI, que a apuração sobre compra da
refinaria de Pasadena poderia começar pela requisição de todos os documentos que
estão nos órgãos de fiscalização e os processos de arbitragem e judiciais que
correram foram do País.
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ex-integrante da CPI dos Correios,
que apurou o escândalo do mensalão, em 2005, disse ser favorável a analisar
documentos ao mesmo tempo em que são convocadas autoridades e envolvidos para
depor. “Tem coisa errada (na Petrobras), o que falta é materializar”,
afirmou.
Na avaliação do petebista, o melhor período da estatal para se achar “alguma
coisa” é durante a presidência de Gabrielli, de 2005 a 2012. “Apoio a quebra de
sigilo dele”, disse, referindo-se à sugestão feita na primeira reunião da CPI
pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG).
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ligado ao também presidenciável Eduardo
Campos, defendeu que a comissão foque em aprovar no máximo 15 requerimentos e
não abra muito o leque de investigações no programa de trabalho do relator. “A
gente não pode ficar tergiversando”, avaliou.
O socialista citou como o “foco” da CPI mista a investigação de Pasadena e
das suspeitas que envolvem os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró
(responsável pelo parecer que avalizou a compra da refinaria) e Paulo Roberto
Costa (preso até recentemente pela Polícia Federal no curso da Operação Lava
Jato). (Ricardo Brito/Agência Estado)
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