Pular para o conteúdo principal

O assistencialismo não deveria ser a meta do governo, deveria deveria ir muito além disso

Nos últimos meses o povo brasileiro manifestou a sua indignação em protestos que tomaram conta de todo o país contra a política e os políticos. É visível a fadiga das representações sindicais, associativas e o enfraquecimento dos partidos. Neste cenário, a sociedade passou a protestar sem uma pauta definida de reivindicações. Este fato demonstra uma crise de representatividade e legitimidade. O cidadão deixou de sentir-se representado.

Não são poucas as zonas de desconforto que separam os brasileiros da atual configuração de nossa "democracia representativa". Existe uma alta carga tributária e uma contraprestação estatal insuficiente. Os casos de corrupção, para completar, são divulgados todas as semanas pela imprensa.

O governo brasileiro utiliza-se do PIB isoladamente para nortear as políticas públicas, o que acaba sendo um grande equívoco. Isso porque o PIB é um índice de mensuração importante em relação ao desenvolvimento econômico, mas é cego para visualizar as necessidades que determinam o desenvolvimento humano. O PIB leva em consideração a produção nacional e a renda per capita, mas ignora fatores importantes como a qualidade da educação, saúde, distribuição de renda, segurança, transportes públicos, meio-ambiente equilibrado, previdência, acesso à justiça e cultura. Quando a presidenta da República comemorou o aumento do PIB, no seu primeiro ano de mandato, o fez como se isto tivesse beneficiado a toda população brasileira. Não foi o que ocorreu. Boa parte dos motivos dos protestos, por outro lado, refletem-se bem no fato do Brasil ocupar a vexatória posição de 85ª nação no ranking mundial de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Por problemas como este, que impedem o bom direcionamento das políticas públicas, foi que o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, um "conservador", nomeou, no ano de 2008, dois Prêmios Nobel de Economia, Amartya Sen e Joseph Stiglitz, além do honorável economista francês, Jean-Paul Fitoussi, para a montagem de uma Comissão (La Commission pour La Mesure des Performances Économiques et du Progrèss Social). A Comissão propôs 12 recomendações, que vão além do PIB, no sentido de valorizar o desenvolvimento humano e a sustentabilidade.

Não seria a hora do Estado brasileiro mudar os seus rumos e paradigmas de desenvolvimento com a adoção de políticas públicas consistentes e não meramente assistencialistas?

Por Gabriel Wedy, juiz federal, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Associação dos Juízes Federais do Rio Grande do Sul (Ajufergs)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pesquisa Vox Populi mostra o Haddad na liderança com 22% das intenções de votos

Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta (13) indica: Fernando Haddad já assume a liderança da corrida presidencial, com 22% de intenção de votos. Bolsonaro tem 18%, Ciro registra 10%, Marina Silva tem 5%, Alckmin tem 4%. Brancos e nulos somam 21%. O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%. O nome de Haddad foi apresentado aos eleitores com a informação de que é apoiado por Lula. Veja no quadro: Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), me...

Ao contrário de parte da mídia brasileira, a mídia internacional destaca a perseguição ao ex-presidente Lula

Ao contrário dos jornais brasileiros, que abordaram em suas manchetes nesta quinta-feira 11 que o ex-presidente Lula atribuiu à sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, a escolha de um triplex no Guarujá - que a acusação não conseguiu provar ser dele - veículos da imprensa internacional destacaram seu duro discurso ao juiz Sergio Moro, de que é alvo de uma "caçada judicial" e de uma perseguição na mídia. Os correspondentes estrangeiros focaram ainda nas declarações de Lula de que "não há pergunta difícil para quem fala a verdade", pedindo aos procuradores provas de que o apartamento é dele e chamando o julgamento de "farsa", como fizeram Associated Press, BBC, Reuters, Le Monde e Al Jazeera. Confira abaixo um balanço publicado por Olímpio Cruz, no  site do PT no Senado . O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço,  também fez um balanço  mais cedo sobre a cobertura estrangeira. Imprensa estrangeira destaca Lula como vítima de perseguição Noventa...

Saiba quem é Ivar Schmidt, caminhoneiro que ficou rico durante o governo Lula, vota no PSDB e bloqueou estrada contra a Dilma

As entidades de classe dos motoristas fecharam um acordo com o governo e anunciaram que a greve, que permanece, seria na verdade um  lock-out (movimento dos empresários ).  O movimento seria patrocinado pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, que tem como presidente o empresário Nélio Botelho. Além de Nélio, a figura que emergiu como articulador das paralisações Brasil afora, via WhatsApp e à parte das organizações de classe, foi o empresário de Mossoró, Ivar Schmidt. Schmidt é presidente de uma pequena associação de empresários do setor de transportes. Ivar era caminhoneiro nos anos 90. No governo Lula, abriu uma pequena transportadora e com o crédito ao trabalhador se tornou um forte empresário do setor de transporte da região. Eleitor e defensor assíduo de Aécio Neves (PSDB) nas últimas eleições, Ivar junto com Tássio Mardony, vereador do PSDB,  e alguns empresarios e médicos lideraram a campanha do tucano em Mossoró. “É curioso destacar q...